Imouto sae Ireba Ii – ep 12 final – Tudo o que você precisa é desse anime!
Confesso que não queria escrever esse artigo porque não queria me despedir de um anime que me surpreendeu tanto e me tocou tão profundamente, ao mesmo tempo em que estava muito animado para escrever sobre esse último episódio por achar que tem muita coisa de legal a se falar sobre ele e que, realmente, “tudo o que você precisa é desse anime!”. Vamos ao ato final de Imouto sae Ireba Ii!
A primeira parte do episódio veio para preencher uma lacuna que havia na história: o passado do Itsuki e como ele passou a gostar tanto de irmãs mais novas. Isso era importante narrativamente – afinal, sua conquista se deve muito ao fato de ele gostar delas e escrever sobre isso – agora que ele chegou a um ponto de virada em sua vida e foi a escolha mais sensata para o final do anime, porque não daria tempo de resolver os outros problemas que a obra apresentou – a identidade da Chihiro, o interesse amoroso do Haruto, o romance da Nayuta com o Itsuki, etc – de forma satisfatória.
Jurava que a garota de cabelo vermelho da abertura era apenas a Chihiro de maid e lente de contato, mas que bom que não era, pois a existência da personagem no passado do garoto torna toda a experiência traumática que o levou a gostar cada vez mais de irmãs mais novas mais palpável. Sacar mão desse recurso de roteiro aos 45 do segundo tempo só fez sentido porque o ápice do anime foi o fim do episódio 11, então entender o “princípio da coisa” a essa altura é necessário e ligar a sua ausência familiar a rejeição amorosa daquela que o considerava um “irmão mais novo” foi uma forma simples e crível de construir a base para o que o Itsuki se tornou – um escritor siscon.
Também foi bom conhecer melhor como ele era na infância, pois a perda precoce da mãe e a ausência do pai justificam tanto a sua carência por afeto e proteção – assim como a sua vontade de dar afeto e proteger alguém, que no caso seriam as irmãs mais novas – a partir da figura materna quanto o ressentimento e dificuldade de comunicação para com a figura paterna. Mesmo adultos às vezes criam problemas familiares que demoram anos a serem superados, então imagina como deve ter sido difícil para uma criança que só encontrava companhia na literatura e na amiga que naturalmente se tornou a sua primeira paixão, assim como a sua primeira decepção amorosa? Isso também tem tudo a ver com o fato de ele querer ser o protagonista da sua própria história, pois só assim ele poderia tomar as rédeas da sua vida e finalmente ter o que queria de bom para si mesmo.
Não é como se ele fosse um coitadinho ou uma vítima do destino, mas esse personagem com certeza teve uma infância difícil e como ele já não tinha mais uma “família de verdade”, faz sentido ele procurar um apoio emocional, beirando a obsessão, na figura de uma irmã mais nova – algo que ele ainda poderia ter caso a sua mãe fosse viva ou caso o segundo casamento de seu pai tivesse sido melhor aceito por ele, o que não foi por circunstâncias ainda não muito claras – e ter sido relegado a “segunda plano” (não que tenha sido exatamente isso, mas ele era um garoto, então como dizer que não faz sentido ele ter reagido daquela forma?) por sua “irmã mais velha” o fez criar uma aversão a essa figura. Usar esse seu gosto peculiar e a sua paixão por light novels como combustível para escrever e, mesmo que inconscientemente, tentar ganhar status de protagonista na sua própria vida foi uma forma natural e realista de lidar com a situação já que ele sempre foi um garoto certinho e tímido que dificilmente extravasaria as suas frustrações de outra forma – sendo rebelde, etc.
Entender melhor esse personagem e porque ele é assim é importante para esse anime, porque mesmo que você não se comova com a história de vida dele não é difícil entender porque ele se transformou no que é hoje e que faz sentido o que ele quer para a sua carreira. Ter admitido que gosta da Nayuta, mas ainda não se sente seguro para ficar com ela, mostra que ele não é só um obcecado sem noção por irmãs mais novas, que ele tem sonhos, tem objetivos que – por mais difíceis que sejam – quer tornar realidade em sua busca para se tornar o protagonista da sua vida.
Na segunda parte nos é entregue o que meio que era esperado – e o que dava para fazer de melhor em meio episódio –, mais um jogo envolvendo a criatividade em comemoração à notícia do anime do Itsuki, o que poderia ser apenas mais um momento divertido, mas nem foi tão divertido assim, só que em compensação foi muito importante para concluir o que a obra queria dizer tematicamente.
Jogar justamente um jogo de carreira de autor de light novel apresentando diversas formas de se trabalhar dentro desse nicho foi extremamente adequado pelo resultado dessa dinâmica, mostrando que mesmo que você ganhe muito bem ou seja bastante popular há sim uma grande carga de problemas atrelados a isso e que te darão muita dor de cabeça, mas, ainda assim, vale a pena ser um escritor porque essa é a vocação e a paixão de cada um dos escritores que estavam naquele recinto.
