Ore Monogatari – Ep 1 – A heroína é um garoto
[sc:review nota=4]
~Você quis dizer: Chihayafuru?~
Eu me interessei por Ore Monogatari desde que li a sinopse pela primeira vez. Pensei: “Oh, um shoujo em que o protagonista não é um bonitão popular? Deve ser bem diferente!”. Acontece que eu simplesmente não havia me tocado que o protagonista seria o Gouda-kun. Quer dizer, é claro que ele seria o protagonista, mas eu estou querendo dizer a heroína da história. A pessoa com quem devemos nos identificar. Ele não é o par romântico, ele ocupa o lugar que tradicionalmente é da garota nos shoujos escolares. Fui lerda em não perceber isso a tempo, mas não acho que vá influenciar nas minhas impressões. Mas certamente alterará tudo o que eu esperava desta história.
Tá, brinquei com Chihayafuru, mas ele é visualmente MUITO parecido. Nisso que dá compartilhar o mesmo estúdio e character design, tanto que tenho probleminhas em não chamar o Suna de Taichi, LOL. Mas voltando ao anime, ele começa com uma analogia interessante sobre um ogro gentil que quer ser amado pelos humanos. Ele está falando de Gouda Takeo, claro, um adolescente de cerca de 15 anos que mede 2 metros, pesa 150 kg e não é lá um modelo de revista feminina. Dá a entender inicialmente que o Gouda era solitário e isolado, mas a sua despedida do ginasial mostra justamente o contrário. Seus colegas de clube o admiram e sentirão sua falta, e fazem uma despedida emocionante para ele. Gouda fica feliz, mas está mais preocupado em se declarar para a garota de que ele gosta, a Satou. Mas assim que ele a encontra, ela está a ponto de também se declarar…para o melhor amigo dele, o bonitão Taichi Sunagawa. Que lhe dá um fora direto sem hesitar. Esta é uma situação que já ocorre desde que os dois são amigos, ou seja, desde sempre. Gouda gosta de uma garota, ela se apaixona por Suna, Suna a rejeita e fica por isso mesmo. Sempre. O próprio Gouda se faz uma pergunta que eu também me fiz: porque ele ainda é amigo do bonitão? Simples: Suna não tem culpa, e é um cara legal. Mesmo que os dois tenham se tornado amigos por conveniência, Gouda gosta do fato de existir um lado de seu melhor amigo que só ele conhece, e as garotas não. Ele pode até não tê-las, mas nenhuma delas terá o sorriso dele. Acho que é um mecanismo de compensação involuntária.
Pobre Gouda sempre tenta ser gentil, mas é ignorado. Ainda mais quando está ao lado do amigo, que mesmo sem querer se sobressai o tempo todo. Mesmo quando os dois presenciam uma cena de assédio no metrô, e ele agarra o pervertido. A garota o agradece, e ele se apaixona por ela na mesma hora. Os três entregam o meliante para a polícia, ele até tenta se defender mas a garota confirma que foi assediada. É então que o filho da mãe diz a coisa errada: que ela, com aquela sainha curta (o uniforme dela!) era quem estava pedindo por isso. Machismo, a gente vê por aqui! Nossa, eu tive vontade de socar o cara através da tela do computador, mas o Gouda foi mais rápido do que eu. Gancho de direita certeiro. Bem, quem é que estava pedido agora? Lado ruim: Gouda foi suspenso, coitado.
Na mesma noite, a garota, que se chama Yamato, surge em sua casa com um bolo em forma de agradecimento. Apesar de feliz, ele está acreditando piamente que ela só está sendo gentil para se aproximar de Suna. Claro, há um histórico, mas ela nem mesmo sabia que o outro estaria lá com ele. Não muda o fato de ele continuar gostando dela, e nem mesmo de ele pular de alegria quando ela esquece o celular em seu quarto e ele se oferece para devolver. O plano é simples: já que ela supostamente gosta de seu melhor amigo, ele o levará junto para aproximá-los. Se ele der um fora nela, ele quer estar lá para ajudá-la a sofrer menos. O pior (ou melhor) de tudo: ele não tem absolutamente nenhuma segunda intenção ali. Não planeja agir como ombro amigo para ter uma chance com ela depois. Ele está fazendo tudo isso porque acha que é o certo a ser feito, e não quer vê-la ficar triste. É tão ingênuo, fofo e gentil que dá vontade de abraçá-lo. Ah, mas Yamato não fica para trás, oferecendo-lhe macarons como agradecimento mais uma vez. Detalhe: Todos os doces foram feitos por ela. Pode parecer insignificante, mas para os japoneses este fato tem um peso enorme. E Gouda sabe disso.
O clima até agora está ameno, mas logo começa a pesar. Gouda se frustra por gostar dela, achando que será um peso, mas mesmo assim pede que ela lhe faça mais uns doces se puder. Yamato aceita com empolgação, fazendo o coração dele vacilar e ele se empenhar em estar sempre perto dela. Após se despedirem, Suna a elogia, chocando o amigo; ele nunca se interessou por nenhuma garota antes. Agora, se isso aconteceu porque ele sabia que o amigo estava apaixonado e não queria magoá-lo, se ele simplesmente não liga ou se ele gosta de garotos, só o tempo dirá. Só não quero que a história vire um triângulo amoroso comum. Seria muito sem sal. Mas espera, Yamato voltou correndo desesperadamente: ela esqueceu de pegar o contato de Gouda, para avisá-lo quando os doces ficarem prontos. Ele passa seu número, ainda achando que ela está interessada em Suna e reafirmando a promessa pessoal de ajudá-la a aproximar-se dele. Primeira vez que vejo um cara se autocolocando na friendzone, mas deve ser o trauma de anos não sendo notado pelas garotas. Bem Gouda, acho que ao menos desta vez, a primavera chegou para você. Perceba isso. Aceite. E seja feliz. Estamos torcendo por você.
Emmannuel Alexandre
Tá aí uma estrutura não convencional em um Shoujo, mas me incentivou a continuar acompanhando. Vamos ver onde isso vai dar. Coitado do Gouda, tão sem noção :~p
Lidy
A falta de senso comum do Gouda foi, pra mim, um dos maiores atrativos do anime. Assim como a estrutura fora do comum. Tenho fé de que será um grande anime. :3