Rage of Bahamut: Virgin Soul – ep 22 – O começo do fim
Qualquer pessoa lendo meus artigos não pode dizer que alguma coisa nesse episódio a surpreendeu, certo? O ritmo do enredo foi mais lento do que eu gostaria, a nova batalha em Anatae apenas começou e nada muito divertido aconteceu ainda; os demônios ainda não deram as caras, a Rita não apareceu (maior ponto negativo do episódio), mas eu acho que entendo e aceito. A partir de agora tudo vai acontecer ao mesmo tempo – e se os dois últimos episódios não forem alucinantes, aí sim eu vou reclamar!
Depois de uma longa jornada que começou ainda na temporada anterior finalmente o Bahamut despertou – e parece bem mais desperto do que aquele quase despertar do final de Genesis, que já foi suficiente para provocar destruição em todo o continente. No melhor ritmo fantasia RPG, Bahamut é uma história grandiosa que amarra uma série de histórias pessoais de seus personagens. À beira do arco final, nada melhor do que uma recapitulação comentada de tudo o que aconteceu de importante e como isso influenciou cada um dos personagens do anime a tomar as decisões que tomou. Acha que tomaria decisões melhores que Charioce, Nina, Joana D’Arc? Então para você é ainda mais importante ler essa recapitulação!
Resumidamente, na temporada anterior um grupo de demônios tentou liberar o selo do Bahamut reunindo as duas chaves: a que estava em poder do Céu e a que estava em poder do Inferno. Para tanto, conceberam Amira, uma híbrida, filha de um demônio e uma deusa, e implantaram nela memórias falsas para que ela roubasse as duas chaves. Os humanos foram os que mais sofreram durante a busca de Amira, e ainda mais quando o Bahamut quase despertou. Os deuses foram incompetentes em proteger a chave, em capturar Amira, e efetivamente mais atrapalharam do que ajudaram os humanos, que através de seu rei manipulado por um demônio disfarçado condenaram Joana D’Arc, sua maior heroína e possuidora da benção e poder divinos. Os céus não perceberam a maquinação, falhando em impedir que Joana fosse condenada e, na fogueira, cedesse à tentação e se corrompesse. Amira, manipulada, libertou o Bahamut com sucesso, para no final se sacrificar, pedindo para que o Favaro a matasse, e assim conseguisse mantê-lo selado por mais algum tempo. Mas o selo havia sido enfraquecido. Não havia mais chave nenhuma. Era questão de tempo até o Bahamut se libertar sozinho, e, como os humanos descobririam, desgraçadamente pouco tempo.
Depois de tudo isso obviamente muitos humanos não confiavam mais nos deuses – e, lógico, desconfiavam ainda mais do que antes dos demônios, não que isso fizesse diferença. Zé, que viria a se tornar o líder dos Cavaleiros de Ônix (achei divertido como contaram a história dele nesse episódio mas ele continua sem nome, portanto, continua Zé), descobre os destroços do laboratório secreto do demônio que manipulara o rei. Lá descobre sobre o Bahamut, mas também sobre a magia que dá o poder aos Cavaleiros de Ônix e, mais importante, sobre uma poderosa arma antiga, mais antiga que os seres humanos, que diz-se ser tão poderosa ou mais que o próprio Bahamut: o Dromo. Sem confiar em demônios ou deuses, decide, junto com o cientista com quem confidenciou suas descobertas, encontrar entre os candidatos ao trono um sucessor que aceite seguir com o plano de obter o Dromo e destruir o Bahamut sozinhos, custe o que custar. Descobrem o homem que precisam em Chris, filho bastardo do antigo rei cuja mãe sempre sonhara em voltar para o palácio mas morreu durante o desastre do Bahamut.
Nina também perdeu seu pai para o Bahamut, quando ele sacrificou-se para apagar um grande incêndio que, creio, teria cobrado muito mais vidas embora ele e sua família provavelmente pudessem ter se salvado se ele quisesse. De resto, as coisas voltaram ao normal. Ou pareceram, pelo menos. Joana D’Arc foi reincorporada à Ordem de Órleans, ainda que sem seus poderes divinos, Kaisar eventualmente volta para a Ordem (ele e Favaro foram nomeados cavaleiros quando entregaram Amira, embora na prática não tenham servido como tal na época) e leva sua carreira à sério, enquanto Favaro a abandona para não ter que lidar com mais nada de grande ou importante no mundo – a perda de Amira o afetou. Então os planos para destruir o Bahamut começam.
Charioce ataca e derrota os demônios. Presumivelmente ele precisava de algumas relíquias e talvez de textos antigos em posse deles para a construção do Dromo, mas essa guerra serviu também a um propósito de ordem econômica: o reino estava arruinado e a mão de obra escrava dos demônios veio à calhar. Enriquece-se o reino, anima-se a população, conquista-se a confiança (traduzida em apoio político e material) da nobreza e da alta burguesia que lucram com o comércio escravo e com o próprio crescimento econômico. Parte dos demônios contudo fugiu e estabeleceram uma capital no exílio, da qual Azazel foge e parte sozinho em direção à Anatae. O segundo passo de Charioce é obter as relíquias que estão em poder dos deuses, e para isso começa a atacar vários de seus templos. Tudo ia bem, quando surgiu o primeiro foco de oposição: Joana D’Arc não suportava ver seu povo matando deuses e oprimindo demônios.
