O que garotas adolescentes conversam com suas amigas, na intimidade? Eu não sei. Eu não era uma garota quando fui adolescente (nem antes e nem depois, aliás). E francamente não sei direito nem o que garotos adolescentes conversam intimamente, porque justamente a minha adolescência foi uma época de várias mudanças de amizades, então acho que perdi essa fase – só voltei a ter amigos realmente íntimos já no finalzinho da adolescência, quando, suponho, todo mundo já tinha conversado sobre todas as coisas vergonhosas do mundo.

Mas a gente sempre imagina. Ou assiste Centaur no Nayami, que tem a sua versão da história.

Esse episódio foi dividido em duas esquetes, e as duas se passaram ostensivamente no quarto da Hime. Isso me faz pensar se elas nunca se reúnem no quarto das outras duas. O quarto dela não parece ter nada de especial, mas talvez a casa em si seja adaptada ou mais adequada para centauros? Talvez seja no mínimo desconfortável para a Hime as casas da Nozomi e da Kyouko. Ou talvez não seja problema para ela, mas seja para as famílias das suas amigas. Ou isso foi só coincidência mesmo e elas se reúnem na casa da Hime porque ela é a protagonista, oras.

De todo modo, como eu ia dizendo, o episódio teve duas esquetes. A primeira foi mais íntima, ouso dizer mais importante, e sem dúvida eu achei-a mais divertida. Hime estava com insegurança quanto à aparência de sua vagina. A ideia parece ridícula, não é? E se você conhece animes, como eu conheço animes, já deve ter imaginado o festival de fanservice que esse episódio poderia ter sido. Mas não foi. Centaur no Nayami merece um ponto apenas por isso. E o assunto não é ridículo, é sério. Pelo menos para adolescentes que estão descobrindo sua sexualidade é certamente sério. E se não for bem resolvido na adolescência, é algo sério por toda a vida adulta também, negativamente sério. Se você é uma garota, talvez passe, já tenha passado ou conheça alguém que passou por esse tipo de insegurança. Garotos têm a sua insegurança equivalente: tamanho. Às vezes outros detalhes também, mas basicamente tamanho.

Esse foi todo o “fanservice” do episódio

Pesquise aí no Google: tamanho do pênis. Abusar dessa insegurança masculina é uma indústria. Abusar da insegurança feminina também, dá uma olhada em vergonha da vagina. É por isso que esse tipo de conversa franca ainda na adolescência é tão importante, antes que reste uma insegurança para o resto da vida, que pode tornar as mulheres presas fáceis para revistas, vendedores de produtos miraculosos e operações desnecessárias, e, claro, homens. É por isso que essa esquete foi tão interessante. Ela foi importante. E ela foi muito divertida também, com a história da Hime ter ficado insegura após ver uma vaca e tal. Aliás, no episódio da vaca, um garoto pergunta se ela irá crescer para ter tetas de vaca. De volta ao presente, seu pretendente elogia seus seios. Era um anjo nos dois casos. Coincidência? Era alguém que perseguiu Hime desde a infância e ela não percebeu? Ou anjos têm fetiche por seios mesmo? Parece que anjas não costumam tê-los muito desenvolvidos, pelo que vimos até agora no anime. Detalhe importante dessa esquete: foi confirmado que ao menos um cruzamento inter-racial é potencialmente problemático: anjos com centauros.

Tudo fica bem quando acaba bem

A segunda esquete começou com as garotas estudando (no quarto da Hime, lógico) para que a Nozomi não fique de recuperação ou pior, repita de ano. No final das contas isso foi só desculpa para elas começarem a bater papo-furado – e para a Nozomi testemunhar um disco voador passando pela janela. No final das contas, pelo rumo que a conversa das garotas tomou, parece que o povo-cobra (os “antárticos”) anda de disco voador porque … bom, porque homens-cobra que vivem na Antártida já não são esquisitos o bastante, é preciso que andem de disco voador. Uma garota-cobra se transferiu para a sala das garotas ao final do episódio (ela veio naquele disco voador?) e é lógico que ela se chama Quetzalcoatl, 0 deus serpente meso-americano.

Mas oi?

É só gancho para mais piadas? Ou algo grande vai acontecer envolvendo a garota-cobra? Até agora haviam sido mencionados na história apenas no episódio em que, se não me engano, a Inukai virava as páginas de uma revista de moda (era moda?) e ao ver uma mulher-cobra, perguntou se haveria mesmo quem se interessasse por aquela raça – olha o racismo aí (pelo menos na forma como o anime denuncia)! A Hime parece estar morrendo de medo, o que faz sentido, afinal cavalos popularmente morrem de medo de cobras. Bom, eu acho que vai ser só piada mesmo, com talvez um comentário social ou dois.

