Bom dia!

Bem-vindo ao Café com Anime, um bate-papo que eu e Vinicius (Finisgeekis), Diego (É Só Um Desenho) e Gato de Ulthar (Dissidência Pop) temos todas as semanas sobre alguns animes da temporada. Cada um publica em seu blog as transcrições das conversas sobre um anime diferente.

No Dissidência Pop vamos acompanhar Hanebado!. No É Só Um Desenho vamos acompanhar Shoujo Kageki Revue Starlight. No Finisgeekis vamos acompanhar Happy Sugar Life. E aqui no Anime21 vamos conversar sobre Banana Fish.

Nessa edição do Café com Anime, leia a nossa conversa sobre os episódios 1 e 2 do anime.

Fábio "Mexicano":
Olá! Anime novo na área, e é uma adaptação de um mangá dos anos 1980: Banana Fish!

Nesses dois primeiros episódios foram apresentados os personagens, o cenário, o mistério inicial (principal?), e acompanhamos a queda livre de Ash, o protagonista, que foi de líder de todas as gangues de rua a preso acusado de homicídio e marcado para morrer no presídio. Desde que foi “acolhido” pelo mafioso Papa Dino ele nunca teve realmente motivo para agradecer o velho pervertido, que fez sim dele alguém durão e provavelmente foi o fiador de sua ascensão no submundo do crime, mas o custo disso foi alto. Sabe-se lá por quantos anos Ash não foi estuprado, com direito a vídeos pornográficos e tudo mais. Apesar de “chefe” dos marginais de rua, Ash sempre esteve preso, acorrentado ao Papa Dino.

Ele provavelmente já vinha há muito tempo pensando em como se livrar, ou pelo menos se vingar, de seu abusador, e a morte de um amigo seu, ainda criança, Skip, provavelmente não mudou isso, só o deixou furioso naquele momento. O seu trunfo para tentar derrotar Dino é a droga Banana Fish, que dá nome ao anime, da qual ele obteve uma amostra que o gângster também está atrás – foi isso que colocou o anime em movimento em primeiro lugar. De quebra, essa droga parece estar relacionada com a condição catatônica de seu irmão, um veterano do Iraque. Mas na cadeia, o que Ash pode fazer? Será que Eiji, que veio do outro lado do mundo e não conhece nada sobre aquela realidade, é o seu verdadeiro trunfo?

Esses dois episódios foram só uma amostra e um cartão de boas-vindas do anime, mas não deixaram de ter muita ação. Isso aumenta as expectativas?

Gato de Ulthar:
Bem, não sei ainda o que pensar direito sobre Banana Fish, mas vamos por partes. O cenário do gueto nova yorkino até que possui o seu charme, e um enredo que envolva crime e ação nesse ambiente é algo clássico de obras do gênero. O Ash é um personagem interessante, um adolescente badass com uma mira de lince, como o seu próprio nome sugere, e de quebra um passado sofrido, tendo sido abusado e “criado” pelo Papa Smurf, digo, Papa Dino. Quanto ao outro protagonista, Eiji, é ainda mais misterioso, no primeiro episódio apenas parecia um jovem repórter meio bobalhão mas com forte senso de justiça, se mostrou no segundo episódio até que bem decidido (e talentoso). E quanto a trama? Ela começa a se construir, o uso da droga misteriosa “banana fish” pode ser um elemento interessante, e o fato do Ash ter sido preso pode dar uns conflitos na cadeia bem interessantes. Dito tudo isso, ainda não sei se Banana Fish será só uma obra de ação qualquer ou terá algo que me prenderá definitivamente.
Diego:
De minha parte, até aqui ele não decepcionou. O mistério em torno do que é essa droga e porque o Papa Dino a quer tanto é em si mesmo um motor interessante para a história até aqui. Sinceramente, acho difícil de acreditar que os objetivos do Dino sejam apenas vender a droga como se vende crack: ela parece pesada demais até para gerar vício, praticamente incapacitando quem a usa em pouquíssimo tempo, então torná-la uma droga “das ruas” não parece economicamente viável. Salvo se o objetivo do Dino for justamente “melhorar” a fórmula original…

Tanto o Ash quanto o Eiji são protagonistas que conseguiram me cativar, cada qual ao seu modo. E a relação entre os dois também rende bons momentos, embora eu vou dizer que o Ash pareceu baixar a guarda para o Eiji meio que fácil demais – o que eu já vi explicarem com a inocência do próprio Eiji, mas ainda assim. Não que eu quisesse que o Ash fosse um babaca com o Eiji, mas sei lá. Ainda assim, ao menos já dá pra shippar 😃 kkkk

Ah, e uma coisa interessante que li é que o visual atualizado do anime traz o problema de não realmente refletir mais a realidade dos bairros onde a história se passa. Por conta disso, alguns estão comentando que é melhor ver a Nova York desse anime como um “universo alternativo”, de certa forma muito da forma como 91 Days criou uma cidade fictícia dentro do período da Proibição. Nada que atrapalhe a história, mas achei que valia a pena comentar 😛

