Hibike! Euphonium – ep 10 – A banda em crise
[sc:review nota=5]
Mal as audições acabaram e a banda já entrou em crise de novo. Dessa vez espalhou-se entre os alunos que o professor Taki já conhecia a Reina de antes deles chegarem a escola, e daí a isso se transformar em suspeitas de favorecimento foi uma ilação bem simples. Não há nada que prove que o professor venha favorecendo a trombeteira, mas como ter certeza que não houve favorecimento? Considere que ela ganhou a posição de solista em detrimento de uma das mais queridas componentes da banda e a suspeita se torna em certeza e as chamas da desconfiança se alastram. Qual a relação entre os dois? Como eles vão reagir? O que outros membros importantes da banda farão? O que a Kumiko pode fazer?
A informação sobre o professor e a Reina se difundiu pelos membros da banda como uma fofoca, conversa de bastidores, quase uma coisa clandestina. E dessa forma já estava atrapalhando o andamento dos ensaios. Então a fã número um da líder das trombetas falou sobre isso abertamente com o professor, na presença de toda a banda. A pergunta já carregava a suspeita, não havia resposta boa, mas talvez tenha parecido ainda mais suspeito o professor se recusar a responder inicialmente. Claro, ele ficou ofendido por estarem desconfiando dele e por isso respondeu daquela forma, mas ele não é um igual, ele é o professor deles. E por essas e outras que eu digo que ele é um mau professor. Longe de afastar qualquer suspeita, quando ele foi forçado a finalmente admitir que sim, já conhecia a Reina, o que era apenas uma suspeita virou certeza para boa parte da banda: ele havia a favorecido.
Mais tarde confrontada pela mesma garota Reina também se enfureceu com isso e saiu correndo da sala, com a Kumiko nos seus calcanhares. Depois da trombeteira gritar e se agitar para pôr a raiva para fora, as duas conversaram e ela pôde, eu espero, terminar de se aliviar. Pelo menos por enquanto, porque a tensão vai continuar pelo menos até o próximo episódio. E nessa conversa Reina confessou para a Kumiko algo que eu já havia especulado aqui há muito tempo: ela gosta do Taki. Um balde de água fria para quem, como eu, quer ver junto o casal Kumiko e Reina? Acho que não. A garota se apaixonou ainda muito nova por um prodígio na música e amigo de seu pai. Se apaixonou? Ela sabia o que era paixão? Adolescentes são adolescentes e adoram confundir as coisas que não entendem direito. Tenho para mim que ela admirava o Taki (e continua admirando), e por inexperiência e excesso de hormônios confundiu isso com amor. Teimosa como ela é, sustenta isso até hoje. Mas isso quem está interpretando e dizendo sou eu, com 32 anos e assistindo de fora. O que será que a Kumiko pensou disso? Sem dúvida ela acreditou na Reina até a última sílaba. E pode ter sido só eu, mas tenho impressão que a voz dela estava tremendo após a confissão da Reina, como se estivesse triste com o que acabara de ouvir.
A Kumiko ainda vai ter muito o que pensar sobre a banda e sobre seus sentimentos, mas pelo menos uma coisa ela pode tirar de suas costas: ela estava morrendo de preocupação que a Natsuki pudesse estar triste, deprimida por ter perdido a vaga, e ela não podia deixar de se considerar “culpada” por isso. Mas a própria Natsuki percebeu isso e a chamou nesse episódio para conversar. Assunto resolvido, ela se esforçou para participar porque pareceu legal, porque todo mundo estava se esforçando, mas não está nem um pouco deprimida por não ter dado certo. Bom pra Kumiko! Agora ela pode ficar preocupada apenas com todo o resto. Como primeiranista ela não pode fazer nada a respeito do clima horrível que tomou conta da banda por causa da suspeita de favorecimento da Reina. Ela até tenta, forçada pelos membros do naipe de baixos, a conversar com a Asuka para que ela faça algo. A Asuka é alguém com autoridade para isso. Mas ela não se importa, como não se importou no ano passado quando a banda partiu-se ao meio.
