E começou o muito aguardado arco do conflito pessoal da Asuka! E começou com tudo, hein? É como se toda a pressão acumulada desde a primeira temporada tivesse explodido de uma só vez na forma de um tapa na cara. Não que a Asuka fosse ficar para sempre na banda do clube do Colégio Kitauji, por razões óbvias, mas ainda assim o fim para ela está sendo certamente mais dramático do que seria para qualquer outra pessoa ali.

Sendo justo, sua mãe não está de todo errada em seu raciocínio, e só consigo discordar mesmo é de seus métodos. Mas eu já fui adolescente e ai!, sei que essa é aquela fase da vida em que a experiência de nossos pais pouco ou nada vale. Ainda sob suas asas já começamos a querer escolher nossos próprios caminhos, e isso é sempre receita para conflitos!

Um momento de descontrole

Um momento de descontrole.

Pois eis que é revelado que a Asuka foi criada apenas por sua mãe. Ser mãe solteira não é fácil em lugar nenhum. Aqui no Brasil o fator financeiro pesa muito, eu realmente duvido que ser uma mãe solteira no Japão seja pior nesse aspecto, mas aí entra em cena o fator cultural. O Japão segue sendo, dentre os países desenvolvidos, aquele onde a divisão de tarefas entre os gêneros é mais explícita: às mulher cabe cuidar da casa e dos filhos. Claro que isso vem lentamente mudando, e a baixa taxa de natalidade é um reflexo, entre outras coisas, disso, mas ainda assim ser uma mãe solteira, tendo que trabalhar e cuidar da casa e dos filhos (ou da filha, no caso da Asuka) é bastante difícil não apenas por força da circunstância, mas do estigma social também. E, claro, das expectativas da mulher. Um sistema assim não teria chegado tão forte até os dias de hoje se muitas mulheres ainda não quisessem viver de acordo com as normas sociais, ou seja, serem apenas donas de casa. E mesmo que não se queira isso, ativamente, sempre pode restar a sensação de que se está “no lugar errado”. Enfim, assunto muito complexo para um mísero artigo de análise de episódio tratar, hehe.

O arrependimento

O arrependimento.

O fato que é observável é que a mãe da Asuka tem plena consciência de sua condição atípica e isso molda sua personalidade e seu modo de agir. Ela não é “violenta” por causa disso, ela acredita que está fazendo mais do que seria sua obrigação e por isso se torna autoritária, exigindo obediência em troca do “favor” prestado. Isso se mistura com a autoridade natural de uma mãe, e se torna explosivo com uma filha passando por essa fase da vida em que começa a querer tomar as próprias decisões. É aí que ela perde a compostura e se torna violenta. Tenho certeza que isso já aconteceu muitas vezes e a Asuka já está acostumada com isso. Talvez até estivesse esperando por aquele tapa exatamente para poder levar sua mãe embora e encerrar o assunto de forma ainda ligeiramente favorável para si mesma. Somos adaptáveis e aprendemos a lidar com as situações mais atrozes, lidar com uma mãe dominadora não é nada demais.

E como dizem, os filhos saem aos pais, ou à mãe no caso. Ou não achou a Asuka em nada parecida com a sua mãe? A Asuka também é bastante dominadora, acho que ninguém negaria isso. Mas há mais. Crescendo assistindo sua mãe lidar com tudo sozinha sem reclamar (ela não pareceu ser uma mulher fraca desse tipo) ela própria se tornou uma pessoa que lida com tudo sozinha. De fato, ela acredita que o melhor é lidar com tudo sozinha para não dar problemas para ninguém. Para não dar mais problemas para sua mãe, que tantos problemas já tinha criando-a sozinha.

A tudo isso levou a situação em que esse episódio encerrou, com a Asuka basicamente afastada da banda. Ela é uma excelente instrumentista e com certeza pode, de algum modo, conseguir ensaiar sozinha (embora provavelmente não tenha um instrumento em casa, então duvido que o esteja fazendo), mas ela não tem como compensar por suas ausências nos ensaios gerais. Certamente foi por isso que teve uma conversa com a Natsuki, a terceira bombardinista: ela não sabe até quando conseguirá acompanhar a banda, então eles vão precisar da Natsuki. E a Natsuki já está fazendo sua parte: acreditou mesmo quando a Nozomi disse que era a Natsuki quem estava ajudando ela? O anime já deixou bastante claro que a Nozomi é uma flautista excepcional, não está na banda apenas por causa do quiproquó do ano passado. É a Natsuki quem está sendo auxiliada ali pela amiga.

Midori guitarrista!

Midori guitarrista!

Enquanto isso, a irmã da Kumiko sai de casa com uma expressão sinistra em uma sequência animada tão sinistra quanto. Não se esqueça: a Mamiko é um futuro possível para a Asuka – assim como a Asuka é um modelo no qual a Mamiko pode se espelhar para superar sua crise pessoal. Tudo isso vai depender da Kumiko, que já está razoavelmente por dentro da história da Asuka. Eu não poderia estar mais ansioso para o próximo episódio!

 

Revisado por Tuts

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