Mahou Tsukai no Yome – ep 11 – Passado que conecta
A história de Elias continua sendo contada, e suas conexões com Lindel bem como com sua mestra, por meio de flashbacks e conversas à luz de fogueiras e até chaminés. Quando a linha do passado se cruza com a do presente, tudo o que nos resta fazer é esperar para conferir o que foi feito, dito ou pensado, e como isso interfere na construção atual desses indivíduos tão complexos e ímpares.
A jornada de autodescobrimento e conhecimento entre Lindel e Elias elucida muito da natureza (mais evidente do que nunca naquela sua forma “pura”) do nosso famoso Magus Bride. Suas capacidades, sua ausência de pretensões ou de sentidos em sua caminhada o aproxima muito da situação em que Chise se encontrava. Assim, a complementaridade e a concomitância fazem suas vezes na história desse casal há algum tempo já.
Contudo, é na forma de uma sombra (sinistra e maligna) que o autor materializou a essência do mago. O contexto da cena é de fácil compreensão inicial, mas se estenderá patamares bem mais enraizados. A violência, associada a quase inexorável perda de controle colocam Elias numa posição bem complexa.
Outra nuance do mago é sua capacidade cognitiva bem elevada. Associado a isso, ainda tem habilidade motora e companheirismo também bem presentes. Tudo isso ajuda a modelar um personagem que com certeza não pode ser traduzido numa folha de papel. Sua profundidade narrativa (em que seu arco vai sendo gradativamente elucidado) e sua profundidade psicológica colocam-no numa posição a qual restava apenas um detalhe para consolidar o enredo envolvendo o mago de maneira brilhante e clara: um conflito interno.
Mas isso não demora a acontecer, já que logo ficamos sabendo dos interesses culinários de Elias por humanos. O tema principal em questão é controle. Porém, a veiculação universal trabalhada nesse arco não é apenas humanidade, como também reconhecê-la no outro, ou seja, exercitar a alteridade. Trazer à tona e com essa riqueza de interações faz de Mahou Tsukai no Yome um anime bem superior a tantos outros que se propuseram certa profundidade psicológica, porém se perderam miseravelmente no caminho.
Depois de finalizar, pelo menos por ora, o passado de Elias e utilizar Lindel como uma ponte narrativa para personalizar, ainda mais, a trajetória do casal principal, o objetivo se volta para a construção da varinha de Chise, sempre envolta no clássico manto da magia iluminada, musical e dançante que toma sempre toma conta daquele lugar.
Como fechamento, o episódio lança mão de toda sua conotação para conectar os dois e pelo menos deixar encaminhada alguma resolução para a falta de diálogo tão angustiante entre eles. Um lado sombrio e frio; um lado confuso e quente. Demonstrar a complementaridade, aprofundar e conectar; essa foi a ordem escolhida pelo autor pra nos desnudar esse universo mágico e, tenho que admitir, funciona muito bem.