A arte é feita da mesma matéria da qual são feitos os sonhos. Ao mesmo tempo, ela precisa ser criada e executada por homens de carne e osso, falíveis, sujeitos aos próprios humores e também àqueles do mundo, limitados pelo local, pela época, frutos de seu tempo e que, com o tempo, passam. O Sétimo Yakumo não teve filhos de seu próprio sangue, mas criou da melhor forma que pôde duas crianças: um dançarino que feriu a perna e um moleque de rua. Eles cresceriam para se tornar Kikohiko (e depois o Oitavo Yakumo) e Sukeroku. O Sétimo se foi.

Sukeroku tragicamente se foi cedo demais pouco tempo depois. Coube a Yakumo, o oitavo, criar sua filha, Konatsu. Depois de velho ele ainda brilharia como um raio de esperança para o então detento Kyouji, que se encantou com a arte do rakugo e através dela saiu do mundo do crime, tornando-se Yotaro. Agora é o próprio Yakumo quem adentra no crepúsculo de sua vida, mas independente de qual fosse a sua vontade ele não pode querer levar tudo consigo para o túmulo. Ele não pode sequer abandonar tudo enquanto ainda vive. Ele não tem esse direito, sua arte agora pertence ao mundo. Nada disso foi e não pode se tornar apenas um sonho.

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