Plastic Memories – ep 11 – Ainda faltam dois episódios!
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O que eu supostamente deveria falar sobre esse episódio? Que o casal de protagonistas agora virou oficialmente um casal de namorados, e como são inexperientes e jovens estão envergonhados perto um do outro e não conseguem mais se comunicar ou fazer qualquer coisa juntos naturalmente como antes? É tudo o que há sobre esse episódio. Era o que você esperava desse anime quando decidiu assisti-lo, lá no começo da temporada? Não é o que eu esperava, de jeito nenhum. Como chegou a isso?
Eu sei que posso parecer duro demais, mas olhe a nota que eu dei para o episódio: não foi a mínima! O episódio é muito ruim, mas não é ruim de todas as formas possíveis, e eu reconheço isso. Tsukasa e Isla formam um casal interessante, de certa forma. Quero dizer, formariam, se isso fosse um drama romântico adolescente qualquer, e não uma ficção científica. Se eles fossem dois adolescentes quaisquer, e ela não fosse um robô que está chegando perto de sua data máxima de validade. Ou ignore que ela é um robô, isso é ok até certo ponto: isso faria sentido se ela não estivesse, para todos os efeitos, morrendo, se não estivesse em seu último mês de vida. Isso funcionaria se eles tivessem uma vida colegial, universitária ou mesmo uma vida de trabalho normal, e não vivessem juntos em um alojamento da empresa sob os olhos constantes e descarados de todos os seus colegas de trabalho.
Sobre a minha decepção com ficção científica nesse anime eu já escrevi em vários outros artigos, não vou me repetir. É simplesmente um desperdício um cenário com todo esse potencial inutilizado. Todo o resto que torna o relacionamento deles inverossímil tem a ver com a situação absolutamente incomum que eles vivem. Como podem querer um relacionamento tão comum que chega a ser entediante se vivem nessa condição tão única? Claro, eles querem apesar disso tudo viver um romance normal, posso aceitar isso como resposta e respeitar. Mas isso ainda não explica tudo. Isso explicaria porque raios eles são tão envergonhados perto um do outro mesmo vivendo juntos há tanto tempo, mas não explica porque vivem como se ignorassem que a Isla está à beira da morte e não há nada que possa ser feito. Ou explica como podem viver normalmente à beira da morte, mas deixa de explicar como se comportam como um casal de adolescentes. Quero dizer, dá mesmo para ignorar tudo? Se eles querem ter um relacionamento apesar dela estar morrendo, deveriam se preocupar menos com coisas miúdas como vergonha até mesmo para dar as mãos. Até mesmo para conversar! Eles já moram juntos, já superaram essa etapa faz tempo e não precisam dar passos para trás só porque se tornaram namorados. Ou se eles querem justamente viver uma relação adolescente normal, com vergonhas bobas e tudo o mais, como vão conseguir ignorar que ela está morrendo? Tá bom, até admito que seja possível ignorar tudo e viver do jeito que quiser, inclusive do jeito que eles estão vivendo, mas haja força mental e emocional para isso, né? E ambos personagens não foram construídos exatamente como pessoas com mente particularmente forte, e inclusive isso foi usado mais de uma vez para construir os conflitos que os trouxeram até aqui.
O fato do relacionamento deles não ter absolutamente nenhuma privacidade é estúpido também, e também é algo sobre o qual eu já falei. O artigo anterior foi praticamente dedicado a isso. E eles parecem não se importar! Pelo contrário, até usam e abusam dessa “família estendida” que está ali só assistindo cada passo deles. Apesar de quase nunca terem dado conselhos úteis, Tsukasa e Isla continuam procurando seus colegas de trabalho com toda sorte de dúvidas, grandes e pequenas. Pelo menos nesse episódio os “conselhos” do Zack foram completa zombaria, me fez rir pela primeira vez. “O que eu faço para surpreender a Isla?” “Empurre o joelho dela por trás”. O Zack devia ter sido fanfarrão assim desde o começo. Não só seria mais engraçado como acho que seria a única forma do Tsukasa perceber que ele não ajuda em nada. A Michiru também bateu recorde de inconveniência enquanto ficou especulando em voz alta na frente da Isla sobre até onde os dois (que moram juntos e não devem satisfação a ninguém sobre o que fazem em privado) já teriam ido.
No fim das contas, por que Plastic Memories é assim? Parece um romance escolar com enredo fraco, personagens que não são mais do que clichês, mas um cenário que não é uma escola. E temo que seja isso mesmo. Quase todo mundo ali é adolescente também! Talvez a ideia original fosse para um drama romântico escolar e daí em um brainstorm particularmente ruim foram adicionando elementos para que tudo fizesse sentido e daí a escola deixou de fazer sentido, então tiraram ela e mudaram tudo. Não sei. Quero acreditar que de alguma forma o que aconteceu aqui foi um acidente. As vezes coisas ruins são feitas de propósito, como em Cross Ange, mas quando é esse o caso é comum que chutem completamente o pau da barraca e façam algo insano. Plastic Memories não é insano, é apenas ruim. Então ou é ruim porque falharam em fazer algo bom, ou pior, é ruim porque falharam em fazer algo … ruim.