Não, as cenas de ação não melhoraram tanto assim, os personagens rasos não foram aprofundados ainda – mesmo tendo tido momentos mais interessantes – e os acontecimentos não fugiram do previsível; então por que esse foi o melhor episódio do anime até aqui? É disso que vou falar agora!

O episódio começa com nosso protagonista Haise Sasaki fazendo o que a sua antiga personalidade fazia de melhor: apanhar. A diferença é que o Kaneki passou a revidar no fim do primeiro anime, mas o Haise é incapaz de fazer isso sozinho e todo esse episódio se move nessa direção. Ele aceitar o Kaneki que o assombra, aquele que traz a força e a insanidade consigo, para salvar a própria pele.

Aquele momento em que todo homem sua frio e reza para todos os deuses que conhece!

Enquanto o trecho inicial dá um vislumbre da luta do protagonista, a primeira metade do episódio se ocupa com as outras lutas que estavam acontecendo no leilão e tirando as ignoradas e rasas lutas do esquadrão da Akira e do Hirako, todas as outras têm bons momentos que, acredito eu, animaram o público para a segunda metade. Não são geniais, não são super emocionantes, mas são satisfatórias.

A primeira que merece destaque é a luta com a Madame, pois é um momento importante para o Urie não só experimentar pela primeira vez o perigoso frame 4 – que não por acaso o leva a um rompante de insanidade –, como também se abrir, ainda que sem querer, com alguém. Ele despejou suas mágoas e lamúrias na Mutsuki ali mesmo, justo alguém que também era alvo das reclamações, mas que acolheu a dor e o sofrimento pelos quais o amigo estava passando em uma belíssima cena.

Essa insanidade toda dele foi bem legal. E ele ter apanhado, mesmo com ela, também.

É nessas horas que uma boa trilha sonora – o Pierrot quase nunca erra nisso – e um personagem que está sendo aprofundado faz uma baita diferença, pois ao longo dos últimos episódios foi possível ir entendendo quem era o Urie, o que ele queria, como o passado afetou as relações que ele tem hoje e como ele também está sofrendo com a sua forma de viver e a sua própria solidão. O personagem ainda precisa e deve ser mais aprofundado, mas espero que já vá evoluindo a partir desse momento.

Agora cada um sabe um pouquinho mais quem o outro realmente é…

No mesmo cenário o esquadrão do Juuzou chega divando com umas poses espalhafatosas, e nada cuidadosas, para exterminar a perigosa Big Madam, mãe adotiva do jovem investigador e que o deu uma vida cheia de cicatrizes como ele bem disse, mas pela qual ele não se recente. Afinal, se ele não tivesse sido criado por ela e salvo pelo CCG provavelmente não teria encontrado o gentil Shinohara e hoje não teria seu próprio esquadrão de companheiros leais, assim como não seria um investigador tão bem-sucedido e uma pessoa melhor. Alguém que é capaz de sorrir ao distinguir qual é a sua dor.

Talvez a adaptação não tenha transmitido tão bem a evolução dele, mas se pararmos para perceber que ele não aparenta mais ser o garoto desequilibrado de antes e hoje é reconhecido como um líder, não é difícil de concluir como a perda do Shinohara o fez amadurecer até que de forma rápida. Nada que restou do seu pai de criação poderia mais afetá-lo agora. Sim, é isso aí! Pai, pois a Big Madam na verdade é ele – o anime não deixou isso claro – e penso eu que ela fazia o Juuzou se vestir de mulher, chegando até a castrar o garoto, por uma aversão ao gênero masculino. Enfim, ela é exterminada – pontos para o chefe da operação – e o que vem a seguir é o finale da luta com a bela Quebra-nozes.

Gosto dessas poses pra caramba, mas que elas são bem zoadas para o momento são sim.

O Shirazu pode não ser tão inteligente quanto o Urie, mas o seu instinto se fez valer e ao descobrir o ponto cego na estratégia de luta da Quebra-nozes com os companheiros que tinha ao lado a vitória se fez possível. Um investigador experiente para ganhar um tempo e uma Saiko cujo talento acima da média a fez se tornar uma Quinx. Isso aprofunda a personagem? Não, mas justifica ela estar ali.

Outro que ainda continua meio raso é o próprio Shirazu, mas gradativamente vamos conhecendo ele através de suas atitudes – bem melhor do que por palavras. Com o embate decidido a razão de lutar da perdedora e do carrasco ser a mesma parece mais uma baita coincidência da vida, não é mesmo?

“Eu quero ser bela.”