Oi!

  1. Hime-chan potranca! ( ͡° ͜ʖ ͡°)
    Falando sério, coitada da Hime-chan, ficou com trauma por causa da brincadeira daquele moleque anjo dos infernos. Fiquei tão curioso que fui pesquisar no Google e comparar vagina de vaca com a de égua. Também não gostei do que vi e achei que a equina tem aparência melhor. Deve ser por isso que existe o termo égua barranqueira … ( ͡° ͜ʖ ͡°)
    Fraquinho o fanservice, hein? Queria ver também se a Kioko é loira natural. ( ͡° ͜ʖ ͡°)

    Mais interessante nessa parte do episódio foi comentarem sobre híbridos de anjo com centauro ter grande possibilidade de nascerem com defeitos. Esse quadro do episódio foi originado do Vol. 1, Capítulo 0, pág. 18 e isso também mostra que o anime não segue a sequencia do manga. O Kakeru tinha comentado um certo alívio dessa parte não ter sido o primeiro episódio lá nas primeiras impressões e aí eu tinha ficado curioso e fui atrás. E vi que foi até desenhado um embrião híbrido parecendo ter defeitos nas pernas dianteiras e as meninas comentam que isso foi ensinado numa aula e a Kioko, como no anime, fala que o governo oferece assistência para quem tem filhos com deficiência.
    Então isso confirma que há riscos a saúde para quem nasce híbrido naquele mundo, caso os genes de um dos pais não se torne predominante.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Que curiosidade … curiosa, a sua =P

      Sobre o fanservice, bom, basicamente ele não existe. O que acho bom. Nesse anime ele atrapalharia a mensagem mais ou menos séria que ele está tentando passar. De todo modo, não duvido que o próprio autor tenha esclarecido suas dúvidas, só pesquisar. Em último caso, doujinshis certamente resolverão seu problema =D

      Eu li isso sobre os híbridos no mangá. Bom, eu li esse capítulo zero antes dele ter se tornado anime por pura curiosidade depois de ler um artigo sobre o anime no Anime News Network que o citou. Em meus artigos anteriores eu “fingi” não ter lido porque não sabia se isso viria para o anime e porque não queria dar spoilers. E bom, pelo menos entre anjos e centauros há problemas em frequência suficiente para que exista um programa oficial do governo a respeito, e até mesmo adolescentes o conheçam de cor. Mas é como você disse noutro de seus comentários: centauros são os mais diferentes, pelo menos fisicamente. Será que há tantos problemas assim em híbridos em geral?

      Obrigado pela visita e pelo comentário =) E por todos os outros comentários também, vamos lá…

  2. Resolvi comentar por partes, aqui, vou comentar sobre o fato que você mencionou de que só vemos a casa da Hime e não das outras meninas.
    Talvez o autor não quisesse ter o trabalho de adaptar tudo para a centaura ou isso faça parte do contexto da história.
    Note que centauros demandam muito mais adaptações do que os outros seres daquele mundo, pois parecem ser os únicos que andam em 4 pernas e por isso têm o corpo muito grande. Olhe o quarto dela, a cama é imensa e aquela estante de livros é enorme, demonstra que o quarto deve ser bem amplo.
    Aliás, achei criativo o carro para centauros da tia dela que apareceu no episódio 3. Achei bem bolado o encosto do banco ser fixo na porta e esta ser corrediça, pois tomaria muito espaço se abrisse por dobradiça.

    A gente pode comparar os centauros com os cadeirantes do nosso mundo, pois são parecidos na necessidade de grandes adaptações de acesso nos imóveis e de locomoção pelas ruas! Não parece, mas faz sentido, quase todo mundo não está preparado para receber a visita de um cadeirante em casa.
    E ainda me lembro da dificuldade que tiveram para fazer aquele cenário da peça de teatro no episódio 1, reforçaram a escada e mesmo assim ela não aguentou o peso da Hime até o fim da peça. E nesse episódio 4 ela deu cabeçadas no batente da porta por andar distraída e ser muito alta.
    Esses problemas parecem indicar que não existem muitos centauros ali.
    E, até agora, só vimos uma ex-colega de escola da mãe da Hime, a tia e a priminha e sem relação com a família, somente aqueles soldados figurantes que guardavam o acesso ao oceano no ep. 2

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Sim, como eu escrevi no texto, pode de fato ser o caso de a ser bastante difícil para a Hime ir à casa de suas amigas por conta das adaptações necessárias para um centauro. Se mesmo um prédio público (a escola), em um Japão fictício fanático por inclusão, não tem batentes altos o bastante para que uma centauro adolescente passe sem ter que abaixar a cabeça, o que devemos esperar de uma residência padrão?

