[sc:review nota=3]

O relacionamento entre o Tsukasa e a Isla virou atração do escritório inteiro. Na verdade, “virou” é um pouco impreciso: sempre foi assim. Da mesma forma como nós, espectadores, sempre assistimos cada passo do casal protagonista de Plastic Memories, cada funcionário do Serviço de Término também esteve observando a, vá lá, evolução desses dois o tempo todo. Seja diretamente porque Tsukasa e Isla não são muito discretos e agem no escritório basicamente do mesmo jeito que agem em privado (com exceção da fase silenciosa da Isla, bem no começo), seja porque alguém sempre fica sabendo e fofocar sobre os dois provavelmente conta pontos na hora da promoção, não há praticamente nada que não tenha se tornado conhecimento público no dia imediadamente após. É como se Tsukasa e Isla vivessem em um reality show. E como a maioria dos reality shows, esse também é uma droga.

A diferença entre um Big Brother qualquer e o casal de Plastic Memories é o nível de interação do público. Salvo raros eventos especiais, em um reality show de confinamento clássico o público só interage com o espetáculo votando em uma lista limitada de opções uma vez por semana, as vezes mais. Nesse aspecto, aqui é mais parecido com realities de talento, onde um ou mais especialistas ajudam um iniciante nas artes de alguma coisa – música e culinária tem sido os mais comuns hoje em dia. No caso, o público aqui substitui os especialistas e treina diretamente o casal nas artes do relacionamento romântico. E que treinamento horrível. Alguns ali não têm mais conhecimento do que Tsukasa ou Isla, eu meio que espero que a Michiru só dê conselhos ruins, mas de outros mais velhos, ainda que eles próprios não sejam lá muito bem sucedidos no amor, eu esperava pelo menos prudência. Eu sou péssimo nessas artes, mas com o pouco de experiência que fui capaz de acumular simplesmente porque sou velho eu sei pelo menos um punhado de coisas que não se devem fazer. Mas a Kazuki não aprendeu nada.

A chefe tirou a Isla do Tsukasa apelando a uma regra inventada na hora, em uma atitude absurdamente autoritária, porque pretendia ajudar o casal. Como? Nem ela sabe! Ela pretendia pedir ajuda ao Constance, o seu próprio giftia. Note que ele tem bem menos de nove anos de vida, necessariamente, e não parece do tipo que tenha tido muitas oportunidades de relacionar-se romanticamente com ninguém, pessoa ou robô. Na falta de Constance, ela bebe. E rabisca a cara da Isla porque, qual é, isso não é engraçado pra caramba? A Isla não conseguiu evitar que uma bêbada desenhasse em seu rosto! E ela já sabia que a Kazuki era assim de quando trabalharam juntas e nada fez para evitar. Tampouco se preocupou em limpar o rosto depois que a chefe de merda dela dormiu. Talvez tenha sido para deixá-la se sentindo culpada ao ver pela manhã?

Seja como for, no final a Isla confessou seus sentimentos para o Tsukasa. Em público, no meio do escritório, à vista de todo mundo. Porque assistir o programa predileto é muito mais importante do que trabalhar. Era um episódio especial! Não é como se eles fossem a filial mais deficitária da companhia, então eles podem se dar esses pequenos luxos, não é? E como em um programa televisivo, o final feliz foi a deixa para que confetes animados rolassem pela tela. Sério, que droga de efeito confete foi aquele? Eu já entendi mais do que o suficiente que aquela foi uma situação feliz. Se alguém realmente tivesse levado confete pro escritório vá lá, seria surreal mas a essa altura surrealismo é algo aceitável em Plastic Memories. Mas não foi isso: foi confete de animação mesmo, daquele que não existe de verdade, só o espectador consegue ver em sua tela. Por quê?

Em defesa do episódio, achei essa cena onde o cabelo da Isla ficou parecendo asas bem bonita. Cafona, mas bonita

Em defesa do episódio, achei essa cena onde o cabelo da Isla ficou parecendo asas bem bonita. Cafona, mas bonita

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