Vinícius Marino:
O primeiro episódio me deixou em cima do muro. O segundo me conquistou. Uma premissa curiosa, um protagonista muito forte e excelentes opening e ending, com reminiscências de 91 Days. Aliás, é impressão minha ou o Eiji é até parecido com o Angelo do 91 Days?
Fábio "Mexicano":
O segundo episódio é pra passar do muro mesmo, pergunta pro Eiji 😃
Vinícius Marino:
O cenário de fato é anacrônico, como o Diego colocou. E em mais de um sentido. O prólogo sobre o soldado agora se passa na Guerra do Iraque, não no Vietnã. Mas o visual das personagens ainda tem uma pegada anos 1980. O Stoner e o Skipper, em especial, bem poderiam fazer uma ponta num episódio de Stranger Things.

E Ash Lynx, a despeito do nome ridículo, é uma das personagens mais inusitadas de memória recente. Amei o fato de que ele é uma subversão da femme fatale das histórias de crime, que começa como namorada do chefe/prostituta da gangue para eventualmente galgar um espaço para si. A forma no nonsense como ele usa seu corpo para a própria vantagem faz dele quase um garçon fatal 😝

Fábio "Mexicano":
Me pergunto se isso irá se repetir ao longo da série. Agora ele está preso, é o tipo de “lugar ideal” para isso.
Vinícius Marino:
Ah, eu não boto fé nessa prisão não. Prisões em histórias de máfia dificilmente seguram o pessoal por muito tempo. Não duvido que ele saia logo, seja resgatado pelos seus colegas, seja em uma coleira do Papa Dino.
Gato de Ulthar:
Provavelmente tentarão fazer ele de bonequinha na cadeia, mas não duvido que tenhamos alguma luta no melhor estilo de que teve no filme Watchman.

E também acho que ele sairá logo.

Vinícius Marino:
Essa é uma das melhores cenas do Rorschach! Se a saída triunfal dele da prisão for nesse nível, eu aplaudo em pé!
Fábio "Mexicano":
Watchmen é um filme que eu assisti menos vezes do que deveria …

Mas bem, especulações de lado, acho que tem algumas coisas para falar sobre esses episódios. O que acharam da aproximação entre o Ash e o Eiji? O americano foi mesmo muito rápido em confiar no japonês? O que será que ele viu no Eiji? E o que o Eiji viu nele?

Gato de Ulthar:
Geralmente eu sempre acho esses encontros na ficção muito convenientes, mas analisando o caso concreto, até que faz certo sentido. Querendo ou não, o Eiji se meteu numa enrascada junto com o finado Skipper, e além disso, foi responsável por dar um grande salto (literalmente) que ajudou a salvar a vida do Ash, já que infelizmente o Skipper foi baleado mortalmente.

O Ash não é uma pessoa ruim, só possui pose de durão, não sendo indiferente pelo auxílio prestado pelo Eiji. Pelo outro lado, o rapaz japonês mostrou possuir uma personalidade com uma enorme “fome” de justiça, tanto é que não pensou duas vezes em ajudar o jovem líder de gangue.

Diego:
Eu acho interessante que até os outros personagens falam que o Ash gostou do Eiji, então aparentemente sim, o primeiro se abriu um pouco fácil demais ao segundo, e isso eu me refiro desde a cena no bar. Depois, ainda mais com o Eiji ajudando como pode, acho normal o Ash desenvolver certa empatia por ele. Mas antes… não sei. Pareceu abrupto, mas ao mesmo tempo não realmente me incomodou, talvez justamente porque a opção seria apenas postergar o óbvio, fazendo o Ash se manter afastado do Eiji só para eventualmente se abrir para ele.
Fábio "Mexicano":
Eu acho que os dois enxergam um ao outro como “o exótico”, e sabemos como isso tem apelo, não é? Também parece ser o caso de cada um ver no outro algo que gostaria para si. No caso do Ash é fácil: ele inveja a liberdade do Eiji. Mas sinto que essas coisas ainda não são o suficiente para descrever o que os atraiu um ao outro.
Vinícius Marino:
Ah, que é isso. Eiji e Ash obviamente sentiram o chamado do destino. O autor batendo em sua porta, tal como Enéias em Cartago, dizendo que precisam se mexer, pois a história não se mexeria sem eles. Sim, foi rápido. Foi brusco. Foi conveniente demais. Mas poxa, é uma história rápida, que precisa se mover rapidamente. Eu perdôo o deslize, sobretudo se a relação dos dois crescer de maneira verossímil daqui para a frente.
Fábio "Mexicano":
Qual a impressão mais forte que tiveram desses primeiros episódios? Sei lá, algo sobre o tom da história, ou sobre algum personagem específico, qualquer coisa: o que chamou mais atenção?
Diego:
No momento atual, o que mais me prende é o mistério em torno dessa droga. Não só o que exatamente ela é, como também de onde ela vêm e quais os objetivos do Papa Dino com ela.
Fábio "Mexicano":
“O mistério em torno dessa DROGA”, pô, o anime não tá tão ruim, vai 😃
Vinícius Marino:
Chamou minha atenção a similaridade – positiva – com 91 Days. É algo que eu tinha pedido desde o começo e fico feliz que tenham entregue!

