Boogiepop wa Warawanai – ep 7 – Existe um Boogiepop dentro de cada um de nós
Eu pratiquei caratê por alguns anos, mas duvido que consiga lutar como o Masaki, o que não quer dizer que eu não poderia ser o shinigami Boogiepop, pois, mais do que a capacidade de luta, precisa-se da vontade de ajudar ao próximo para se tornar um vigilante.
É com essa determinação que nosso “protagonista de improviso” decide lutar pela amada. Sim, é verdade, pode sim existir um Boogiepop dentro de cada um de nós, ao menos na falta do original, que deve estar assistindo tudo de camarote.
Algo comum em uma trama bem construída é que tudo esteja interligado nos mínimos detalhes, não que seja ruim se não for o caso, mas a expectativa de quem acompanha a obra acaba sendo essa.
Foi nisso que Boogiepop acertou dessa vez, porque por mais que o ser Imaginator não tenha a ver com a Organização Towa, o modo como as coisas estão progredindo interliga essas três forças – contando o Boogiepop na jogada – e possibilita formas interessantes de resolver toda a problemática desse arco.
E vamos começar pelo começo, frase redundante que combina bem com um personagem honesto tal qual é o Masaki. Ele literalmente vestiu o manto de Boogiepop e passou a perseguir o mal recebendo a ajuda da garota que ele ama, algo que eu não esperava que fosse ocorrer, mas que achei ótimo.
Foi como dar uma bola fora, mas na verdade acertar em cheio, afinal, por isso os dois se distanciaram, só devendo cruzar caminhos de novo quando ele de fato conseguir libertá-la de seu fardo.
E não é como se ela não fosse se rebelar, sua atitude no final do episódio mostra que deve, mas ela ainda carece da ajuda de alguém para conseguir se livrar de tudo isso de vez – e quem deve fazer isso é ele, o Masaki.
O ”rompimento” deles antes do fim era até previsível. Ela se sentirá abandonada, desesperada, e ele não vai perguntar diretamente qual é o problema, porque sabe que ela vai fugir e não vai responder, então vai continuar agindo como Boogiepop e é por aí que tentará ajudá-la. É o caminho mais longo? Talvez, mas que pode se mostrar o melhor dependendo do que acontecer a seguir.
Por outro lado, a Aya se manteve uma personagem interessante nesse episódio, pois seus sentimentos pelo Masaki se mostraram ainda mais fortes. Ela deseja que ele não se envolva mais, quer libertá-lo do que o prende a ela e para isso deve transar com ele e dar à luz a cria de um humano sintético e um normal.
Sim, foi bem pesada essa revelação de que ela é uma humana sintética e estava fazendo um teste fora de um laboratório, mas não foi imprevisível, era algo que eu poderia facilmente ter suposto se não estivesse fixado na ideia de que ela tinha algo a ver com o Imaginator.
Mas ao mesmo tempo em que a Camille quer isso, ela também não quer se distanciar do Masaki justamente por amá-lo. É um dilema, e ele se torna ainda mais difícil, porque ele realmente a ama, ele deseja conhecer a Aya antes de conhecer os caminhos do corpo dela. É bonitinho, é fofo e é mais saudável para ambos que seja assim mesmo, né.
De novo o que vem de encontro a essa subtrama é uma subtrama relacionada ao Imaginator 2. Dessa vez a prima dele é capturada pela Organização Towa, e pelo que entendi foi possuída por alguém que veio do mesmo laboratório que produziu a Camille. Não um fantoche humano (terminal), mas a cópia de um. Legal que nesse episódio o Spooky E tentou se aproximar do Boogiepop, mas conseguiu foi se aproximar do Imaginator.
De toda forma, a ideia de juntar gente para atacar o Imaginator é tão literal quanto a do Masaki se vestir de Boogiepop, mas ainda é mais boba, só que não é exatamente ruim. O que podemos supor, porque ao menos pode servir de informação para o Spooky E – é ruim dele lutar sem medir a força do inimigo.
Isso deve aproximar a Organização Towa do Imaginator, e o Boogiepop vai intervir, certeza. O problema é que a Organização está tramando um plano bem maior e que está rolando há mais tempo, ao menos se a morte do pai do Jun tiver sido o que eu imaginei que foi. Se ele descobrir que foi a Towa que matou seu pai, como agirá? Além disso, qual o objetivo do plano deles?
Como sempre Boogiepop responde três perguntas e cria mais umas cinco, só que eu não reclamo, já que a trama continua bem interessante.
E no meio de tudo isso se encontram a Aya, Camille para os fãs de Prince, e a Kotoe, a prima ferramenta do mal. Não deve ser à toa que o “vilão” aqui se chama Spooky E e a “heroína” Camille, não se percebermos que se trata da imposição da “personalidade má” sobre a “personalidade boa”, a violência e crueldade que tentam sobrepujar a gentileza e a bondade.
Porém, isso não é o mais interessante de entender nas entrelinhas desse arco. Você, caro(a) leitor(a), percebeu como o amor é um fator preponderante em todos os casos daqui? Em como as pessoas são exploradas, controladas, abusadas; ou como querem se sair disso. É tudo porque amam alguém.
Não creio ser uma mensagem subliminar de que o amor nos torna fracos, mas mais suscetíveis ao que há de ruim mundo afora. A instabilidade que esse sentimento provoca – principalmente em uma fase de mudanças radicais como é a adolescência – muda o nosso mundo do avesso, e nos mete nas maiores roubadas, mas para pessoas como o Masaki pode sim ser algo bom, um incentivo para fazer algo por alguém. E eu acho que isso é realmente “especial”, é diferente. O Masaki, com sua cara de pamonha para mim já é mais interessante do que a irmã foi até agora, devido a sua capacidade de se envolver, de se dedicar a algo sendo autêntico.
É, talvez seja injusto comparar porque ela mal foi personagem nos primeiros episódios e depois só apareceu para umas pontinhas especiais aqui e acolá – mas deve dar uma ajudinha para o irmão alguma hora –, mas ele também só é personagem há três e já foi bem melhor.
Enfim, deixando de lado personagens que viraram secundários nesse arco – opa Boogiepop – me despeço ansioso pelo oitavo episódio, por como a situação vai se desenrolar, o que tramam seus personagens e organizações, e o que acontecerá com a Aya e o Masaki.
Desejo do fundo do coração que ela seja salva e que possa sim ser odiada, como também amada, como qualquer pessoa normal deve ser.
O que define esse “normal” não importa, afinal, se humanos normais são a imagem de um Deus, então será que não podemos dizer que eles também são sintéticos? Seja verdadeiro ou não, o que define o humano é bem mais complexo e abrangente do que uma visão única pode ofertar. Isso também serve para o Boogiepop, que em sua ausência podemos encontrar dentro de nós mesmos!