De vez em quando eu me pego caçando algum dorama interessante para assistir na Netflix, de preferência curto em sua duração num molde similar aos animes, algo que facilita bastante. E em uma dessas caçadas eu conheci Midnight Dinner ou Jantar da Meia-noite em português. Assim como vários outros doramas japoneses Midnight Dinner tem como fonte original um mangá de mesmo nome, que inclusive é bem premiado em terras nipônicas e ainda está em publicação (2006-atualmente). E com 10 episódios esse dorama me conquistou com sua ótima trilha sonora, o clima da obra e as situações apresentadas.

Primeiro de tudo temos um restaurante. Sim, um pequeno izakaya de 12 lugares, porém aconchegante onde há um mestre, como é conhecido o dono e cozinheiro do estabelecimento que nunca teve seu nome revelado. E uma de suas regras é bem clara: o mestre pode fazer qualquer prato para você, desde que ele tenha os ingredientes. E apesar de fazer quase qualquer prato para seus variados clientes, a verdade é que o cardápio do local tem pouquíssimos pratos. O horário de funcionamento? Da meia-noite até às sete da manhã, o que acaba sendo o motivo para o nome do local ser esse.

O grande e misterioso mestre

E com essa pequena premissa a história se inicia. Nos 10 episódios que o dorama possui, temos várias histórias de amor, família, perdas, arrependimentos e muito mais. É um dorama episódico onde temos um elenco que em sua maioria é rotativo, com exceção de alguns personagens que costumam aparecer em quase todos os episódios, senão todos. O Mestre obviamente aparece em todos os episódios mas no geral, sua participação é bem modesta e simples, muitas vezes dando alguns conselhos ou simplesmente acompanhando as histórias enquanto faz os pratos solicitados. Um detalhe interessante é que o Mestre é visto somente em seu restaurante e nunca se envolve demais nos problemas de seus clientes.

Em alguns casos nem vale a pena meter a colher pois o caso é complicado demais, como esse da imagem acima

Todas as situações são interessantes e no geral bem desenvolvidas, sempre terminando com uma espécie de final feliz…ou não. Algumas dessas histórias acabam tendo um desenvolvimento mais cômico ou até mesmo místico, mas no geral o que dita a regra são as situações mais dramáticas. E a obra começa muito bem nos entregando ótimas histórias bem desenvolvidas do começo ao fim, porém, do meio para o final há uma alternância entre bons e maus fechamentos, ainda que a qualidade das história permaneça no mesmo nível. Todas as situações funcionam em torno de um cliente específico e seus problemas e os pratos apresentados durante os episódios costumam ser o prato favorito do cliente em destaque do episódio.

Casos de família e amor acabam sendo mais os frequentes (e os melhores)

Algumas situações acabam tendo um final “estranho” e sem muita explicação, algo que acaba te deixando insatisfeito mas que você acaba superando. Outro ponto é que algumas das histórias aparenta precisar de mais tempo que o normal para se ter um desenvolvimento satisfatório e no fim, parece que você precisa adivinhar alguns detalhes que não ficaram claros, fazendo você questionar o que está acontecendo na cena. O bom é que isso acontece apenas em uns dois episódios então a experiência por completo não é prejudicada e ainda assim, o fechamento não é tão ruim, só acaba ficando aquém daquilo que se espera.

O episódio da cena acima é um dos que eu fiquei olhando a tela da televisão por alguns minutos tentando entender certos detalhes

Temos também a questão dos personagens. No geral todos são bem carismáticos, alegres e podem nos fazer soltar umas risadas. Por outro lado temos alguns personagens que não tem uma utilidade clara na obra e mesmo assim recebem tempo de tela, algo que talvez poderia ser melhor usado em desenvolver as situações e afins. Aliás, o próprio mestre é um personagem que ficou sem desenvolvimento apesar de alguns indícios que ali há de se resolver algo. De qualquer forma não é algo realmente necessário pois o papel dele já é feito de forma magistral e pontual, ou seja, não há do que reclamar e no fim é apenas um desejo meu que ele tenha um desenvolvimento para que eu possa conhecê-lo melhor.

Um elenco mega carismático que agrega todo tipo de gente, desde Yakuzas até assalariados ou acadêmicos premiados

Alguns detalhes interessantes sobre a obra é que ela possui outras temporadas que infelizmente não estão na Netflix, dois filmes e obras irmãs, ou melhor, uma cópia coreana (Late Night Restaurant) e outra chinesa (Midnight Diner) que tentaram copiar a receita e não deram tão certo como a versão original. No fim essa é a minha recomendação da semana, uma pérola escondida no catálogo da Netflix que apresenta situações interessantes com algumas lições filosóficas simples (ou não) e que vale a pena conferir.

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