Brutal. Essa palavra define muito bem a estreia desse anime, que durante seus quase 25 minutos (salvo erro) de duração me deixou desconfortável, e isso não é nenhum demérito, pois este show foi planejado com essa finalidade. Desde a desconstrução do gênero “menina mágica” feita pelo antológico Puella Magi Madoka Magica, nenhum outro anime que tentou reproduzir tal fórmula ousou ser tão agressivo e apelativo num episódio de estreia como esse aqui. 

A falta de sutileza demonstrada nos exageros de violência gráfica e psíquica pode ser considerada um ponto negativo para alguns, passando a imagem que foi algo gratuito, sem propósito, porém todo o sofrimento se mostrou eficiente (ao meu ver) para mostrar o drama de uma pobre garotinha à mercê da sorte (ou melhor dizendo, da falta dela). O drama da protagonista não é o foco central da trama, e sim o ponto de partida.

A história apresenta situações já vistas em outras histórias, quer seja anime, mangá ou qualquer outra mídia, para que o público crie empatia com a personagem principal, só para depois mostrar que a situação pode ficar ainda pior. Ganhar poderes seria a redenção para a Aya (protagonista) conseguir escapar do ciclo de infortúnios que ela passa dia após dia, mas o que seria uma bênção não passa de uma maldição. A história nem dá tempo para a pobre garotinha criar alguma esperança, mesmo que falsa, pois a narrativa depressiva deixa a história com um tom pessimista.

O GATO NÃO! O GATO NÃO!

Tudo no episódio foi pensado para escandalizar, tirar o espectador de sua zona de conforto lhe causando angústia, ao mesmo tempo que somos induzidos a odiar certos personagens a ponto de desejar a morte dos mesmos. Cada gênero de anime tem um propósito e nos faz despertar determinados tipos de emoções e reações. Uma comédia tem como objetivo nos fazer sorrir, já um drama tem como meta despertar nossas emoções. Num horror psicológico ou gráfico, o objetivo é causar incômodo mostrando a dor, o sofrimento e o lado podre que pode estar escondido em cada um de nós.

Se nos mahou shoujos tradicionais, adoráveis garotinhas lutam contra monstros e outros vilões que personificam a maldade, numa versão dark desse tradicional e consagrado gênero, os monstros somos nós mesmos. A podridão que as pessoas podem esconder na sua alma foi exemplificada de forma caricatural nesse episódio. Desde as colegas de classe da Aya até seus próprios familiares, todos eles estavam corrompidos. A morte dela não interessava para as suas colegas valentonas e para seu irmão sádico, pois o que eles queriam era continuar a maltratando e a humilhando, porque isso era a fonte de prazer deles.

Tarde demais

Se de um lado temos figuras perversas e doentias, do outro temos a omissão e descaso dos pais dela que não estavam nem aí para os problemas de sua filha. A apatia do professor é simplesmente angustiante, pois ele poderia representar um auxílio e até ser a figura protetiva que deveriam ser os pais.

A parte técnica não é das melhores, mas a staff se esforça para entregar o clima dark necessário ao público, desde a paleta de cores sombria até a trilha sonora depressiva (embora simples) que se encaixa com a obra.

Sobre a personagem principal, tenho a dizer apenas que é uma pobre coitada cuja vida só deve piorar com o passar dos episódios graças a um autor sádico obcecado em fazer meninas mágicas sofrerem.

Obrigado a todos que leram este artigo, e até a próxima!

  1. Ainda naum vi,mas pelo que a Protagonista passa sem dúvida é algo triste….Quem aqui já passou por esses Traumas de Bullying,sabe do que estou falando….

    Li O Mangá e vi que ela passou por muita coisa,mas paro aqui pois seria spoiler….

