Bom dia!

Para quem está chegando agora, o Café com Anime é um bate-papo sobre alguns animes da temporada entre mim, pelo Anime21Vinícius Marino (Finisgeekis), Gato de Ulthar (Dissidência Pop) e Diego (É Só Um Desenho) . Cada blog irá hospedar as transcrições das conversas de um anime: ao Anime21 caberá publicar os artigos sobre Violet Evergarden; ao FinisgeekisCardcaptor Sakura Clear Card; ao É Só Um DesenhoKokkoku; e ao Dissidência PopMahou Tsukai no Yome e Junji Ito: Collection.

Sem mais atraso, leia a seguir a conversa que tivemos sobre o episódio 6 de Violet Evergarden.

Fábio "Mexicano":
Se fosse a sua última oportunidade de testemunhar um fenômeno astronômico raro, você iria correndo ver? Se fosse a sua última oportunidade de encontrar-se com alguém querido, você sairia de seu caminho, pararia tudo o que estivesse fazendo para ir até essa pessoa?

Somos todos pó de estrelas, como os cometas, e nossas passagens pela vida são sempre únicas. A pessoa que somos antes e depois de qualquer encontro é a mesma, mas o que muda nos sentimentos? Será que a pessoa que somos antes e depois é mesmo a mesma?

Gato de Ulthar:
Só de ver esse sorriso no final do episódio, o meu coração derreteu! Mas espera, no final do episódio passado não havia acontecido um “plot twist” com a Violet Evergarden encontrando algum desafeto do passado? Pelo que parece a narrativa do anime não é linear. Falando do anime em si, acho que foi o meu episódio favorito, até liberou a veia poética do Fábio 😛
Fábio "Mexicano":
É fácil ser poético, é só falar tudo pela metade e de forma indireta 😛

Enfim, eu comentei semana passada que não achava que aquele final fosse um cliffhanger. Ela encontrou o irmão do Gilbert e foi só isso. Algum tempo não especificado depois, vem esse episódio. E é fácil de saber que esse é cronologicamente depois daquele (portanto mantendo o anime narrativamente linear) porque é mencionado o caso da princesa e porque a Violet se mostrou insegura exatamente nos termos que o Dietfried a provocou no final do episódio passado.

Gato de Ulthar:
Até que faz sentido o anime ainda se manter linear, mas eu, particularmente, achei esquisito o evento não ser minimamente abordado neste episódio, mesmo achando que foi um ótimo episódio. Não consegui perceber que a Violet deste episódio sofreu influência dos comentários duros do cara. E nem senti falta disso na verdade.
Fábio "Mexicano":
Em uma das conversas dela com o Leon ela praticamente repete o que o Dietfried disse para ela: ela foi um soldado, agora ela acha o trabalho dela maravilhoso, mas ela é mesmo adequada para isso?
Gato de Ulthar:
Sério? Confesso que não me lembrava disso. Tenho a memória muito ruim para lembrar de falas 😛
Fábio "Mexicano":
É na cena do almoço. Reassiste lá 😃
Gato de Ulthar:
Dela falando isso neste episódio eu lembro, acabei de ver. O que eu não me lembrava era das últimas frases do episódio passado ☹️
Fábio "Mexicano":
Ah sim. Bom, foi praticamente a mesma coisa que o cara disse para ela. É uma cena ainda mais curta, pode reassistir também ☺️
Vinícius Marino:
Esse foi um daqueles episódios tão bons que merecem o troféu Tokyo Revelations. Valem a experiência por si só.

Tanto sua parte humana quanto a beleza estética foram tão acima da média que deixa até encabulado. Falando nas duas (e na metáfora do Fábio que abriu essa conversa) digo que eles não poderiam ter escolhido um cenário melhor para o encontro de Violet. Eu já tive uma oportunidade de ver uma Aurora Boreal (fenômeno que aparece no céu, atrás do cometa) e é de fato algo que te faz repensar seu propósito na Terra. No final, tudo passa, e o que realmente importa são os pequenos momentos que vivemos pelo caminho. É a essência do Mono no Aware, que já vimos temporada passada com Girls Last Tour.

A título de curiosidade, eis uma aurora na vida real. Só faltou o cometa Halley passando na frente, mas acho que aí já seria pedir demais.

Gato de Ulthar:
Olha a sorte da Violet, ver uma aurora boreal e um cometa ao mesmo tempo! Será que algo parecido já ocorreu no mundo real?
Diego:
Vou dizer que duas coisas me incomodaram no episódio, a primeira sendo praticamente ignorarem o “clifhanger” do episódio passado (sim, teve a fala lá da Violet que o Fábio já apontou, mas continua sendo um mal uso de clifhanger). A segunda é o fato de que o anime parece determinado a começar todo episódio como se fosse o primeiro. A conversa entre o Leon e o seu colega de quarto não apenas é uma exposição ruim, dado que o colega só fala o que ambos já parecem saber, como nem sequer serve para informar o expectador, já que só disse o que nós também já sabíamos.

