Sono Toki, Kanojo wa. – As diferentes formas de amar
Em poucos minutos é possível sim se contar uma boa história e é com essa missão que Sono Toki, Kanojo wa. veio em Outubro de 2018. Usando de uma duração de 3 minutos, o anime original narra a vida amorosa de quatro mulheres comuns que residem na cidade de Fukuoka e os seus parceiros.
Todos nós sabemos que lidar com relacionamentos não é algo simples e nem é igual pra todos, dos problemas as soluções, tudo o que acontece na vida de um casal ou futuro difere a cada caso. As diferentes personalidades, preferências, ações, são todas variáveis que vão delineando os contornos dessas histórias e do rumo que cada coisa vai tomar.
Sono Toki vem com uma estrutura simples e que traz em sua essência a demonstração desse cotidiano de mulheres completamente diferentes, desde a idade ao grau de maturidade, além das suas características individuais. Acompanhamos situações que retratam realidades vividas no ambiente escolar, na vida de universitários e na fase de trabalhadoras adultas.
O anime lida dentro de seu tempo com pequenos dramas de uma forma muito concisa e prática, expondo as dúvidas, anseios e alegrias de suas personagens a cada coisa vivenciada com os seus pares. A história vai tecendo e costurando os acontecimentos segregados de cada uma, de modo que existe uma certa linearidade na construção de como as coisas vão fluindo pras mesmas – cada uma tem 3 episódios de exposição que se intercalam, diferente do que estamos acostumados em animes onde se tem diferentes rotas -.
Aiko é a mais nova das garotas está no colegial e é apaixonada secretamente por Yuuta que corresponde, mas ambos pela sua natureza tímida e clichê costumeiro dos romances ficam empacados sem conseguir o empurrão necessário pra seguir e dar a partida no relacionamento. É curioso que apesar de quieto Yuuta sempre manda oportunidades e sinais pra que Aiko avance, e ela vai devagar e constante, galgando aos poucos seu caminho rumo ao fim dessa primeira etapa do amor.
Moe é a segunda a se apresentar, ela é uma jovem confusa e bem ciumenta que namora com Tomonori. O drama dela reside em suas constantes demandas de atenção, que o pobre rapaz não consegue atender integralmente, mas que no fundo são somente parte da sua forma de demonstrar o amor que tem a ele e de evidenciar a ele as suas próprias inseguranças. Creio que o que balanceia bem as coisas é a personalidade compreensiva de Tomonori, ele entende sua parceira e o que ela sente permitindo que eles consigam passar por cima dos problemas de forma saudável e tranquila.
Yukari é uma mulher interessante cuja única certeza que tem é de sua beleza (oi Paola Bracho!) e de que quer ser amada, e Kousuke é o homem que ela vem encontrando, conhecendo e com quem acaba criando um relacionamento. De algum modo fica perceptível que paira sobre ela um medo do abandono e com isso, ela demonstra uma certa carência e fragilidade que se escondem atrás de seu auto controle. De brinde, Kousuke é um homem maduro e equilibrado além de trabalhador e que dialoga bem com ela, e com isso eles conseguem levar bem o relacionamento.
Por último mas não menos importante nos é apresentada Miwako, uma adulta feliz que leva uma vida simples e pacata ao lado de Tecchan. De todas as duplas, essa certamente é a mais prazerosa de acompanhar, diferente dos demais rapazes, Tecchan é mais infantil num bom sentido e está sempre de bom humor. Miwako é equilibrada, serena e não expõe muitas dificuldades do seu eu ou no relacionamento, diferente das outras três (talvez com mais tempo de tela isso fosse diferente, quem sabe).
A falta de tempo pra se explorar melhor as vidas dos casais pesa um pouco no saldo, mas penso que o lado positivo da série está em dois pontos, o primeiro deles seria a falta do exagero dramático e a variedade das realidades abordadas, onde as diferenças etárias das protagonistas contribuem muito com isso. Já o segundo ponto, está na forma real com que a obra tenta se aproximar do espectador, as garotas tem personalidades e ações reais, as situações que vivem são bem comuns também, o que facilita essa captação.
Em termos técnicos, conduzida pelo recém nascido MASTERLIGHTS, Sono Toki apenas cumpre seu papel, pois embora o design do anime seja muito agradável e bem realista em termos de traçado, acho que o único pecado é o fato de ela ser “parada” a tornando simplista demais (aquela coisa meio slide) – se tivesse movimento seria uma coisa linda de se ver -, mas não que isso tenha tornado a experiência horrível, longe disso. Onde a movimentação fez falta, a música e as dublagens cobriram bem, já que conseguem traduzir a atmosfera romântica e delicada da obra.
Meu veredito final é que Sono Toki tem uma premissa boa e boas personagens, mas a execução ficou na metade do caminho devido as suas circunstâncias técnicas e temporais. Não é o melhor romance do ano e nem nada incrível, mas pra sua proposta é um passatempo decente.