Megalo Box 2: Nomad – ep 4 – Um novo começo
E assim termina o primeiro ato. Esse episódio de Megalo Box marca o fim do primeiro arco da temporada, assim como de um capítulo da vida de Joe e dos demais personagens, em especial Mio e o Chefe, e felizmente consegue fazer isso de uma forma bem satisfatória.
Começando por Mio, foi interessante como a obra remarcou a semelhança dele com Sachio, não do jeito mais óbvio, mas como o rancoroso do grupo – pois ambos não pensaram duas vezes em jogar suas vidas fora e culparem aqueles que estavam se esforçando –, assim começando o episódio com força.
Outro aspecto interessante sobre o arco de Mio foi como além de tudo ele serviu como um reflexo de Joe e do Chefe, e que esses dois notaram isso e, apesar de tentarem impedir a saída do rapaz, não se viram com a moral de repreender suas ações.
As ações de Mio causaram um impacto no Chefe maior do que em qualquer outro personagem e, apesar disso mostrar o quão pouca personalidade a mãe do rapaz possuía, foi um fator importante para a qualidade do episódio, pois tirou a atitude reservada do Chefe e isso nos brindou com a visão de um lado mais fraco e cheio de dúvidas desse personagem, o que foi abordado ainda mais com a final do torneio.
E apesar de que esse foi um ótimo episódio, a partida final não foi grande coisa ao meu ver. O oponente final, Mamiya, apesar de contribuir para tornar o Chefe um personagem mais multifacetado, não demonstrou nenhuma personalidade ou conexão que o tornassee mais do que uma simples barreira. O mesmo se aplica aquele velho magnata que chegou até mesmo a ser reduzido a uma figura cômica de tão pouco trabalhado que foi.
Indo agora para o ponto alto dessa aventura, meu deus como essa conclusão foi satisfatória. Não apenas mostrou o Chefe em seu lado mais frágil, mas usou isso para reforçar o que o personagem representa: O amor a pátria e a redenção. E assim dando mais uma ligação que fortaleceu o todo e concluiu bem o arco do Mio, mostrando como a luta pela dignidade de um povo é importante.
Infelizmente, o Chefe não conseguiu aproveitar a vitória por muito tempo. A fadiga e os ferimentos que ele acumulou, principalmente com os socos na nuca, culminaram na morte do nosso herói.
Há muito o que se falar sobre essa morte, não só pelo já discutido arco do Mio, mas pela influência do Chefe no Joe, que foi a força motriz para a desintoxicação do protagonista e para o confronto de seus outros demônios. A partida do Chefe motiva Joe a honrar o legado do amigo, assim dando início a mais um capítulo de sua jornada.
Legado é a palavra mais importante desse episódio, não só pelo seu enredo, mas também pelo aspecto meta que Megalo Box possui. Como já estamos carecas de saber, Megalo é uma reinvenção de Ashita no Joe, e como tal, vários elementos e personagens de Megalo são homenagens ao clássico dos mangás de boxe, adaptados para se adequarem ao público de hoje.
E dentre os temas mais presentes em Ashita está a tragédia, lembrada principalmente pelo final da obra, mas também pelo fim que muitos dos oponentes de Joe Yabuki tiveram, o que paulatinamente contribuiu para que o Joe original caísse na sua espiral de autodestruição.
Por outro lado, Megalo escolhe uma rota mais otimista que seu predecessor. O final da primeira temporada confundiu os fãs de Ashita justamente pela recriação do arco de Rikiishi, que acabou por contornar o fim tão conhecido do rival de Joe.
E agora, a obra toma um caminho parecido com o desfecho do Chefe, pois claro que sua morte é um evento triste, mas seu legado é um de perseverança, esperança e honra que guiou Joe para o bom caminho e apenas trouxe morte para o Nômade.
E eu simplesmente adorei essa escolha, porque mostrou mais uma vez que Megalo Box entende que está trabalhando com uma história que, apesar de ter a tragédia em seu centro, é mais lembrada como um símbolo de esperança e da força das classes oprimidas.
E que melhor símbolo da força dos pobres do que se levantar após uma perda? Principalmente quando honrar os mortos é algo tão importante.