      A comparação com cadeirantes é muito boa, de fato, eu havia pensado nisso. E considerando que as sereias seriam candidatas naturais a essa comparação mas, ao invés de cadeiras de rodas elas precisam: 1) viver em espaço aquático demarcado, ou 2) ser carregadas para cima e para baixo em terra firme, ou 3) comprar caríssimos robôs. Monster Musume foi direto e óbvio com isso: botou sua sereia em uma cadeira de rodas. Centaur no Nayami, talvez por ser excessivamente cuidadoso com as necessidades de suas minorias, acaba ignorando completamente o óbvio. Talvez seja até _proibido_ uma sereia usar cadeira de rodas (“discriminação”, vai saber!). Mais uma crítica aos “exageros do politicamente correto”?

  3. Vou comentar a última parte do episódio:
    As meninas estudando na casa da Hime foi praticamente a continuação do final do episódio 1 quando vemos que a Nozomi ficou em péssima colocação no ranking de notas.
    Enquanto estudavam, começaram a falar sobre os antarticos, o povo cobra que vive na Antartida!
    Como é que cobras que são repteis, animais de sangue frio, vivem na Antártida? Houve esse questionamento na conversa.
    Foi curioso saber que há uma desavença desse povo com os EUA! Comentaram também que esses antárticos não viajam de avião, mas utilizam “veículos das nações astecas”. O que seriam esses veículos? Será aquele disco voador que a Nozomi viu?
    E por “coincidência” aparece uma garota cobra na classe das meninas enquanto ao redor da escola há um grande aparato de segurança demonstrando que essa garota cobra é importante.
    Eu tenho a impressão de que esse povo cobra vai representar os estrangeiros no Japão e provocar situações de choque cultural.
    E coitada da Hime! Pegaram justo ela para servir de guia para a garota cobra sendo que ela tem medo instintivo de cobras!

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Sobre os antárticos, suponho que pelo menos o próximo episódio irá responder um punhado dessas questões – e talvez criar outras? Eu sei que já saiu o episódio 5 mas ainda não o assisti, juro que não estou fazendo suspense gratuito =P

      Curiosa é a ligação entre homens-cobras, povos antigos e discos voadores. São os alienígenas do passado! Aposto que os EUA tem um antártico dissecado na Área 51…

  4. Mais um comentário:
    Estava esquecendo esse seu comentário sobre a Inukai, a garota unicórnio.
    Não acho que ela foi racista. Ela apenas questionou se há realmente demanda no mercado que justifique garotas cobra no trabalho de modelos.
    E aí, eu comento, naquele episódio, achei que aquela ex-colega de escola da mãe da Hime estava desesperada para encontrar uma modelo centaura, pois a mãe da Hime se surpreende porque aquela ex-colega era a rainha da memória ruim e ela lembrou de sua filha.
    Aí, eu presumo que houve algum imprevisto que impediu outra centaura de fazer o trabalho ou a editora teve dificuldade de achar uma e talvez a tal “misteriosa lei de igualdade que não permite ser comentada” proibiria a revista de ser publicada se não houvesse uma centaura para cumprir cota.
    E acho que essa seria a resposta: para essa lei, não importa a demanda do mercado, importa é a “lacração”

    E, por hoje, chega!
    Espero não ter delirado muito nos meus comentários.
    xD

    • Ops!
      Me enganei, a ex-colega da mãe da Hime era uma pessoa anjo.
      Então, isso já restringe a população de centauros daquela cidade à família dela!

      • Fábio "Mexicano" Godoy

        Eu faria essa correção se você não tivesse se auto-corrigido =D

        Pois é, a família da Hime até agora são os únicos centauros conhecidos (além daqueles centauros militares; suponho que por sua força – tendo sido inclusive citados no primeiro episódio como grandes guerreiros no passado do Japão – centauros sejam muito comuns no exército japonês e em qualquer outro que não discrimine centauros… e talvez em alguns que discriminem também, se é que você me entende).

        A população japonesa, a se crer no anime, é composta basicamente por homens-animais, em sua maioria, e uma minoria ainda significativa de anjos e demônios. Centauros são raríssimos, sereias vivem em lugares designados (compreensível), e antárticos, bem, vivem na Antártida, então está bem explicado porque não os há por aí.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Também não acho que a Inukai foi racista. Mas para o padrão do anime, o que ela disse _pode_ ser interpretado como racismo, disso eu não tenho dúvidas. Se estivesse em um lugar público, dependendo de quem ouvisse, quem sabe se ela não poderia se encrencar?

      E acho possível sim que hajam cotas de diversidade nas revistas.

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