É como se mesmo infelizes eles fossem felizes “só” por estarem fazendo aquilo que gostam, aquilo que eles querem fazer, vivendo a vida com um propósito que a dá sentido. E não bastasse a belíssima e tocante mensagem passada, a história ainda aproveita a força dessa mensagem justamente para trabalhar a personagem que ainda não tinha um propósito claro dentro da história através da sua experiência com essas pessoas que sabiam o que queriam na vida e batalhavam dia a dia por isso. Após ver como é difícil e, ainda assim, gratificante a vida de um editor, faz sentido a Miyako se interessar pelo trabalho, se interessar por abraçar a história de outra pessoa e se esforçar para torná-la melhor com o carinho e a empatia ao próximo que ela demonstra ter desde o começo da história.
Se ainda existem coisas abertas em Imouto sae Ireba Ii – e que só devem se resolver na novel e em uma possível segunda temporada – ao menos os personagens Itsuki e Miyako chegaram a conclusões que mesmo que levem a novos desafios já dão um vislumbre do caminho que devem trilhar para resolvê-los e isso impacta diretamente nos personagens Nayuta, Haruto e Chihiro, pois a felicidade deles está diretamente relacionada a felicidade desses dois, o que se não dá um fechamento totalmente satisfatório a história entrega o que era possível para um anime de apenas 12 episódios.
Não poderia deixar de comentar sobre como os resultados do jogo refletiram mais ou menos o caminho dos personagens até ali e que mostrar no finalzinho do episódio que o anime da obra do Itsuki só saiu por “sorte” – o que faz sentido se pensarmos que a sua novel não vende tanto e sua adaptação em mangá ainda é recente – e ele, ainda assim, agarrou com unhas de dentes a oportunidade que apareceu a sua frente – mesmo demonstrando depois uma natural ansiedade e um certo receio de não dar certo – foi um belo exemplo de como as coisas não são fáceis em sua carreira e que ele vai ter que se esforçar muito para compensar o baixo orçamento e o baixo tempo de produção com uma história que consiga cativar o público e fazer com que ele possa ficar ainda mais próximo de ser o verdadeiro protagonista da sua vida e não somente uma sombra da amada.
Outra coisa muito bacana de se observar é que a obra dialoga diretamente com a obra de seu protagonista, pois o que é esse anime senão uma produção de baixo orçamento e com um provável baixo tempo de produção que, ainda assim, conseguiu se mostrar bastante cativante e relevante por conta de sua boa história que foi muito bem contada? Para ter o sucesso que o Itsuki almeja, ele vai ter que fazer o mesmo que o Yomi Hirasaka – autor de Imouto – fez, o que foi uma brilhante forma de se colocar na história através de seu personagem, sem, contudo, forçar algo para conseguir isso.
“Tudo o que você precisa é de uma irmã mais nova” é um anime bastante peculiar, pois ele não subestima e nem superestima a sua audiência, entregando uma história bem escrita e bem contada, sem, contudo, deixar de abraçar a sua comédia pastelão e a sua predileção por situações estranhas.
É como se o autor, assim como a equipe de produção do anime, entendesse bem como funciona esse tipo de entretenimento no Japão e aproveitasse para contar a história que quer ser contada, uma que te cativa nos detalhes e na sinceridade com a qual aborda os seus temas. Sem se perder ou se sabotar, Imouto sae Ireba Ii é aquele anime que você pode não querer, mas que você precisa ver, podendo ser apenas para dar boas risadas, se deliciar com uma história bacana e envolvente ou se deparar com um belo exemplo de obra que acerta em quase tudo em que outras geralmente falham.
O anime usou de diversos recursos “duvidosos” que poderiam tê-lo tornado horrível – clichês, fanservice, comédia escrachada, diálogos bizarros… eu já disse fanservice? – para dizer o que queria dizer e, ainda assim, conseguiu passar bem a sua mensagem, sendo muito mais relevante do que simples metalinguagem, sendo relevante como uma ótima história sobre o ato de criar, tomar as rédeas da sua própria vida e seguir em frente acreditando em si e na importância de fazer aquilo que se ama. Dou 4 estrelas de 5 para esse anime, tão merecidas quanto o sucesso de seu divertido protagonista.
Antes de terminar o artigo e me desfazer em saudade, só gostaria de relatar a minha experiência pessoal ao ver o anime enquanto alguém que almeja um dia se tornar escritor como os personagens. Foi gratificante acompanhar uma história que soube tratar de forma tão natural e honesta o ato de criar, mostrando bem as dificuldades de um autor profissional, assim como os frutos de seu trabalho e o que o motiva a continuar escrevendo mesmo em meio a todos os problemas e percalços da vida. Acredito que isso se deve muito a experiência do autor em si e muito do que foi dito e mostrado no anime me marcou profundamente e me fez ter ainda mais certeza de que é mais ou menos esse caminho que eu quero para mim. Assim como com a Miyako, essa convivência me fez muito bem!
Só tenho a agradecer a quem acompanhou meus artigos, foi ótimo poder escrever para vocês sobre um anime que me marcou profundamente e me divertiu tanto. Tudo o que você precisa é ser feliz!
issei gentil
Adorei esse anime pelo fanservice e pelas irmãzinhas mais novas, nos jogos complexos e dramas eu pulava as cenas, essas partes me davam dor de cabeça eu queria é ver as lolis fofinhas do anime se divertirem e encherem minha tela de beleza e fofura e frescor assim como de uma calcinha recém usada de uma irmãzinha mais nova dentro do meu chá.
Wellington
Alguém poderia me falar em qual cap do mangá termina a primeira temp?