Kuroko no Basket 3 – Ep 24 – Mais do que mil, somos um
[sc:review nota=5]
Redenção faz parte. É um direito de todo ser humano, e quase uma obrigação em animes sobre amizade, que alguém que cometeu muitos erros possa se arrepender e ganhar uma segunda chance. Dito isto, é quase óbvio que o próprio Akashi perceberia os seus erros e tentaria consertar tudo, mesmo consciente de que o que ele fez não se esquece tão fácil assim. Só que, no caso do ruivinho tripolar em questão, essa dita redenção não me entra na cabeça. Foi tão repentina quanto a sua transformação naquele monstro que terminou de afundar a Teiko em sua época de glória, porém motivada pelo mesmo objetivo de antes: vencer. Como se pode levar fé em um arrependimento tão superficial assim? Bem, aparentemente, algumas pessoas podem. Mas, vendo pelo lado positivo, Kuroko também conseguiu enfim ter de volta a sua paz interior, após um longo tempo de sofrimento, e isto, meus amigos, foi uma das coisas que levou este episódio a merecer uma quinta estrela.
Real ou não, a mudança de Akashi trouxe quebra de ritmo. Os jogadores da Rakuzan sentiram a diferença nos passes do capitão, agora mais precisos, e em suas palavras, mais gentis. Pode ser pouco, mas foi o bastante para animá-los a ponto de serem induzidos em uma espécie de pseudo-zona, uma concentração forte que veio pra terminar de ferrar com Seirin. Ok, a explicação foi boa, e eu aceito que Reis sem Coroa consigam chegar neste estado, mas o Mayuzumi não dá pra engolir, não. Ele não tem nenhum dos critérios pra se qualificar como um possível jogador de zona, e olha que eu tô relevando o fato de que até poucos minutos antes esse time estava mais desconectado do que um bando de desconhecidos. Essa reviravolta foi mó forçada, e me trouxe a desagradável sensação de que, se os novatos vencerem agora, será puro protagonismo. Todas as desculpas jogadas na galera até agora eram razoáveis (com uma boa medida de fan tolerance, claro), mas essa foi o fim. Desculpem amigos, mas não dá mais pra defender vocês.
Há um ditado que diz que a vantagem em se estar no fundo do poço é que o único caminho disponível é para cima, porém creio que em certos casos a que está fora do poço usa uma broca pra perfurar o chão e afundar o outro ainda mais. É mais ou menos o que estava rolando aqui, até mesmo a diferença de menos de dez pontos se tornou desanimadora. Os garotos estão esgotados, Kagami saiu da zona, Teppei está quase em seu limite, Hyuga não pode mais cometer faltas e Riko não pode mais pedir tempo técnico. O desempenho cai tanto que até Kuroko comete uma falta. E faltam menos de dois minutos para o fim. Parafraseando o maior herói da história, oh, e agora, quem poderá defendê-los? A salvação surge na forma da imagem mais bonita da temporada, e em um coro de vozes exaltado de toda a sua torcida. O líder: Ogiwara. Sorrindo para Kuroko. Ainda um jogador de basquete que quer a sua revanche. Seu grito de animação foi imitado por Aomine, Kise, Midorima, e por todos os demais expectadores. Todos amam a Seirin. Todos querem um jogo memorável. E, admito, meu lado mais sádico a-do-rou ver que, de uma forma ou de outra, eu não era a única que queria ver a Rakuzan cair em derrota.
Do mesmo jeito que a transformação de Akashi mexeu com a dinâmica de seu time, a torcida revitalizou a Seirin e mudou o comportamento de Kagami, o que logo se tornou uma onda e contagiou a todos. Se Rakuzan era uma corrente, Seirin era um único organismo. E guess wat? Era essa a chave para a segunda zona. Faz muito sentido que nenhum jogador da Teiko tenha sido capaz de alcançá-la, já que o trabalho de equipe deles era mó bosta. Já o Kagami teve essa veia egoísta barrada desde cedo, culpa das más experiências de Kuroko. Pensando bem, toda a dinâmica dos dois desde que entraram no time encaminharam para esse resultado, e pensar nisso é bem satisfatório. Mas pra não dizerem que eu tô elogiando demais esses lindos 24 minutos, essa cena final meio Tron Legacy, com todo mundo em um estado de hiperconcentração, foi viajada demais até pros padrões Kuroko de ser. Seje menas, ok?
Tudo lindo, tudo massa, mas não é o suficiente. Melhorar o desempenho não diminui o dos outros, e Akashi ainda tem seus truques, seu Emperor Eye. E continua pontuando. Considerando que o próximo episódio será o último (snif), a esse ponto da história eu nem sei mais quem vencerá. A grande expectativa sobre o arco final era a mudança do ruivo, e como isso já aconteceu, sua derrota talvez tenha um impacto negativo sobre ele, mais uma vez. Ele não sabe perder, e não é de agora que aprenderá. Por outro lado, a Seirin perder, mesmo inovador, seria meio decepcionante. O único consolo restante seria lembrar que animes de esporte são, na verdade, sobre virtudes, e não sobre vitória. E que, mesmo perdendo, se Kuroko conseguir provar a todos os seus antigos colegas que o seu modo de jogar é melhor do que o deles, já será a maior das vitórias. É, tô me agarrando nisso mesmo, porque finais apressados não são muito a minha praia, não.