  2. Já faz tempo (desde do anúncio desta obra para anime tv),que eu estava curioso do que iria sair daqui.
    Eu não estou habituado a ver, e muito menos opinar sobre animes de Mahou Shoujo, mas este anime, como é mais pesado e trabalha a parte psicológica. tem drama e sobrenatural (que são temáticas,que gosto de ver retratadas em anime), decidi vê-lo e ainda comentar, as primeiras impressões dele.
    Logo no começo do episódio, a aura de tensão e desespero, isso tudo na expressão dolorosa e angustiante da Aya. Com o passar do episódio, o meu desconforto só aumentava, eu que já vi animes extremamente gráficos, estava a ficar com suores frios e tensão, quando via a pequena Aya, a comer o pão que o Diabo amassou na escola e mesmo em casa. O meu maior factor de desconforto e incomodo, não foi as agressões físicas em si (que em alguns momentos, foram um pouco exageradas, isso é um facto, mas funcionaram, para mostrar a situação miserável da Aya) e sim a veracidade no mundo real, que elas representam. Quantas meninas, não sofrem com o bulliyng nas escolas, pelas mãos de monstros em pele humana, o anime apresentou isso muito bem, com o trio de bulliys, onde três garotas frustradas e fúteis, descontavam a sua fúria numa menina inocente e incapaz de se defender (aqui já dava para ver, que o anime iria ser tão pesado, como diz na sinopse). Achei revoltante a falta de atitude do professor, a cara de descaso dele, foi nojenta. Como ele, como docente, não repreendeu as alunas que escreveram na mesa da Aya, e ainda a encheram de porcaria, ele simplesmente obrigou a Aya, a sentar-se numa mesa imunda e numa cadeira imunda, como se ele quisesse mostrar, que quem mandava ali era ele. De pensar que existem professores cegos como ele, em relação ao que acontece na sua sala de aula, deixa-me doente.
    Passando mais uma vez, ao trio de bulliys e ao começo do episódio (parte pós abertura, quando a Aya vai abrir o seu cacifo de sapatos na escola), como o trio asqueroso, conseguiu arranjar tantos pinos e lâminas de Gillette para colocar nos sapatos da Aya. Na minha ideia, sempre achei que fosse proibido entrar com objectos cortantes na escola, mas pelos vistos, a escola da Aya, além de ter professores mal formados, ainda faz descaso da segurança dos seus alunos.
    A cena da hora das limpezas, deixou o meu eu interior, em raiva profunda, aquele trio de monstros sob pele humana, não tem a plena noção, do quando asquerosas estavam a ser. Elas podiam ter matado a Aya, com aqueles chutes, será que elas não têm o senso da realidade (já nem falo da cena do vaso sanitário, senão ainda expludo de raiva). Se eu já estava a achar a cena do banheiro pesada, quando o trio de covardes, tira uma foto à Aya, para enviar a um senpai (que a iria estuprar a Aya, só porque sim), eu fiquei possesso (sem exagero, fiquei dez minutos a falar tantas palavras do vernáculo e nem assim, me acalmei).
    Antes de passar mais adiante, a cena da casa da Aya, é a perfeita definição, que nem tudo é o que parece. Num primeiro ponto de vista, parecia que o ambiente familiar era normal, até que passei a estranhar a atitude tensa da Aya, durante o jantar. O irmão da Aya, além de cínico, cobarde ele é um excelente actor, quem diria que ele usava a irmã mais nova como saco de pancada. As motivações dele, para espancar a irmã de forma brutal (ele nunca deve ter aprendido dos pais, que numa mulher, nem se bate com uma flor), são tão vazias e injustificáveis. Se ele sofre com as pressões dos pais, que seja homem e que responda aos mesmos, como realmente se sente. Não é a torturar a irmã, que o stress e frustrações dele vão desaparecer.
    Já falei do irmão, agora os pais, como demónios, eles não notam que a filha está a ser vitima de abusos (tanto físicos como psicológicos), o descaso deles é tão grande, que fiquei perplexo (será que a mãe, não nota na roupa de cama da filha, o excesso de suor e mesmo o vómito, ela não se questiona se a sua filha está mesmo bem). Os pais da Aya, são o pior exemplo de pais que já vi num anime (eles só a souberam gerar e parir, porque de resto).
    Passando à parte da aparição do mascote horroroso das Mahou Shoujo, a Aya, como menina inteligente que é, achou estranha aquela situação e desligou logo o computador (mas isso, não impediu que o mascote, com a voz creepy, deixasse um presente envenenado no cacifo da escola).