Dito isso, o restante do episódio foi mesmo excelente, e provavelmente o melhor até aqui. É legal termos essa Violet um pouco mais emocional, ainda que nem tanto, e é legal ver o efeito que ela tem nas pessoas. Ah, e devo dizer que a trilha sonora nesse episódio foi praticamente um show a parte.

Fábio "Mexicano":
O cliffhanger é ruim se você achar que foi cliffhanger 😀 Desde o episódio anterior eu vi aquilo é disse “hmm, isso em qualquer outro anime seria cliffhanger, mas aposto que aqui em Violet Evergarden não é”, hehe…

Sobre as emoções, nesse episódio a Violet disse literalmente que aquela é a cara dela, não é que ela não sinta nada. Mas vamos pegar esse gancho: como acham que a Violet expressa emoções, se é que expressa alguma? Depois de tanto tempo nessa profissão, acham que algo mudou nela? Por que ela insiste naquela piada boba de “sorrir”?

Vinícius Marino:
Acho que com certeza ela evoluiu bastante. Perdeu boa parte dos reflexos militares, para começar. Seu tom de voz também mostra algum afeto, e as próprias invectivas que ela faz dão a entender que está buscando sair da casca.

A cena em que ela “protege” seu novo BFF é ilustrativa nesse sentido. Uma Exterminadora do Futuro criada para matar não faria aquilo. Por mais truncada que seja sua expressão, ela demonstra uma vontade genuína de criar laços com as pessoas.

Gostei também de ver seu reencontro com a Luculia – até onde eu sei, uma cena exclusiva do anime. Foi um jeito bastante sutil de mostrar que ela está criando seus próprios vínculos na medida em que o tempo passa (e não apenas ajudando os outros a fazê-lo).

Gato de Ulthar:
Eu entendo a Violet, ela foi criada para ser uma ferramento do exército, sem contato humano decente. Em um ambiente como o que ela viveu não é muito recomendável exibir sorrisos e outras expressões faciais mais carinhosas. Ela sente, só não demonstra, algumas pessoas são assim, em maior ou menor medida. O sorriso dela no final demonstrou que ela está evoluindo no sentido de ser mais sociável.
Diego:
A Violet definitivamente evoluiu, o que foi inclusive um ponto de discussão na nossa última conversa, sobre como essa evolução talvez tivesse sido feita rápida demais. Esse episódio ao menos se manteve consistente com o anterior, e temos aqui uma Violet ainda bastante “mecânica”, mas já buscando, a seu modo, entender e expressar o que sente. Só não tenho a mínima ideia de de onde raios ela tirou essa mania de puxar as bochechas pra parecer que está sorrindo 😛
Fábio "Mexicano":
Será que é mania que ela aprendeu com o Gilbert? 😃

Enfim, a minha impressão inicial desse episódio foi muito estranha, com aquela procissão de mulheres que não pareciam muito felizes subindo uma montanha. Daí corta pro Leon vomitando preconceito contra dolls. O que vocês pensaram nesse começo, e quando se sentiram aliviados desse clima pesado?

Gato de Ulthar:
Eu achei uma situação muito nonsense. Um bando de macho carente esperando uma enxurrada de mulheres 😛 Parecia que eles estavam esperando esse evento há anos, o pessoal devia estar numa seca tremenda.
Vinícius Marino:
Pareceu-me uma red herring. Ou isto, ou alguém mudou drasticamente de ideia enquanto escrevia o episódio. Mesmo o ângulo “machos-carantes-à-espera-de-mulher” acabou passando batido. Quero dizer: vejam só as Olimpíadas e todos os rumores de orgias entre atletas. Se essa situação do episódio fosse verossímil, Violet teria um verdadeiro laboratório para entender o que é “amor” 😛
Diego:
Como eu disse, achei o começo desnecessariamente expositivo. Mas tirando isso, não achei o tom estranho ou fora de lugar.
Fábio "Mexicano":
Por duas semanas seguidas “reclamei” que escrevemos demais, e hoje fico com a impressão que escrevemos de menos. Talvez a culpa não seja nossa. Desde o episódio anterior que estou com a impressão que Violet Evergarden chegou a um ponto do qual não está mais avançando. Não falo em termos de personagem, acompanhar a Violet continua sendo o prazer de sempre, mas o anime mesmo vinha semana após semana me cativando mais, só que agora parece que chegou ao limite. Minha impressão está correta? Será uma barreira passageira? Bom, teremos oportunidade para discutir isso no próximo episódio, até lá ☺

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