No final, os dois só queriam a grana. E quem não quer, né? Agora, para quê? A Quebra-nozes queria dinheiro para ter uma vida boa, uma vida de prazeres que não seria semelhante a infância cheia de feitura e miséria de um ghoul, um ser que vive à margem da sociedade e não possui qualquer direito.

Quanto ao Shirazu, o que ele quer tanto comprar que precisa se dar ao trabalho de matar outro ser para isso ainda não foi dito, então mesmo que o personagem tenha tido esse bom momento ainda não dá para dizer que é possível entender bem quem ele é e pelo que ele luta. Só me resta reiterar o quão chega a ser engraçado ele matar um ser que sequer considerava uma pessoa enquanto eles eram mais próximos do que ele poderia imaginar, pois aquela ghoul ali era tão humana quanto ele.

Quanto custa a beleza? Quanto custa uma vida? Quanto custa nascer ghoul? Dá para responder?

Depois de um momento que seria bastante misterioso se não tivessem decidido sacrificar qualquer boa possibilidade de criar um mistério em torno do personagem a fim de fazer fanservice para o leitor do mangá, o que engrena de vez é a luta que os telespectadores – e até os investigadores – queriam ver. Haise versus Takizawa, ou seria Kaneki Ken versus a nova Coruja criada pelo Dr. Kanou?

O MVP do anime é o personagem com cara de emoji. O qual você, leitor, faz ideia de quem seja?

Não acho proveitoso me aprofundar na aulinha do Takizawa sobre a diferença entre o primeiro e o segundo lugar ser enorme, pois do outro lado temos algo que é mais interessante e foi desenvolvido, que é o Haise dialogando com seu monstro interior a fim de pegar seu poder emprestado sem querer dividir ou abrir mão do corpo. Sorte que ele é o protagonista e não vai morrer mesmo se for morto.

Brincadeiras à parte, a “chan-Hina” – até hoje não entendo porque ele chamou ela assim – aparece para salvar seu Onii-chan das portas da morte e é aí que fica mais eminente o ”retorno” do Kaneki, pois o fato daquela pessoa que o ajudou ser uma inimiga e mesmo assim tê-lo ajudado por causa de quem ele era o impulsiona a abraçar seu ghoul interior mesmo com medo de acabar sendo apagado.

As coisas boas que você fez no passado também voltam para você um dia.

E no final das contas é justamente o que ele vai fazer, se deixar inundar pelo Kaneki em seu interior ainda que tentando se manter ali, não só para salvar a própria pele e aquela que o ajudou, como também para salvar o Kaneki chibi que está dentro dele e clama por socorro, clama por liberdade!

Com tudo isso regado pela maravilhosa unravel – música que ajudou a alavancar a popularidade da obra no mundo todo – e umas cenas de ação um pouco melhores, temos um trecho final acima da média do anime até então. Aquém do que poderiam entregar, como fizeram na luta do Kaneki com o Yamori ou com o Amon, mas suficiente para melhorar a impressão geral do episódio e da adaptação.

Quem é o humano? Quem é o ghoul? Será que ele não pode ser os dois?

Haise abraça Kaneki e é capaz de se igualar em força e agressividade com o Takizawa nos últimos momentos da luta – depois daquele golpe fica difícil continuarem, né? –, mas sem abrir mão de si completamente, misturando personalidades e sentimentos para fazer o que o seu antigo, e ainda atual, eu também tentava fazer dando o melhor de si: proteger. Se ele vai conseguir ou não já é outra história, o importante é que ele comece a entender que não pode mais fugir de quem já foi um dia.

Apelar para a emoção usando uma música arrasa quarteirão na íntegra ajudou a dar um upgrade nesse episódio? Ajudou, como ajudou! Varreu para o tapete os problemas recorrentes do anime? Não, mas ao menos aponta um caminho para uma melhora. E olha que o anime não está ruim, ruim, mas bem aquém do que poderia. Esse episódio teria recebido às 5 estrelas se tivesse entregue cenas de ação melhores, um clímax mais pungente – podiam ter cortado a abertura e o encerramento para dar mais tempo para a luta – e pequenos detalhes de direção e roteiro em alguns momentos chave.

O saldo é positivo – ainda que não muito – e só nos resta esperar pelo episódio da semana que vem!

“Eu não sou forte. Olhe para mim. Lembre-se… Eu sou Kaneki Ken. Não… me apague.”

  1. Chan-Rina adorei sua participação salvando a vida do Sasam, você é uma personagem muito importante para a historia do anime, eu te amo muito! Porque você esta na aogiri?

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