O rei dá de ombros, mas aproveita a chance para tentar aumentar seu próprio poder e avançar a agenda anti-divina: cobra de Joana que renuncie publicamente à sua fé e jure obediência a ele. Ela se recusa e é expulsa. Kaisar se torna o novo comandante da Ordem após esse evento que foi apenas o primeiro na diminuição da relevância dos Cavaleiros de Órleans. Joana vai morar sozinha fora da cidade, plantando sua própria comida e fazendo tudo o que precisa por conta própria. Jamais abandona a sua fé. Até que um dia, de seu ventre, nasce El, herdeiro do poder de Miguel, que morreu na primeira temporada pelas mãos da própria Joana, então corrompida, durante a batalha do despertar do Bahamut. Em uma coincidência maldita, Sofiel é salva por Joana quando estava sendo perseguida pelos Cavaleiros de Ônix, e isso faz com que o Céu e Charioce descubram a existência de El. Joana seria presa, mas não sem antes mutilar o próprio filho, cortando-lhe as asas e escondendo-o entre crianças demônio escravas. Ele seria salvo por Azazel que acreditou que ele fosse um demônio e passaram a viver juntos desde então.
Os anos se passam e Charioce segue com seus planos. Ele já possui tudo o que precisa, trata-se agora apenas de terminar a construção do Dromo. Nina conhece Favaro e “treina” com ele para se tornar caçadora de recompensas, e no fim ele diz a ela para ir para Anatae e procurar pelo Baco, o que ela faz e contra a vontade do deus passa a viver com ele. Acaba se envolvendo com Kaisar e Azazel também, e como não controla sua transformação, acaba se tornando um dragão vermelho descontrolado e se torna um alvo procurado pelas forças de segurança do reino. Quando Azazel descobre que Nina é o dragão, decide usá-la para matar o rei. A essa altura ela já havia se apaixonado por Charioce sem saber quem ele era, ela não se transforma em dragão, o plano de Azazel vai por água abaixo, todos os demônios morrem, ele, Nina e Kaisar são presos pelas forças reais e El, que ao tentar ajudar se expôr e foi descoberto por Sofiel, é capturado e levado para o Céu.
Com El, Gabriel se sente segura de que pode derrotar Charioce e faz a cabeça do garoto, convencendo-o não apenas a ajudar, mas inadvertidamente fazendo-o crer que ele é O Salvador. Gabriel declara a guerra e Charioce aceita, e durante a batalha que se segue o Dromo é usado pela primeira vez. Por culpa da arrogância e inexperiência de El, a maior parte das forças celestiais é aniquilada. Kaisar, Favaro (que estava preso também, porque sim), Joana e Nina fogem da prisão durante a confusão, junto com Rita que havia ido resgatá-los, e Nina encontra com Charioce – e descobre quem ele é. No final, Kaisar termina recapturado para permitir a fuga dos demais. Os deuses recuam, Nina e Joana partem para o Céu atrás de El.
Joana D’Arc reencontra o filho depois de muito tempo, mas ele foge com Nina e Baco do Céu, ainda convencido de que possui uma espécie de missão que só a ele cabe cumprir. Joana parte atrás, com Sofiel. Ao mesmo tempo, Favaro liberta Kaisar e Azazel da arena de gladiadores. Quando Nina e El retornam, eles decidem tentar descobrir o que o rei está planejando, e Kaisar recruta a ajuda de Dias e Alessand. Por causa da relação romântica entre Nina e Charioce, a missão é um fracasso e durante a fuga Joana e Sofiel os encontram. Só então Alessand descobre que El é a tal “criança sagrada” e, por impulso, decide assassiná-lo acreditando que isso será do interesse do reino e portanto bom para ele. O rei parte para Aboth enquanto Joana D’Arc retorna com Sofiel para o Céu e obtém de Gabriel o apoio que precisa para promover uma nova guerra contra Charioce, e Azazel convence Lúcifer a fazer o mesmo.
Agora, como vimos nesse episódio, as forças lideradas por Joana se encontraram com dissidentes de Anatae, o que inclui uma unidade dos Cavaleiros de Órleans, outros humanos e muitos demônios, e com essa força mista de humanos, deuses e demônios começa o ataque contra a capital. Tendo descoberto que o rei havia partido para Aboth, Dias avisa Kaisar que conta para Nina, que por sua vez parte com Baco e Favaro atrás de Charioce. Lá, descobre toda a verdade. Em Anatae, a tempestade está apenas começando.
