A luta de Giovanna e Bucciarati teve um desfecho previsível, mas nem por isso menos interessante e, além disso, esse episódio nos apresentou o verdadeiro Giorno; tanto por sua história de vida, quanto pelas suas atitudes. Quem ele é, o que quer e o que está disposto a fazer. É hora de Jojo no Anime21!

O episódio começa contando o passado de nosso protagonista. Como sua mãe foi uma exceção e Dio a deixou viver, como essa mesma mãe passava longe de ser uma mãe atenciosa e carinhosa, e como em meio a uma vida difícil a criança encontrou conforto e um exemplo de dignidade em um gângster.

Acho essa construção do personagem muito interessante porque justifica muito bem o sonho que ele deixa claro ter no final do episódio. Devo lembrar que ele só tem 15 anos, mesmo parecendo ter pelo menos 20, e necessitava de algum “apoio emocional” para lidar com o descaso que sofria na infância, então não seria estranho que uma criança – ainda sem experiência de vida para fazer um julgamento – acabasse por ver dignidade naquele tipo de vida, acabasse achando que seria legal ser um gângster.

O motivo do Giorno virar um Gang-Star – uma estrela mesmo entre gângsters – é nobre e isso difere muito de seus predecessores – os quais lutavam mais pela necessidade que pelo desejo de fazer algo –, o que me fez gostar mais do garoto e me deixou curioso para ver como ele alcançará esse objetivo.

Para isso Giorno ainda precisa se fortalecer e, como ninguém consegue chegar ao topo sozinho, fazer aliados é imprescindível. Situação que também foi essencial para nos apresentar ao desejo do jovem – justificado pelo passado dele – de uma forma que permitisse ao telespectador entender bem a sua personalidade e os seus princípios.

Mesmo que ele não demonstre ser um personagem interessante – o que eu também não achava que o Josuke era – seu bom coração e sua convicção já me cativaram.

Depois desse primeiro ato o episódio se volta a luta entre Giorno e Bruno, e aí o público tem o prazer de acompanhar um embate bem articulado, no qual o próprio Giorno descobre o efeito do ataque do Gold Experience em pessoas e Bruno mostra os truques que tem em sua manga. Ou seria no zíper?

É dentro do bonde que vemos a diferença e a importância da habilidade da stand sobre a força bruta, e como, apesar da pouca idade – o Bruno também deve ser bem novo –, eles têm uma forte convicção.

Giorno precisa acabar com Bruno para que ele não interfira em seus planos, e Bruno – ainda que sem pressa – pretende abrir um caminho – e ir passando por seus zíperes – para cumprir a missão que lhe foi confiada.

Um “esconde-esconde” que logo acaba, mas não sem antes render uma ótima luta, com direito a socos e usos criativos das habilidades de cada stand. O Araki é mesmo mestre em fazer isso!

Nessa batalha uma coisa ficou bem clara quanto a personalidade de Bruno: ele é bastante cauteloso, mas também confia demais em suas habilidades e tem em seu coração bondoso uma fraqueza. Justo o que Giorno precisa, de alguém que, como ele, seja capaz de manter certa dignidade mesmo na vida marginal que ambos levam.

Quanto a Giorno, sua sagacidade e seus instintos afiados são reforçados, além de sua capacidade para ler as pessoas. Citaram isso no começo do episódio, mas não foi apenas a fala do narrador, deram um exemplo prático provando que ele tem essa capacidade de observação.

Giorno, como sobrevivente nato que é, atinge Bruno mais uma vez e o põe em cheque. Tendo a vida de seu inimigo em mãos, o que ele faz? Observa a reação dele a uma cena lastimável e ali é capaz de entender quem é Bruno Bucciarati. O que pesa em sua consciência, os dilemas morais que o afligem.

No final, ele vê que os dois são mais parecidos do que imaginavam, e que o melhor caminho para que ele realize seu desejo passa por deixar Bucciarati vivo e contar com ele como seu aliado. É de pessoas bondosas, mas que sejam capazes de sujar as mãos fazendo o que tem que fazer, que GioGio precisa!

Sim, é assim que tem nascido praticamente todos os “Brojos” desde a Parte 2, e nesse não podia ser diferente, né? Além do que, a formação de um grupo de heróis ficou mais que óbvia pela abertura – mesmo se você, caro(a) leitor(a), for marinheiro de primeira viagem e não souber como Jojo funciona –, então até o final do primeiro cour esses personagens devem ser apresentados e se juntarão a eles.

Aliás, gostei da abertura e do encerramento. Confesso que esperava algo diferente, talvez mais épico e/ou dançante na abertura, mas não achei ruim. Temos que ver que é só o primeiro cour, e tanto as imagens quanto as músicas funcionaram bem para a proposta do que deve ser esse cour: fomentar a base do que será todo o anime. O encerramento é bem sexy e melódico, acho que ele encaixou bem.

Gostei também da animação nas cenas de ação, tudo no mesmo nível da qualidade comum ao anime de Jojo. Mesmo com mudanças na equipe técnica o anime não está decepcionando de jeito nenhum!

Esse segundo episódio de Vento Aureo foi muito bom. Dinâmico e agitado. Souberam tanto trabalhar várias minucias que caracterizaram os personagens, quanto manter certo equilíbrio entre momentos distintos – achei que funcionou melhor do que intercalar o embate e o trecho do passado do Giorno.

Um “cartão de visitas” a altura de uma obra tão icônica quanto Jojo. Espero que você esteja ansioso pelos próximos episódios leitor(a), pois eu estou e também não perco por esperar para ver quem é o tal chefe do Bucciarati. Um candidato a vilão de Vento Aureo? Demais, porque se um mero capanga possui uma stand, não seria estranho que mais pessoas próximas ao Bruno também fossem usuárias, afinal, usuários de stand atraem seus semelhantes, e episódios de Jojo atraem a felicidade para nós!