Esse foi um ótimo episódio e se quiserem saber por que, jogariam shogi comigo para descobrir?

Ryuuou no Oshigoto! tem toda uma gama de aspectos questionáveis sobre os quais a trama foi construída e através dos quais ela é desenvolvida, mas, ainda assim consegue entregar uma história boa e interessante. Grande parte disso se deve justamente a relação entre mestre e discípula, um laço que foi formado nos dois primeiros episódios e é posto à prova nesse, o qual vemos se fortalecer diante da convicção de um mestre em ajudar sua discípula, uma garota que luta pelos seus sonhos!

O que ela estava precisando e mostrou ter, pois de resto ela foi muito bem!!!

Impor para a filha de nove anos três vitórias consecutivas diante de quaisquer adversários que viessem a enfrentá-la não foi uma condição nada razoável por parte da mãe da Ai, e é diante dessa aura de “ou vai ou racha” que ela começa as suas partidas, derrotando bem seus dois primeiros oponentes – um deles ser profissional não é algo surreal sendo ela um prodígio… – e tendo uma ótima partida com a toda poderosa “Branca de Neve”, sem, contudo, vencê-la. Esse final junto da aceitação dos pais dela foi muito bom, mas talvez dê para questionar o que a mãe diz em seguida?

Olha, confesso que achei um pouco exagerada a condição dela para permitir que a filha virasse discípula do protagonista e continuasse jogando, mas, será que tudo tem que ser resolvido tão “preto no branco” assim mesmo? A forma como a Ai conseguiu o que queria mesmo sem cumprir a condição imposta pela mãe prova que não e isso me faz acreditar que esse cenário em que o Yaichi tem que torná-la uma profissional vitoriosa cedo ou terá que entrar para a família da garota é muito mais para servir de incentivo aos dois do que algo que tem que acontecer, ou não, de alguma forma.

A concentração e a seriedade da fofa, querida e adorada protagonista dessa história!

Seguindo essa linha de pensamento acho que dá para aceitar razoavelmente bem esse desfecho, mas o ponto alto do episódio para mim nem foi esse, mas sim as partidas de shogi da garota, as quais realmente me passaram a sensação de que ela estava concentrada e tensa, de que eram desafios importantes a serem superados por ela e que mesmo sem eu entender praticamente nada do jogo me fizeram crer que ela realmente tem todo o talento e espírito que foi dito que ela tinha. Se for para falar sério de verdade, que o anime faça isso bem feito, se for para fazer o público acreditar no que está sendo dito sobre o que está acontecendo de relevante, que o anime faça isso direito. Dessa vez ele fez isso, ele conseguiu mais uma vez tratar o shogi com respeito e agora causar certo impacto, mostrando que tem potencial para falar sério e falar bem sobre a formação de uma garota prodígio dentro do shogi. Aliás, isso está exatamente ligado a um outro ponto forte desse anime.

Enquanto Sangatsu no Lion versa mais sobre a vida de um jogador profissional e sobre o mundo dos homens que jogam shogi – não entendam isso como uma crítica, pois não é, já que Sangatsu é primoroso dentro daquilo que se propõe –, Ryuuou no Oshigoto! pega um protagonista que já alcançou o topo e agora terá apenas que lutar para se manter nele e passa a responsabilidade de introduzir o shogi e uma jornada de crescimento dentro desse jogo para a Ai, uma criança do sexo feminino. Ela ser criança e começar a jogar faz sentido e é bom, ela ser mulher é melhor ainda, pois isso dá um diferencial ao anime e pode sim retratar de uma forma respeitosa e positiva, mesmo que um tanto quanto inverossímil, o universo do shogi do ponto de vista das mulheres com todas as suas particularidades – o anime dá a entender que é mais difícil para uma mulher virar uma jogadora profissional de shogi e que homens e mulheres seguem caminhos distintos dentro desse universo.

Aquele confronto que vocês queriam ter visto mesmo, confessem!!!

Se for para usar de clichês e traquejos questionáveis para construir a base da história, que ao menos na execução se acerte, que se entregue algo que, apesar de bem simples, consiga cativar o público e fazer ele conseguir tirar algo de bom desse anime. Esse episódio me deixou feliz porque me mostrou que há esse potencial e que se ele for explorado nos momentos certos – o anime não deve falar sério toda hora, e nem tentar ser cômico e bastante questionável toda hora também – pode sair coisa boa daí sim, apesar das escolhas duvidosas feitas para construir o cerne do que conhecemos dessa obra.

Se a “toda poderosa” regra dos três episódios é uma prova de fogo para um anime, eu diria que Ryuuou no Oshigoto! conseguiu passar por ela, e creio que isso se deve muito a esse episódio, pois foi importante deixar de lado a maior parte das características questionáveis que fazem o anime ser o que ele é em prol de fazer o público acreditar nessa trama e ser capaz de levar ela a sério quando ela disser que está se levando a sério também. Espero que o anime só melhore, que vá cada vez menos abusando de fanservice e de clichês, e aproveite o seu potencial para divertir e difundir o shogi, mesmo não sendo lá muito verossímil, quando ser um anime de lolis fazendo cosas que lolis geralmente não fariam é tudo o que se espera dele. Que o shogi esteja com vocês! Até a próxima!

Sem zoeira, foi um momento até bem bonitinho esse daí!

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