Ufa! Foi longo, espero não ter sido chato ou monótono! Relendo tudo isso, acha que havia muito que qualquer um dos personagens pudesse ter feito de muito diferente? É verdade que Charioce poderia ter tentado usar a diplomacia com deuses e demônios para derrotar o Bahamut, mas lembre-se das circunstâncias em que o plano foi originalmente concebido e de como o próprio Charioce chegou ao trono. Naquela época seria sem dúvida impossível que um caminho diferente fosse adotado. Mudar depois? Qual foi exatamente a oportunidade que Charioce teve para isso? Seu plano está dando certo desde o começo. Mais: se deuses e demônios tivessem ajudado a construir o Dromo, como impedir que a super-arma caísse nas mãos deles após derrotar o Bahamut e acabasse usada então para oprimir os seres humanos?
A Nina não deveria ter confiado em Charioce antes? Esse é um argumento que já me cansou. Ela o amava. Ela ainda o ama. Ela só conseguiu atacá-lo agora nesse episódio por causa de todo o pesar que está sentindo por causa da morte do El, que ela acredita ter sido encomendada por ele, junto com a raiva que sente por acreditar que ele a mandou matar. E mesmo com tudo isso ela ainda não foi capaz de matá-lo. Porque ela estava furiosa, ela nem quis ouvir a verdade. Tente outra: Joana D’Arc deveria recuar após Kaisar informá-la que Alessand agiu por conta própria? Acho que a resposta dela foi o bastante, mas vou colocar aqui de outra forma para ficar mais clara: se Charioce não tivesse colocado um preço na cabeça do El em primeiro lugar, Alessand jamais teria pensado em assassiná-lo. Some isso às demais razões que ela já tinha desde antes do El nascer para não gostar do Charioce, e multiplique isso pelos anos em que ela passou presa, humilhada e ameaçada constantemente pelo rei. É impossível impedir a marcha de Joana D’Arc. Porque ela está furiosa por razões que vem de antes da verdade desse evento isolado e trágico.
A chegada do Bahamut deva bagunçar tudo em Anatae. Estou ansioso para o desfecho!
thiagofrancodeoliveira
Obrigado pelo resumo,encaixou a História toda e ainda me fez pensar o que eu faria diferente na pele dos personagens,assim como vc espero muito dos últimos episódios,no aguardo deles e do seus textos,abraço
Fábio "Mexicano" Godoy
Não é? Talvez eu tomasse uma ou duas decisões diferentes, mas mudar o resultado final é bem difícil. A gente imaginar o que a gente faria é fácil, mas se colocar no lugar de outro, nas circunstâncias de outro, é bem mais difícil.
Obrigado pela visita e pelo comentário =)
Adriano Martins
Sensacional, espetacular, maravilhoso episódio e o anime no um todo. Único defeito, a nina é muito babava.
Fábio "Mexicano" Godoy
Babava? =D
Eu estou gostando bastante de Bahamut: Virgin Soul sim, assim como gostei do Genesis!
Obrigado pela visita e pelo comentário!
Brynhildrnn
Olá! Ótima analise do episódio 22, apesar do textão eu li ele inteiro e foi bem certeiro! Parabéns! Tive a impressão que o roteirista ou diretor passou a odiar os personagens da primeira temporada, esquecendo alguns propositalmente como o Lucifer, mas como focou no Azazel até que da pra aceitar…Enfim, ótimo anime que esta chegando ao fim….quando eu vi o episódio do El..pensei “pqp ele não fez isso!?”, foi triste..já tinha passado por situação semelhante em Fairy Tail no arco da ilha e depois em Aldnoah Zero..!
Ganhou mais um visitante!
(agora estou de olho no fim Youkoso Jitsuryoku…vai ser triste se só tiver 1 cour ou se não houver continuação..)
Fábio "Mexicano" Godoy
Odiar os personagens da primeira temporada por quê? O Favaro apareceu pouco porque ele era o protagonista, se tivesse um papel maior acabaria roubando a cena da nova protagonista. Ele apareceu na hora certa e tem as participações certas. O Kaisar cresceu em relação à primeira temporada. A Rita continua no mesmo nível. A Joana ganhou muito mais profundidade como personagem também, bem como o Azazel. E o Lúcifer? O Lúcifer era pouco importante na primeira temporada também, ora, ficou o tempo todo sentado em seu trono, mais ou menos a mesma coisa que fez agora. Se qualquer coisa, ele até melhorou um pouco.
Talvez essa temporada esteja mais _cruel_ com seus personagens em geral, novos e recorrentes. Mas eu não teria reclamado de um pouco mais de drama na primeira temporada também, embora eu acho que seria difícil com a necessidade de apresentar personagens, o mundo, a história, e tendo apenas a metade dos episódios dessa segunda temporada.
Agora, Aldnoah.Zero? Eu assisti. Teve pontos altos mas o roteiro foi bastante covarde, nenhum personagem importante morreu – quero dizer, tecnicamente a princesa “morreu” duas vezes, mas ela sempre melhorou depois, né. O final foi bastante positivo também (se você ignorar o massacra de milhões ou bilhões de anônimos durante a guerra).
Enfim, estamos aqui sempre para conversar e discutir essas coisas, bem-vindo =)
Obrigado pela visita e pelo comentário!!!