O ano se encerra em Amanchu!, e, com ele, o desejo de cumplicidade e diversão entre Teko e Pikari é renovado. O episódio 10 concentra-se na virada do dia 31 de dezembro para o dia 1 de novas expectativas e esperanças. Um episódio que reúne praticamente todo o elenco, sendo um dos mais emocionantes, engraçados e relaxantes. Ainda nos é apresentado o passado de Kino Kohinata, avó de Pikari e proprietária da escola de mergulho e restaurante Amanchu-ya (diga-se de passagem, belíssima em sua juventude).

No início do episódio, Teko é convidada por Pikari para a Virada de Ano. A felicidade da jovem Futaba, logo, torna-se frustação ao se deparar com outros convidados. Mas a tristeza é breve, já que ela sabe que a amiga promove encontros e divertimento para todos. Pikari cativa as pessoas, e, mais uma vez, Teko precisa reconhecer isso para entrar no clima imaginado por Hikari Kohinata. Seria egoísmo querer essas memórias apenas para si mesma.

Entre os convidados estão Katori-sensei, Ai e Makoto Ninomiya, Kodama-chan e Kokoro, com este Teko disputa o afeto de Pikari. Porém, não exibe o ciúme de episódios anteriores. Tendo mais idade que Kokoro, ela entende o que significa para Pikari estar próxima dos amigos. Um dos principais aspectos da amizade entre elas é o dos opostos que se atraem. A solidão de Teko rendendo-se ao entusiasmo de Pikari e a vibração de Pikari compreendendo e colaborando na superação da ansiedade social de Teko. Esse elemento fez falta nos episódios anteriores, dedicados ao arco Peter.

Kokoro é formalmente apresentada aos amigos de Pikari. Um dia especial!

A partir das dúvidas de Kodama, que está prestes a fazer a transição do ensino fundamental para o ensino médio, principalmente no que concerne à entrada no clube de mergulho (uma das coisas que a deixa aflita é a impulsividade de Pikari, algo que invariavelmente a colocou em enrascadas e/ou grandes aventuras, a outra é a de não ficar à sombra da irmã, ou melhor, apenas seguir os seus passos), o passado de vovó Kohinata é dado a se conhecer, além disso, a fundação de Amanchu-ya.

Kino em sua juventude. Uma pioneira.

Duas coisas podem ser ressaltadas sobre a história de vida de Kino: a primeira tem relação com o que ela narra e a segunda diz respeito ao motivo de contá-la aos presentes. Ela é uma pioneira, uma mulher determinada a seguir o seu sonho, a fazer do mergulho seu meio de vida em uma cidade marítima que tirava o seu sustento da pesca e de outros recursos oferecidos pelo oceano (provavelmente nos anos de 1960). Incompreendida e desprezada no início de sua busca por um ponto no mar perfeito para o turismo de mergulho – mergulho recreativo –, Kino enfrentou, além da desvalorização de seu sonho, momentos em que desistir parecia a via mais exequível diante dos fracassos que se acumulavam. A insistência é a força dos pioneiros. E essa força era a necessária para prosseguir, imaginando a sua realização e reconhecer o percurso que desbravou. Admirável para uma mulher em uma sociedade machista concretizar tal feito. E encontrar as paisagens no oceano que constituiriam excelentes pontos para turismo somente foi possível para Kino ao admitir que o fracasso é nada mais que uma forma de aprendizado e oportunidades que nos levam a um objetivo (e podem render reconhecimento).

Teko e Kokoro se divertindo juntas, apesar da disputa pelo afeto de Pikari.

Contar a sua história de vida foi a estratégia que encontrou para mostrar a Kodama-chan que seja o que ela pretende escolher, deve fazê-lo sem medo de estar tomando a decisão errada. Afinal, temer o fracasso é desperdiçar experiências e aprendizados valorosos. A sabedoria da avó a reconforta e revigora. Seguir em frente tendo a própria vontade como guia. Momento familiar em e de Amanchu!

E temos Teko – com Pikari e Kokoro adormecidas em suas pernas – avaliando o ano que passou, o quanto se fortaleceu e ainda o que precisa enfrentar. Com todos os convidados dormindo, perdendo a contagem regressiva para a entrada do Ano Novo, Teko e vovó Kohinata conversam. A sensata proprietária de Amanchu-ya em um exercício de escuta do progresso emocional e dos desafios que Teko sabe que precisa lidar no futuro que se apresenta. Futuba Ooki que sempre se sentia isolada, mesmo que cercada por uma multidão. Abrindo seu coração para Pikari, Teko conheceu o caminho para autodescobrimento e para diversão. Na verdade, todos têm sua contribuição na mudança da garota.

Pikari praticando a arte de cuidar de Teko. Uma amizade que transborda amor.

Um dos melhores momentos dessa sequência é a de Teko reconhecendo as contradições que carrega em seu espírito: apesar de medrosa, é afeita à competição e não gosta de se sentir derrotada. Sem tais sentimentos, na realidade, opostos, que podem ser interpretados como defeitos, talvez ela não encontrasse a energia suficiente para prosseguir no desafio que propôs, e as experiências que a engrandeceram, poderiam se tornar arrependimentos, caso não se arriscasse. Encarar fracassos, defeitos e nossos complexos como algo que, sim, pode nos fortalecer se não forem encarados tão somente como limitadores. Sabedoria da senhora Kohinata e da jovem Teko.

O episódio consagra as memórias que construiu a amizade entre Teko e Pikari (e a do grupo), confirma o laço que as une e cria o ambiente para novas diversões, o que significa mais memórias a serem compartilhadas. Amanchu! em seu melhor.

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