Como podemos ser tão corajosos para algumas coisas e tão covardes para outras?

Haruhiko Makiba, mangaká, sem idade anunciada, provavelmente um pouco mais novo que Bonda. Ele quer se arriscar em novos mares que não sejam mangás shounen que contenham lutas, e sim um mangá shounen que retrate a vida de um arremessador reserva no beisebol.

Natsunosuke Bonda, arremessador de 26 anos, não tão bom assim, mas ajuda o seu time quando precisa (às vezes, claro). Tem vezes que ele arremessa no diamante, mas a maioria das vezes fica no banco reserva. Mas por que se interessar tanto por um jogador assim?

Ora, precisamos nos arriscar! Mas o mais interessante é que tanto a profissão de mangaká, quanto a profissão de um jogador de beisebol, seja ele um titular ou não, se conectam. Isso porque os dois (ou mais) profissionais precisam dar tudo de si para a sua carreira e assim conseguir realizar seus sonhos e terem maiores chances de obter sucesso. Haruhiko escreveu o mesmo tipo de mangá durante meses, ou até anos, completando 23 volumes e agora está no spin-off do spin-off dele.

Quando os dois se conheceram.

Mas o que o fez seguir por um caminho mais fácil? A zona de conforto e até mesmo a covardia faz isso conosco. O medo de não fazer sucesso, o medo de ter a obra cancelada, o medo de não conseguir sobreviver a esse mundo cruel dos trabalhadores escravizados. Tudo isso causado por sua ansiedade, possivelmente o medo de nunca mais conseguir se reerguer fez com que Makiba seguisse o caminho mais rentável e o mais previsível. Todo mundo sabe que tem autores que se vendem por aí (Toriyama Akira que o diga!), e esse caminho infelizmente é o que traz mais sucesso.

“Desculpa aí, mano, mas é que eu resolvi seguir o caminho mais seguro para me garantir”.

Agora para o Bonda não tem jeito. Ou vai, ou racha. Principalmente porque seu amigo titular não consegue uma vitória tem muito tempo. Apesar de falar um pouco dele, o foco aqui é outro. Natsunosuke jogou pouco na primeira partida que passou no episódio (só ficou por duas entradas), e o finalizador falhou miseravelmente em sua tarefa de encerrar o jogo. Logicamente que os técnicos ficariam loucos, mas nada de garantias de que o protagonista jogaria.

Infelizmente, todo o trabalho que um reserva tem é: se aquecer e esperar um milagre para aparecer no jogo. Bonda sabe muito bem disso, e claro que não reclama, já que está há 8 anos nisso. Claro que ele deve ficar bem ansioso, já que suas condições são inconstantes. Tem vezes que é chamado sem estar preparado, e tem outras que se prepara mais do que o necessário e nem entra no diamante. Na segunda partida que passou mostrou isso: fez 80 arremessos como aquecimento e não foi chamado uma vez sequer.

Makiba apareceu no jogo, e ficou observando Bonda, como sempre.

O jogo estava ganho, porém Bonda não foi chamado. Era como se ele pressentisse isso e não ficou nem um pouco chateado. É por isso que dizem: nunca crie expectativas. Mas a opinião dos técnicos sempre muda, não é mesmo? Não é à toa que a nossa mente nos engana e, no final… O protagonista foi chamado! Sim! Ele fez 80 arremessos, mas a mente dele deve tê-lo traído tanto que não pensou que iria a campo.

O rebatedor não ter acreditado tanto assim que o Spiders ganharia fez com que Bonda tivesse um plano: fizesse com que mais um jogador fosse retirado da rodada para que seu time ganhasse. Outros dois jogadores receberam strike, aquele que estava na terceira base estava se encaminhando para a “casa” (por isso que, quando um, dois, três ou quatro jogadores se encaminham para a base principal é chamado de Home Run). Claro que esse jogador da terceira base achou que estava seguro dos olhares do protagonista. Mas ele não previu que Bonda jogaria a bola para a terceira base. Isso rendeu uma excelente vitória!

A mesma coragem que Bonda teve, Haruhiko não teve. Lógico, sem ressentimentos para ambos os lados. Natsunosuke é bem good vibes, o que fez com que o não tivesse aquele clima ruim. O mangaká seguiu o seu caminho, e Bonda seguiu o dele. Sem coisas ruins, apenas tranquilidade.

Um sentimento de medo, mas que pode ser transformado em coragem.

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