The Promised Neverland – ep 2 – Fugir é impossível?
Que episódio foi esse de Neverland, hein? O joguinho psicológico entre a Mamãe e suas crianças teve seu início. Quem sairá vitorioso no final? Se sobreviver é vencer, como fugir com 38 crianças para um mundo dominado por Demônios? A Mamãe permitirá tal rebeldia? É hora de Neverland no Anime21!
O episódio começa com a Emma tendo um pesadelo bastante desagradável, mas é ao acordar que o verdadeiro pesadelo dela tem início. Afinal, com que face uma garota sincera como ela vai encarar a perigosa Mamãe?
Fiquei com a sensação de que ela evitou ao máximo tal contato no café da manhã, inclusive. O que ocorre por mais de metade do episódio são conversas entre o Norman e a Emma nas quais eles começam a traçar um plano de fuga todo baseado em percepções de intelectos aguçados.
Eles são garotos de apenas 11 anos, mas têm uma inteligência acima da média e personalidades que se alinham bem, então não é estranho que eles tenham prestado atenção no maior número de pistas que foram dadas a eles, nem que consigam chegar a conclusões acerca do mundo de acordo com as informações reunidas, da rotina da casa e da própria forma como a Mamãe rege o ambiente familiar.
Porém, não é como se a Mamãe fosse ficar parada em meio a isso, e duas cenas foram emblemáticas para definir de vez o jogo psicológico que vai se passar na casa. Primeiro, a cena em que a Mamãe vai buscar uma criança que se perdeu na floresta. Segundo, a cena em que a Mamãe “encara” a Emma.
É claro como o dia os sinais de domínio que ela mandou para os rebeldes por meio desses atos. Se o tal relógio é realmente um rastreador, expô-lo sabendo que os garotos iriam observá-la e teriam motivo para fazer essa suposição foi uma forma de impor medo a eles, de mostrar quem está no controle da situação.
A cena das duas foi muito boa não só para mostrar como o nervosismo da Emma iria agir de maneira a prejudicá-los, já que pareceu confirmar as suspeitas da Mamãe, como também para dar ao público uma boa noção de como o Norman estava nervoso com aquilo tudo e só mantinha a máscara de tranquilidade por causa da Emma – algo mais do que justificado pelo final do episódio.
Além disso, a sequência da cena na qual eles estão descendo as escadas e ela os inquere pareceu bem forçada da parte deles – pensando só na reação deles –, afinal, por mais que eles tenham perguntando o motivo da pergunta, não deixaram transparecer – ao menos eu não percebi – confusão, mas um nervosismo que trabalhou contra eles.
A Mamãe está de olho neles e se não tem certeza, já os considera grandes suspeitos quanto ao acontecimento daquela noite. O que ela poderia fazer sobre isso? Encurralá-los!
Mas antes de comentar a reviravolta do final – esse anime terá dos seus plot twists, isso é muito fácil de apostar, nem é spoiler –, não poderia deixar de lado algo relevante, a entrada do Ray para o clube da fuga e como a reação calma dele só corroborou para o que ficou escancarado na estreia.
Ele sabe mais sobre esse mundo do que as outras crianças, a curiosidade dele não era a vontade de saber algo de novo, mas de confirmar o que já previa. E se ele sabe mais do que deveria sobre esse mundo, o que o impede de ser um espião da Mamãe? Ou melhor, de trabalhar para os dois lados?
Para que um plano dê resultado, eles precisam do intelecto do Ray, mas não podem confiar nele, só que não sabem disso e provavelmente não saberão tão cedo. É uma situação muito delicada, que é tão frágil que favorece mais o fracasso que o sucesso, bem mais.
Até o desejo da Emma de salvar a todos – e “evocar” ideais de amizade e proteção comuns aos mangás shounens, o que é o material original – é um problema, e um que pode muito bem botar tudo a perder, afinal, só dificulta ainda mais uma fuga já “impossível”.
Por fim, a cena do Norman com o Ray também foi ótima, pois ali ele deixou claro quem ele era, como aguentou os últimos acontecimentos e porque deu vazão ao desejo tolo da Emma. Ele a ama – e esse é um motivo bem honesto e digno para tentar ajudá-la –, então fará o que estiver ao seu alcance por ela, que preza mais a família que ele e o Ray; que prezam mais seus pescoços.
Em meio a essa trama intrincada, a irmã Krone cai de paraquedas, para, ao menos em um primeiro momento, atrapalhar os planos de fuga dos garotos, mas, quem sabe depois para se tornar uma força aliada? Por que não? Olha, a vitória para esses moleques é a sobrevivência, e eles não vão conseguir escapar sem usar os cérebros – o motivo para ainda estarem vivos, literalmente – para transformar adversidades em trunfos.
Não é como se tudo estivesse imutável, nem o fracasso, e muito menos o sucesso, vai depender de como as peças de xadrez forem usadas. Toda essa situação é tipo um tabuleiro no qual de um lado estão essas crianças, e do outro está a Mamãe; que tem noção disso e por isso sacou essa ajudando do nada.
Vai ser interessante ver o que acontecerá agora na história e como os garotos lidarão com os imprevistos que surgirem na frente deles? Sem dúvida alguma! Veremos se é impossível fugir da Terra do Nunca!