Para falar a verdade, este foi um dos animes que mais marcou a minha infância (para mim, quando se tem 13 anos ainda é criança) por vários quesitos: harém, esquisitices, comédia, um pouco de drama, e por aí vai.

Uma comédia romântica protagonizada por um cara de classe baixa e três marionetes mulheres não é algo muito comum, diga-se de passagem. E ainda mais quando esse pobretão tem que trabalhar corretamente para sustentar todo mundo, o que praticamente não acontece, pois algo sempre dá errado.

É, é um harém muito incomum, onde todos aprendem a conviver juntos, apesar das diferenças. Desta vez, 16 anos depois, decidi assistir em japonês para ter uma comparação maior, já que quando era mais nova, assisti em português. Eu prestei mais atenção no que era a história, porém a dublagem em português era excelente.

A história se passa em um lugar chamado Terra II, que é um planeta habitado apenas por homem. Esse planeta foi criado com o intuito de realizar uma colonização em outro planeta, já que a Terra estava super povoada. Mas, por conta de um problema, toda a raça humana, exceto seis homens, morreram. Para que o tamanho da população de Terra II aumentasse, foram realizados clones, e quanto mais seres humanos surgiam, países eram criados, e acabaram sendo num total de seis.

Claro que, como só havia homens no planeta, os clones seriam do sexo masculino, percebeu-se que não tinha nenhuma mulher em Terra II. Para suprir tal problema, foram-se criadas marionetes em forma de mulheres para deveres de casa, e todas eram caladas e muito obedientes, até que Otaru, o protagonista da trama, encontra três marionetes diferentes, e elas tinham algo que a maioria delas não tem: o circuito dama, e com ele as mulheres têm mais liberdade para fazer o que quiserem… Isso é o que se pensava, a princípio.

Enquanto Lime, Cherry e Bloodyberry são livres, Luchs, Panther e Tiger são tratadas como armas de guerra. Além da confusão criada por Otaru e suas marionetes, também havia uma guerra se instaurando, já que Fausto, dono das mulheres com nome de animais, queria tomar todos os países para si. Ter uma guerra em meio a um anime de comédia traz um clima tragicômico. Enquanto uma família tenta viver com o que tem, outra não está nada satisfeita com que está em suas mãos.

As três marionetes livres.

E a questão da dramaticidade do anime não está apenas no fato de uma guerra eclodir, mas também sobre o que são as marionetes e as mulheres. A questão de marionetes serem apenas máquinas foi levantada diversas vezes no decorrer da trama, e a maneira com que a maioria dos homens pensam dela é algo terrivelmente repugnante, ainda mais que elas foram criadas com o intuito de serem obedientes e fazerem tudo o que o seu dono manda.

Ao contrário das máquinas sem emoção e sem vida mostradas do início ao fim, Lime é uma mulher super enérgica que mais atrapalha que ajuda, porém é muito forte e defende os amigos para o que der e vier, Cherry tem o estereótipo de dona de casa, assim como deveria ser na visão dos homens, porém também é terrivelmente forte e a mais inteligente das três, e a Bloodberry é uma mulher de sangue quente que faz as coisas quando quer e como quer. Mas uma coisa além da força une as três: o amor pelo seu mestre, Otaru.

Enquanto as três ficam felizes com o pobretão e esperançoso Otaru, antagonizando isso tudo temos as outras três marionetes que possuem o circuito dama. Como escrevi antes, Luchs, Panther e Tiger não têm liberdade alguma nas mãos de Fausto, e caso façam algo de errado, são terrivelmente punidas. A diferença de tratamento entre os dois mestres é gritante, além do mais quando as situações são diferentes a níveis discrepantes.

As três “máquinas de guerra”.

Quando eu tinha 13 anos, a minha mente ainda não era tão aberta para esse tipo de coisa, e aqui eu poderia até mesmo colocar uma visão sobre o feminismo, já que as marionetes eram igualmente ou até mais fortes e rápidas que os homens, e elas poderiam fazer o que quisessem, desde que tivessem o circuito dama acoplado. A maioria delas foi criada para servi-los pois é assim que a sociedade japonesa as vê. Eu estou escrevendo desta forma porque não é algo fictício, é real, e agir feito uma mulher não é ser tratada como escrava, mas sim agir de acordo com os seus princípios e ter o direito de ir e vir e fazer o que puder assim como os homens.

E ver uma marionete que age da maneira que quer ser tratada como uma mulher defeituosa no anime, sendo que as três principais (Lime, Cherry e Bloodberry) são capazes de fazer tudo para salvar as pessoas à sua volta mas, apesar disso tudo, não deixam o amor pelo seu mestre ir em vão, ou até deixam, quando acabam atrapalhando todos os planos dele.

Marionetes que podem fazer de tudo, inclusive amar e sentir ciúme.

Ele é um anime divertido e tranquilo de se assistir e situações engraçadas são mostradas diversas vezes, mas quando ocorre uma cena de drama, às vezes é mais difícil disso acontecer. O traço dele não é excelente, mas faz com que as personagens tenham mais liberdade de movimento, além de colaborar bastante com as cenas de comédia.

Muito obrigada por ler este artigo até o fim, e nos vemos no próximo! o/

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