Entre todos os shounens desta temporada, Radiant chamou minha atenção por ser uma adaptação de um mangá francês, algo que não estamos acostumados a ver. Porém, é só acompanhar alguns episódios para notar que ele não se difere muito de outras produções do gênero, tanto positivamente quanto negativamente. Mas isso não quer dizer que não vale a pena acompanhá-lo.

Se o gancho do primeiro episódio foi o grupo de heróis que surgiu para ajudar Seth, logo conhecemos quem eles são de verdade. Para começar, nem heróis eles eram. Não sei quanto a você, mas eu fui muito bem enganado pelo Bravery Quartet. Parece que eles estão muito mais para Equipe Rocket do que uma Liga da Justiça, então é bom ficar de olho neles porque vão pipocar em alguns episódios futuros tentando tirar proveito dos nossos heróis.

Com certeza é uma Equipe Rocket

Porém, mesmo os comparando a Equipe Rocket, parece que eles serão mais interessantes, principalmente levando em conta o discurso de Don Bossman, o líder do Bravery Quartet. Gostei bastante da forma como o anime decidiu explorar os feiticeiros, que normalmente são uma figura um pouco genérica. Aqui, em Radiant, eles foram amaldiçoados pelos Nemesis, ganhando a habilidade de usar Fantasia – ou magia, se preferir – mas também são vistos com preconceito pela população da cidade.

A partir disso, podemos criar diversos paralelos com intolerância e discriminação de forma geral. Um dos pontos que mais me chamou atenção é que as pessoas não os querem por perto, mesmo que eles sejam os únicos que podem derrotar um Nemesis.

Essa seria a motivação perfeita para fazer qualquer feiticeiro deixar de proteger os humanos, mas mesmo com um discurso convincente do Bossman, Seth agiu como um verdadeiro protagonista e não foi para o lado negro. Ele fez o que todo protagonista de shounen faria: enfrentou sozinho o inimigo para provar que estava certo. E é claro que ele revelou ter uma habilidade única no processo – usar Fantasia sem uma luva, algo que nenhum outro feiticeiro consegue fazer – vencendo o Nemesis com o mesmo golpe que usou centenas de vezes, mas que agora deu certo.

Achei genial como usaram a mesma frase para criar dois sentidos diferentes

Esses clichês estão presentes em dezenas de outros shounens e parece até que é uma regra que eles precisam seguir. Isso me fez lembrar especificamente de Cavaleiros do Zodíaco, em uma luta que Seiya derrotou Shiryu depois de usar o Meteoro de Pegasus várias vezes até que depois de muito tempo funcionou. Acredito que essa seja uma maneira dessas animações ensinarem o valor da persistência às crianças.

Ainda neste episódio, duas coisas me chamaram atenção. Uma delas foi o visual do Nemesis, que confesso ter me decepcionado. Acredito que poderíamos ter um monstro mais ameaçador ou com um design um pouco mais elaborado do que esse. Porém, achei bem legal a forma como o rosto dele girava e mudava para o “modo de ataque”.

Além disso, também achei curioso o comentário do Bossman sobre Jiji, que ele poderia ser o líder se não fosse tão idiota. Algo me diz que ele não disse isso em vão e futuramente essa personagem deve voltar para dar trabalho aos nossos heróis. Isso também abre margem para pensarmos qual seria o real potencial de Jiji se ele fosse inteligente.

Passando para o episódio 3, o desta semana, também tivemos altos e baixos na trama. Infelizmente, foi bem menos movimentado, trazendo muitos diálogos e até um flashback. Isso mesmo, tivemos um flashback já no terceiro episódio, o que não acho ser uma coisa boa, apesar dele ser muito importante. Por outro lado, o ponto positivo foi que os diálogos também foram necessários e não serviram como enrolação, mas sim para contar algumas coisas para o público sobre o universo da obra e a relação entre as personagens.

Essa fala específica me deixou bastante empolgado

Por exemplo, já estamos no episódio 3 e eu não fazia ideia do porquê o nome do anime ser “Radiant”. Agora sabemos: é o ninho dos Nemesis. E digo ninho literalmente, já que eles nascem de ovos. Além disso, não foi revelada exatamente qual é a relação que Seth tem com Alma – eles possuem algum grau de parentesco? Se conheciam? – pois, aparentemente, os dois perderam a memória e já faz mais de 10 anos. Tudo leva a crer que isso vai ficar esquecido por um tempo para então voltarmos com essa história, deixando um mistério no ar.

Nossa, eu demorei pra perceber que a Alma não tem um antebraço

A relação entre as duas personagens é muito bonita e foi bem construída até aqui. Apesar de poucos episódios, eu consigo acreditar que elas realmente têm um laço forte e a separação é algo difícil. Porém, nem tudo funciona…

Particularmente, não consegui engolir a partida do Seth com essa urgência e nem na separação dos dois. Ele foi atrás do ninho só porque acabou de descobrir sua existência? Não seria melhor ter estudado mais sobre ele antes? Aliás, essa informação não estava em nenhum dos livros que ele lia?

E o outro ponto é: por que ele saiu sozinho atrás desse ninho de monstros, justamente logo depois de ter ficado claro que ele nem consegue derrotar um Nemesis, quanto mais um ninho? Não seria mais fácil ele ter ido junto com a Alma ou se unido a outros feiticeiros? Se bem que isso vai acontecer de qualquer forma.

Apesar de algumas decisões contestáveis, o saldo de Radiant ainda está positivo, principalmente porque ainda há muita coisa para conhecer sobre o mundo e suas personagens. Seguindo a regra dos três episódios, podemos esperar um shounen com todas as suas  características, tanto boas quanto ruins. Também espero daqui pra frente mais ação e menos flashbacks, ou seja, o oposto desse episódio.

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