Será que a Asuka não se importa mesmo? No instante seguinte ao que ela diz para a Kumiko que não se importa, ela está conversando com Kaori. E considerando as expressões das duas e o final desse episódio, bem, logo chego lá. Até acho que, em termos de música, a Asuka não se importe. A vida dela é música e não importa tanto o quanto uma bandinha de escola se sai bem ou mal em concursos, treina mais ou menos, se esforça ou só brinca. Mas episódios anteriores já estabeleceram que ela, a Kaori e a presidente Ogasawara são bastante próximas. Então você vê, ela pode não se importar com a banda, e assim tanto faz ser a Kaori ou a Reina a solista, mas duvido que alguém tão empática quanto ela não se importe com seus amigos. E a banda vai se desmanchando em dúvidas enquanto o professor enlouquecia por não saber como lidar com isso.
Houve até um momento em que o professor Taki explodiu desnecessariamente com um grupo de alunos. Eles haviam removido e empilhado um monte de cobertores que ele havia solicitado que a banda levasse para cobrir chão e paredes e abafar o som. A desculpa dos alunos era que estava muito calor, depois eles colocariam de volta, mas o professor levou isso como uma espécie de ofensa pessoal por falta de empenho ou coisa assim e gritou com eles que colocassem os cobertores de volta. Nesse tipo de situação, mesmo se os alunos realmente estivessem errados (e não havia motivo nenhum para duvidar deles; ninguém estava ensaiando naquele exato instante), a melhor forma de lidar com isso não era gritar. Nem quando durante ensaios ele fez alunos chorarem ele gritou com alguém. Ele está vendo a banda desconfiar dele e seu esforço indo pelo ralo conforme as sessões de ensaio não rendem o tanto que deveriam por causa disso e não tem a menor ideia do que fazer, restando apenas raiva por ele saber que a desconfiança é imerecida.
Menos mal que a própria Kaori não duvide da honestidade do professor e do mérito da Reina. Ela só não acredita tanto em si mesma, não acredita que não seja capaz de fazer melhor, e por isso não consegue fazer nada para impedir que essa situação continue. Porque é óbvio que bastaria ela, a única diretamente interessada, dizer que aceita o resultado das audições e que elas foram justas, que os demais membros da banda não teriam mais nada o que fazer. O clima ruim iria recuar lentamente até desaparecer. Mas ela não é capaz disso porque ela está mesmo abalada por ter perdido a vaga. É seu último ano, sua última chance, e ela não quer que acabe assim. E eu tenho certeza que na conversa misteriosa que ela teve com Asuka a amiga a incentivou a continuar tendo esperança. Talvez ela soubesse o que estaria por acontecer? Talvez ela até mesmo tenha se mexido para tanto? Vindo da Asuka, eu não descarto nada. O fato é que o professor Taki aproveitou que eles começarão em breve a ensaiar em um auditório de verdade para reabrir as audições para quem quiser tentar de novo. Foi um movimento calculado e só havia seriamente uma pessoa a quem ele estava perguntando se queria tentar de novo. Kaori teve mais uma chance de deixar tudo para trás, mas ela não pôde. Ela e Reina se enfrentarão em audições de novo pela vaga de solista. Isso não seria tão ruim se o professor não tivesse estabelecido que a banda inteira iria escolher a melhor. Aí ele errou feio.
Claro, do ponto de vista dele as duas devem ser boas o bastante para a vaga de solista então ele, como Asuka, não se importa de verdade com quem será escolhida. Mas as duas com certeza se importam, e a turma inteira votar é uma desvantagem para a Reina que beira a crueldade. Sendo ela quem é isso não deve abalá-la – não por cima de sua máscara, pelo menos, mas me pergunto como ela se sente em seu íntimo sabendo que vai enfrentar uma votação aberta contra uma garota querida por todo o resto da banda. A votação é de mérito musical, não de popularidade, mas faz diferença? A menos que a Reina seja incrivelmente superior à Kaori não vejo como ela possa ter qualquer chance de vencer no voto popular. A não ser que depois de tudo finalmente a própria Kaori reconheça sua derrota. É minha única esperança, nesse momento, da Reina chegar ao concurso como solista.