Contrariando um pouco o que falei na análise passada, nesse episódio Black Clover foi mais na direção do que se espera de um anime do seu tipo, apesar do momento filler de enrolação de praxe. Foi bom? Não muito, mas a fórmula básica de um battle shounen é essa: porrada, besteirol, situações convenientes e alguma coisa a qual se agarrar emocionalmente – por mais rasa que pareça.

É sério, toda aquela parte do Magna com o prefeito da cidadezinha é coisa do anime, aliás, em todo episódio há muita coisa que não há no mangá, o que seria bom para complementar o material original que é bem mais objetivo, mas não é o que ocorre aqui, porque é ainda mais mal escrito que o mangá em si, já que até por ele ser mais dinâmico esses defeitos não ficam tão aparentes ao leitor.

É assim que os ships começam, com um salvando o outro, etc…

Apesar disso, essa parte acabou sendo boa para tentar dar uma carga dramática a segunda metade, na qual o Magna teria que lutar para proteger pessoas indefesas e que ainda por cima ele conhecia e pelas quais tinha certo apreço. Isso é o básico do shounen de porrada, levar o dever dos mocinhos ao nível pessoal para que isso gere impacto e faça com que eles possam dar o máximo de si para vencer.

Foi eficiente? Olha, não muito. Já vi vários animes desse tipo fazerem isso de forma bem melhor, mas ao menos houve a intenção de fazer o básico. Inclusive, o ponto alto desse episódio foi construído em cima daquelas velhas conveniências de battle shounen, daquele clássico momento em que do nada uma pessoa pede ajuda e logo o personagem se comove e decide ajudar, mas pelo menos foi um pouco diferente do comum por ter sido orquestrado pela heroína e não pelo herói da história.

Confesso que não achei tão ruim essa historinha dele com o prefeito

Uma das coisas que me fizeram continuar a ler o mangá foi exatamente isso, a personagem Noelle e como ela ganha relevância na história e é desenvolvida ao longo dela. É cedo para afirmar que o anime irá conseguir ser bem-sucedido nesse quesito, mas ao menos acho positivo que a heroína tenha sido posta em uma situação de destaque – quando geralmente isso ocorre mais com o herói.

Não é porque o público alvo são garotos que as garotas também não podem se destacar, né? Esse, por exemplo, é um dos poucos problemas que vejo em Boku no Hero, o fato de as personagens femininas terem pouco destaque ou só desempenharem papéis de suporte, quase nunca tendo relevância em primeiro plano para o desenrolar das situações, além de não terem uma construção tão contínua quanto a Noelle teve – no mangá, como já disse, vamos ver como se dará isso no anime.

Sei que ela controlou o poder do nada, mas é um battle shounen, não dá pra esperar muito…

Voltando à história, aquele mapa mostrado é uma das coisas mais idiotas que vi nos últimos tempos e – ou minha memória me traiu de novo, ou ele só apareceu agora no anime e até me deixou confuso – por que aquela é a divisão da região em que o Reino deles se encontra? Não entendi direito. Sei que Diamond e Heart são outros Reinos pela minha leitura do mangá, mas não ficou claro o que era Clover ali – se era Reino Plebeu + Reino Nobre + Reino Abandonado + Saussy + o quê? Enfim, isso infelizmente só “idiotifica” algo que era para ser um dos pontos fortes da série, a diferença de classes. Ao menos deu para entender que o inimigo buscava algo de importante naquela região.

Mostre-me um mapa mais idiota e falhe miseravelmente!!!

O final foi aquela situação clássica dos mocinhos lutando para proteger a população, que foi feita de refém, do vilão com o momento em que um personagem desperta um poder do nada para conseguir tirá-los da tal situação. O fato de tudo acontecer muito rápido e sem um desenvolvimento melhor é ruim, mas é bem comum nesse tipo de anime então não acho muito necessário reclamar mais disso.

Em compensação, se voltarmos ao começo do episódio podemos ver a Noelle se preocupando com o Asta e se entrosando melhor com ele e com o Magna, o que faz esse momento final parecer um pouco menos “do nada” e tenta fazer algo necessário para a personagem, torná-la menos antipática.

Em um anime marcado para ter 51 episódios é importante fazer com que a heroína principal “caia nas graças” do seu público e acredito que esses detalhes contribuíram para que isso seja bem feito.

Não podia faltar o momento clichê em que o personagem fica indeciso e se decide do nada…

Ademais, só posso dizer que esse episódio não apaga os episódios horríveis anteriores, mas ao menos dá uma luz de que o anime possa ficar mais interessante, ou menos chato, mesmo lento e se entupindo de uma construção de mundo e de personagens duvidosa. Pela prévia parece que o prefeito não vai morrer, o que acho uma pena e tira o peso dramático pretendido à situação, mas isso é coisa a se reclamar em um próximo artigo, pois chegou a hora de eu ir embora com a bruma!

Até a próxima!

Teria sido melhor se os movimentos de espada do Asta tivessem sido melhores…

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