    Antes de passar à parte que me gerou um ódio de morte, a cena da Aya, a brincar com o gatinho debaixo da ponte foi muito bonita. Naquele momento a Aya, teve uns minutos de paz, no meio do sofrimento, foi nessa altura que conseguimos ver uma expressão mais serena na cara da Aya. Eu já esperava, que a bully nojenta que seguiu a Aya, fosse fazer mal ao gato, mas nunca pensei, que ela tivesse a coragem de matar o gato a sangue frio.
    A pequena Aya, quando viu a trilha de sangue na passagem do comboio (trem), ela meio que já sabia, que o único amigo de verdade tinha morrido (para passar uma ideia dessas, na cabeça dela, já dá para imaginar o stress e pressões que ela sobre todos os dias).
    A parte do depósito do ginásio, foi a única que me fez, questionar se eu iria terminar o episódio ou não. Já não bastava o abuso brutal que o trio de monstros nojentos, faziam na Aya, para sua diversão, elas ainda tinham que tentar tirar à força a pureza da Aya, para a vergar ainda mais. O senpai, que a garota bully que matou o gato trouxe, foi meio trash, mas representou bem a maldade daquele trio de abusadoras. Esse senpai, é outro monstro e pau mandado, ele ia destruir a vida de uma pessoa, para sua diversão e para a diversão das abusadoras. A parte do quase estupro, no parque de estacionamento, reforçou ainda mais a minha tese, que tanto o senpai, como a assassina de gatos, eram tudo menos humanos. Aquilo que o senpai e a Cat Killer, iam fazer com a Aya, não se faz nem ao pior inimigo.
    Quando a Aya, finalmente usou a arma de mahou shoujo, senti uma sensação de satisfação enorme. Estive 15 minutos (coisa menos coisa) com uma sede de matança., depois de ver a Aya a sofrer. Quando a Aya, finalmente puxou o gatilho da sua arma de Mahou shoujo e o senpai e a Kaijima (ou melhor, a Cat Killer) apareceram mortos na linha de trem, a minha sede de sangue foi saciada.
    Enquanto eu fiquei saciado, a pequena Aya, ficou ainda mais sob stress, ela afinal matou duas pessoas (que mereceram morrer e considero que tiveram uma morte, demasiado indolor), ela culpa-se a si mesma, mas naquela situação, ou era a vida dela ou a vida dos abusadores. Eu acho que ela não devia se preocupar tanto com isso, ela livrou o mundo de dois pedaços de estrume, que caso tivessem ido avante no abuso dela, iriam fazer a mesma coisa com outras pessoas.
    A parte final do episódio, foi a mais interessante para mim em vários pontos. Começando pela cena de falso pesar do professor da sala da Aya, ele naquele momento foi tão hipócrita no seu discurso de pesar (e quem morreu, também não merecia, ser lembrado). A parte em que a Sarina (a líder do trio de abusadoras), olha com olhos de raiva para a Aya foi tão fútil. Ela como fonte de ignição e incentivo ao abuso continuo da Aya, tinha tudo menos moral para julgar a atitude de defesa da Aya.
    A parte do banheiro, onde a Sarina em fúria interroga de forma brutal a Aya, é a demonstração de como o bulliy, quando perde a vantagem numérica e começa a sentir as consequências das suas acções, age como se não tivesse feitio nada de mal e está com a razão e moral do seu lado. A cobarde da Sarina ainda ia fazer uma ferida enorme na boca da Aya com um estilete, ferida que iria deixar a Aya com sequelas permanentes (tanto na fala, como na aparência). Por sorte apareceu a outra mahou shoujo e salvou a Aya (e a morte que a Yatsumura deu para a Sabrina, foi limpa demais, esse monstro merecia ter sofrido mil vezes, o mal que fez na Aya).
    Antes de terminar, tal como tu, tive uma vontade imensa de matar a Sabrina e a suas amigas nojentas, aquilo que elas fizeram com a Aya, não se faz nem ao pior inimigo nem a nenhum ser humano.
    Como sempre, mais um excelente artigo de primeiras impressões Flávio (este artigo de primeiras impressões, em especial, está muito bom).

    • Se tem uma Coisa que sei é que Bullying é Inaceitável…….

      Além disso Um dos Animes Mahou Shoujo q achei mais legal é o tal do Mahou Shoujo Ikusei Keikaku,mas um dia vou ver esse….

      Pra Mim Os Melhores Animes Mahou Shoujo q achei legal desse Universo Alternativo foi Madoka Maigca,Nanoha,Symphogear e o Magical Girl Raising Project já citado. Pois tem Personagens e Histórias Bem tensas e cativantes.

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