Shokugeki no Souma – Ep 12 – Orgulho, humildade e autoconfiança
[sc:review nota=4]
Três pessoas precisavam, urgentemente, aprender algumas coisinhas por aqui. Shinomiya era o principal, claro, mas Megumi e Souma não ficavam para trás. Enquanto que o chef premiado e reconhecido internacionalmente estava precisando de uma boa dose de humildaade para se lembrar de que não se pode eliminar os maus juntando-se a eles, Megumi estava muito carente de reconhecer seus próprios talentos na cozinha. Já Souma era o mais complicado deles, por envolver desde seu orgulho até seu egocentrismo e altruísmo desmedido, e ainda acho que o ensinamento dele acabou sendo o menos eficaz dos três. De um jeito ou de outro, palmas para sua técnica Doujima-kun, eu mesma não faria melhor.
O terrine da dupla de estudantes é um sucesso absurdo, e me arrisco em dizer que ele parecia mais apetitoso, bonito e interessante do que a recette que Shinomiya passou na aula. Mesmo assim, não foi o bastante, e os dois perderam o shokugeki. Essa derrota foi talvez o ponto mais alto da primeira metade do anime, já que quebrou o padrão de vitórias absolutas de Souma durante todo esse tempo. Seria muito estranho que eles houvessem sido capazes de sobrepujar o talento de alguém que sobreviveu ao inferno que eles estão passando, e outros ainda maiores posteriormente, e saíssem daquela sala com aquela cara de besta deles. Essa foi a primeira lição que o garoto precisou aprender: ele não é o melhor. Há outros lá fora com mais talento e treinamento do que ele, e ele precisa ser capaz de aceitar isso. Essa falta de respeito do Souma por seus senpais era meio incômoda, mas parece que finalmente arrefeceu. A expressão dele diante da derrota absoluta diz tudo. E Megumi, claro, chora e pede desculpas a Souma. Mas quem disse que as coisas estão no fim?
O shokugeki não era oficial, apesar de a escolha de Shinomiya ser. Meio injusto, mas todo mundo sabe que aluno não apita nada em lugar nenhum. Mas Doujima resolve votar mesmo assim, e escolhe Megumi ao invés de seu antigo colega. E ainda alfineta: será que ele não estaria estagnado em seus talentos? Shinomiya pode ser famoso, respeitado e premiado hoje em dia, mas seus degraus foram percorridos com sangue. Um chef japonês abrindo um restaurante na França? De sabotagens a inveja, ele só conseguiu se estabelecer após se tornar um tirano ditador, que não aceita questionamentos de seus subalternos. Isso o mudou completamente ao longo dos anos, além de que, quando ele enfim alcançou sua meta, sua culinária não se desenvolveu mais. Pode-se dizer que ele desistiu, ou que respirou aliviado, ou que perdeu toda a ambição que acumulara com fúria. De um jeito ou de outro, ele se acomodou no pódio e nunca mais se mexeu, o que é péssimo para um chef tão jovem. O toque na ferida causou uma reação indignada, que só foi acalmada quando ele provou a criação da garota que demitira. E foi forçado a admitir que, mesmo com as imperfeições técnicas, o prato carregava as características e rusticidade da cozinheira, além de cuidado na preparação, carinho, esforço e vontade de aprender. Tudo aquilo o que ele deixara para trás. E esta foi a lição do dia para um homem frustrado: os únicos limites que temos na vida são aqueles que nós mesmos impusermos.
Outra pessoa que saiu do lugar conhecendo melhor a si mesma foi a nossa mascotinha, Megumi-chan. O reconhecimento dos senpais em cima de seu prato, além das palavras de apoio de Doujima, tiveram nela um impacto profundo, ajudando-na a enfim reconhecer o talento que sua insegurança escondia. Ela é boa no que faz, e precisava saber disso. Só perdeu a disputa por estar batalhando contra um veterano, experiente e escolado, e justamente na área de domínio dele. Perder era apenas um caminho óbvio, não significa que ela era ruim no que faz, ao contrário, seu estilo caseiro de cozinhar lhe rendeu fãs. E o que é melhor para a autoestima do que o reconhecimento de seus veteranos, profissionais na área? Aliás, um pequeno spoiler: ela se torna uma das alunas mais cobiçadas por eles no fim da viagem. Depois eu explico.
Doujima, Inui (ela nem deveria votar por estar parcial), e o próprio Doujima. Três moedas para o terrine arco-íris e a revogação da decisão, com a readmissão dos dois alunos teimosos. Todos estão felizes, certo? Errado. Alguém está irritado e se sentindo péssimo, e quem aí achou que é o Souma ganhou tapinhas nas costas. Mesmo que não tenha sido expulso, isso não muda o fato de ter perdido a disputa, e a raiva o faz socar uma parede. Fato 1: isso foi estúpido, podia ter se machucado a ponto de atrapalhar as provas seguintes. Fato 2: a frustração é injustificada, já que ele era apenas o sous-chef da disputa. Não era a sua comida, nem seus holofotes, mas perder pelo visto é algo à qual ele não está acostumado. Nem as circunstâncias atenuaram seus sentimentos. Souma é ambicioso e não aceita menos do que o topo (dentro de seus termos, considerando que não deseja nenhum outro trabalho além do que tem no restaurante de seu pai), e isso não é necessariamente ruim, mas quando ele foi comparado a Shinomiya por Doujima-san, não pude deixar de me perguntar: será que ele também não corre o risco de estagnar em sua carreira por excesso de talento? Ou por manter-se focado apenas em conflitos quase sempre desnecessários? Seja como for, espero que ele também tenha aprendido alguma coisa hoje e se torne um cozinheiro mais calmo no futuro. Embora que, eu duvido piamente de que isto vá mesmo acontecer.
Rodrigo Yoshioka
Em minha opinião, o melhor episódio até agora.