Dragon Ball Super: Broly é o vigésimo filme da gigantesca franquia Dragon Ball e o primeiro no qual o clássico, mas não cânone até antes desse filme, personagem Broly é inserido dentro da trama escrita pelo mestre Akira Toriyama. Antes ele só havia aparecido em alguns filmes originais que não tinham relação direta com o cânone.

Os eventos ocorridos nesse filme se passam após o Torneio do Poder, a última saga do popular Dragon Ball Super, e também contam com a participação de Freeza – clássico vilão da série – e novos personagens, além de ação de qualidade como os fãs de Dragon Ball adoram!

O filme começa com um longo trecho introdutório que achei um pouco desgastante, mas necessário, pois consegue contextualizar o que aconteceu com o Broly, assim como a extinção de quase todos os saiyajins. Eventos que se ligam devido a vingança que seu pai, Paragus, jurou contra o Rei Vegeta, só que ele está morto, então quem assume o pato? O Vegeta jr., é claro.

Mas é óbvio que não ficaria só nisso, pois o Bardock e a Gine, mãe do Goku que eu nem lembrava ou sabia quem era, aparecem e é bonitinha a cena na qual eles mandam o saiyajin de classe baixa para a Terra. Mas era necessária? Eu acho que serviu só como uma “ponte” entre essa época e o momento no qual se encontra a franquia.

Enfim, acho que os únicos comentários pertinentes que posso fazer a partir desse trecho é que, ainda que o pai do Broly realmente use o filho apenas para suprir seu desejo de vingança, não é como se eu esperasse algo diferente de um saiyajin. Então o Bardock, que era um ponto fora da curva, ou salvar o filho foi mais uma ação em prol do instinto de sobrevivência de sua espécie? Acho que o meio termo entre os dois seria a resposta.

Enfim, fazer o Freeza recrutar o Paragus e o Broly para seu exército foi uma forma muito pouco criativa de reunir ele com o Goku e o Vegeta. Não que o roteiro do filme seja uma maravilha, mas ele é muito simplório; por vezes conveniente, em outras apenas medíocre.

Achei até que ficaria melhor como OVA, porque praticamente não há desenvolvimento, ou eu posso dizer que houve, mas foi dentro do batalhão de lutas que a película oferta. Aliás, as cenas de ação são o ponto forte desse filme, mas ocupam metade dele ou mais, descaracterizando a transição entre início e fim.

Antes de comentar a animação, vou me atentar ao enredo, e começo logo afirmando que não pensei que poderia fazer um paralelo entre a Bulma e o Freeza; um bem bobo. Ela quer rejuvenescer 5 anos, ele quer crescer 5 centímetros; mas ninguém quer pensar nos recursos gastos a fim de reunir esferas para realizar desejos mundanos, né? Não que precisem, afinal, ela é riquíssima, ele poderosíssimo. O estranho seria se desse para levar os desejos deles a sério.

O Goku e o Vegeta só querem lutar, ficar mais fortes, curtir a vida mansa que levam. O filme é tão vazio que tudo passa em questão de horas e pode ser dividido em cinco atos ou menos.

Apresentação do Broly, apresentação dos protagonistas, o resgate do Broly, luta e o segundo momento de luta. Tudo bem, assim parece que estou sendo chato com algo que sabia que não poderia dar muito mais, então para compensar comentarei o que gostei.

O Freeza parece ter amadurecido ao menos um pouco já que não desejava mais imortalidade, mas o que desejava era só zoeira do Akira, só pode… o Broly realmente foi bem caracterizado como o cara de pavio curto, mas gentil que, se não me engano, não era bacana assim nos outros filmes.

Nesse ele foi mais “personagem”, ainda que não muito, e foi legal vê-lo interagindo com novos personagens, a Chirai e o Lemo, que não eram guerreiros e se apegaram a ele sem interesse, só por amizade mesmo.

É verdade que eles sabem que ao lado dele devem estar seguros, mas correram um risco alto ao irem contra o que Freeza desejava; tanto salvando Broly, quanto desperdiçando o desejo que ele queria.

O que foi uma das cenas mais legais do filme e – apesar de ter sido um tanto anti-climática – uma forma coerente de terminar uma situação que serviu mais para introduzir o personagem naquele universo a torná-lo um antagonista – posição cativa de um personagem como o Freeza.

Assim abrindo um leque de possibilidades; como torná-lo um guerreiro Z, mantê-lo como alguém que se descontrola fácil, etc. Okay, esse leque pareceu bem pequeno, mas, de todo modo, se não tiverem preguiça – e não derem para o Toriyama escrever, mas eu sei que ele não escreverá, não se for no anime – podem aproveitar para usar o personagem como uma “carta na manga” em algumas situações.

Manter Broly cânone na franquia foi um desfecho bacana para um filme de roteiro bem mediano que não foi a fundo na trama de vingança como poderia, e nem se preocupou em desenvolver personagens ou situações de perigo.

Tirando os dois novos personagens, todo o resto foi bem dentro do previsível. O que me desagradou, em se tratando de elenco, foi que não aproveitaram mais personagens da série. O Piccolo aparece só para facilitar a situação da fusão, mas não havia necessidade daquilo. Ao menos a fusão foi algo legal.

Aliás, a animação desse filme nas cenas de ação foi excelente, até mesmo a consistência, sejam nessas cenas de ação, sejam em cenas normais, foi algo que também me agradou bastante, pois é tudo o que essa franquia deve entregar em suas produções cinematográficas. Anime de televisão ser inconsistente eu entendo, filme não. As cenas de ação são longas, bem coreografadas e pagam o ingresso de verdade.

Só faço uma ressalva: eu vi as cenas em CG misturadas às cenas em animação normal, hein! O que eu não gostei, mas não devido a um desconforto visual – até que ficou orgânico –, e sim porque gostaria que a animação excelente continuasse do mesmo jeito. Mas isso passou longe de ser um problema e eu até entendo usarem desse recurso, pois após conquistar o público com lutas excelentes animadas em 2D, usar um pouco de CG não iria matar ninguém; além disso, a Toei poupa recursos com o anime do Super desde o princípio, então mesmo com CG a animação do longa surpreendeu positivamente.

O final em que tudo acaba em pizza não poderia combinar mais com Dragon Ball, ainda mais na atual fase em que os desafios do Goku e do Vegeta, para ficarem mais fortes, são o que move a trama, e os inimigos que antes ameaçavam a paz no planeta pouco ou nada aparecem.

O roteiro do filme é bem mediano e a trilha sonora não se destaca, mas a animação rouba os holofotes e torna a “experiência” satisfatória como um todo; seja você um fã da série, seja você apenas alguém que quer ver boa luta.

Indico que vá conferir no cinema enquanto disponível com a ótima dublagem já marca registrada de Dragon Ball no Brasil? Com toda certeza! O berserker, agora cânone, não decepciona como guerreiro saiyajin que é. E Dragon Ball Super voltará, o Broly também, anotem aí, é só uma questão de tempo!

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