O visual, no entanto, é muito mais apelativo. Não só pela produção ser melhor que a de 91 Days, mas pela própria paleta de cor e estética reminiscente aos anos 1980. Gostei de ver que eles não insistiram em modernizar sua Nova York. Que os anos 1980 foram escalafobéticos todo mundo sabe. Mas há poucas mídias que retratam melhor essa agressividade visual que a animação – sobretudo a animação bem financiada.

Gato de Ulthar:
Gostei bastante do visual, me lembra aqueles filmes de polícia dos 80, tipo Beverly Hills Cop, também chamado de Um Tira da Pesada, para os saudosistas da sessão da tarde. ]É um visual bem bacana mesmo, os trejeitos, as gírias, a maneira de se vestir, essa época tinha seu charme.
Fábio "Mexicano":
E pra finalizar, o que não gostaram? Excetuando, talvez se for o caso, a aproximação súbita entre Ash e Eiji, que já discutimos.
Diego:
Honestamente, não teve nada que me pegou negativamente. Até aqui está sendo um anime bem agradável.
Gato de Ulthar:
O que não gostei? Não saberia dizer, pois creio que não há coisas que desgostei, no máximo houve elementos que não me chamaram a atenção negativamente. Como o próprio Diego disse, está sendo um anime bem agradável.
Vinícius Marino:
É… mal aí, Fábio. Sei que você queria alguma intriga para apimentar a discussão, mas a verdade é que você acertou em cheio esse trimestre. 😂 Banana Fish está ótimo, acho que não há sombra de dúvidas!
Fábio "Mexicano":
Primeira vez que fico frustrado porque ninguém criticou o anime que eu estou cobrindo e gostando 😮

Enfim, eu achei um pouco surpreendente que o anime tenha matado logo no segundo episódio dois personagens que pareciam que ficariam por aqui por mais tempo (Skip e Marvin), e acredito que em parte seja isso que tenha feito alguns de vocês o acharem parecido com 91 Days (que tem um desenvolvimento semelhante no começo). Porém não sei ainda se essas mortes foram mais ou menos gratuitas, a morbidade média de Banana Fish ainda está para ser descoberta, né, mas por enquanto isso me causou uma boa impressão.

De negativo … olha, posso falar pra vocês que também não tenho nenhuma reclamação específica? 😛 Sei lá, o salto do Eiji, com um cano que ele arrancou da parede e tudo o mais ter dado tão certo foi bem absurdo, mas por mais que eu tenha me esforçado para tanto não consegui me incomodar com isso.

Que seja. Vamos encerrar com o artigo curto dessa vez por causa da correria de começo de temporada e tal, e acho que a partir da semana que vem teremos muito mais a falar sobre esse anime toda semana ☺

  1. Sobre a aproximação de Ash e Eiji: ela começa no momento em q o Eiji (inocente) pede permissão para “tocar a arma” do Ash, diferente do cara bêbado q simplesmente tentou pegar à força (como o Skipp mencionou). Invocando metáforas sobre relações sexuais forçadas ou consentidas, dado o passado de abuso constante do Ash, o fato de Eiji ter pedido seu consentimento primeiro foi algo de extrema importância para ele.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Eu entendi isso. Ainda assim, foi extremamente rápido. Quero dizer, só porque alguém, que veio do nada, se aproxima de forma educada, você já está disposto a arriscar a sua vida (e a de um amigo seu) por ele? E é lógico que isso só explica o lado do Ash, não do Eiji.

  2. Ash arriscou a vida dele para salvar o Skipp e não o Eiji, ele só largou a arma naquele momento pq msm q ele deixasse o Eiji morrer, iriam ameaçar o Skipp e o resultado seria o mesmo. Quanto ao Eiji, q de início estava curioso por o Ash ter 17 anos e já ser um poderoso líder de gangue, agora tem uma relação mais próxima com ele tanto por compaixão por tudo q o Ash já passou na vida, tanto pela gratidão/admiração por ter sido salvo por ele (a intenção era salvar o Skipp, mas ele foi salvo por tabela tbm).

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Dá pra interpretar de mais de uma forma, não estou dizendo que não consigo ver da forma como você descreve, só não me pareceu tão óbvio. Sua certeza me fez pensar que já conhecia a obra por outro ponto de vista 😊

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