Dias atrás eu fiz um artigo sobre mangás de romance. Uma das obras indicadas foi Ookami Shounen, mangá que já foi finalizado em 32 capítulos e como alguém que gostou muito, decidi fazer uma resenha sobre. Na época havia menos de 10 capítulos em português e muito do que foi escrito sobre não está completamente certo ou completo, o que é completamente normal. O ponto é que desde o começo essa obra chamou a minha atenção por conta de suas particularidades e diferenciais como um romance. Enfim, vamos tratar sobre o que realmente importa.

As capas dos volumes são realmente belas (abaixo eu irei colocar mais algumas)Ookami Shounen começa com uma premissa inicial que chama a atenção em alguns pontos e em outros você simplesmente pensa que já viu algo do tipo em algum lugar. Quantas histórias sobre uma garota/mulher que odeia homens/garotos você já não viu por aí? E que no final de tudo um personagem masculino “curou” ela e até mesmo terminaram juntos? Pois bem, Ookami Shounen parece ser mais uma obra do tipo com algumas peculiaridades para formar essa base e no fim, surpreende com uma história interessante e que foge do óbvio.

Na verdade a história usa um artifício interessante: as mentiras. E eu classifico esse artifício como interessante, pois ele é uma faca de dois gumes onde um pequeno erro ou excesso pode culminar na transformação desse artifício num problema. A história pode se tornar previsível e a mentira pode acabar atrapalhando alguns pontos da obra, algo que não acontece aqui, talvez por conta da personalidade dos personagens, principalmente. Aliás, essa questão da mentira acaba sendo usada como uma forma de comédia em certos casos, algo que mostra o quão bem ela foi trabalhada.

Keitaro Itsuki é o nosso protagonista e ele tem um pequeno grande problema: seu olhar ameaçador. Sim, as pessoas julgam um livro pela capa e por isso as garotas costumam ter medo dele. Isso até ele conhecer Aoi Tokura, afinal, ela aparenta não ter medo dele, o que acaba fazendo ele se confessar e ser rejeitado de forma “brutal”. Por isso ele pede para sua “irmã”(lembre-se dessas aspas) para ajudá-lo a parecer menos assustador, dando um visual diferente. Esse novo visual acaba sendo de uma garota e no meio disso ele se encontra com Aoi, se envolve em alguns problemas e se compromete a ajudá-la a superar um medo, o de garotos.

Essa é a base da história. Keitaro é um garoto que estava com seu coração arrasado e na primeira oportunidade que teve, mentiu pensando apenas em si e não nas consequências. Inicialmente ele não considera os problemas que sua versão travestida pode causar tanto para ele quanto para as outras pessoas que são envolvidas por essa mentira e não só isso, afinal, uma mentira precisa de outra que a sustente e assim sucessivamente. O ponto é que eventualmente ele acha uma forma de usar sua forma travestida e essa mentira para algo bom, que seria ajudar Aoi.

Eu não vou entrar em detalhes sobre o trauma dela, mas posso “dizer” que é algo decente e bem construído. Keitaro quer ajudá-la porque ao fazer isso estaria juntando o útil ao agradável, onde ele iria ajudar uma pessoa e com isso, seu verdadeiro eu poderia ter algum tipo de vantagem por conhecê-la ou simplesmente por ter uma chance. E por mais errado que seja, conforme o tempo passa ele percebe que o buraco é mais fundo do que parece e esse desejo de ajudar vai se modificando. Isso tudo sem esquecer os problemas que sua forma travestida traz ocasionalmente.

E a melhor adição da obra fica por conta da melhor amiga da Aoi, Kurashiki Botan. Dá para concluir facilmente que ela é a engrenagem mais importante na história, ainda que a base gire em torno do Keitarou e da Aoi. Ela é super sincera com seus sentimentos e no início até rejeita o Keitarou (versão garoto) por conta de alguns comportamentos dele. Com o tempo, eles se tornam amigos e percebem que têm muito em comum quando se trata de livros, algo que os três protagonistas gostam. Na verdade isso é um detalhe interessante pois todos os personagens são unidos por conta dos livros.

O ponto é que a entrada da Botan muda muita coisa. Ela é quem descobre sobre a versão travestida do Keitarou e por conta do momento, Aoi descobre quase em seguida, ocasionando num grande problema. Nesse ponto é importante observar que a relação entre Keitarou e as meninas já é algo muito bom, onde ele consegue se comunicar decentemente com Aoi (algo inicialmente impossível) e se não me falha a memória, havia recebido uma confissão da Botan.

Do momento em que sua mentira é exposta, a forma como a obra e os personagens tratam desse assunto é interessante. A reação é na medida certa, sem exageros ou condenações em excesso, toda a situação é resolvida com o tempo e conversas sinceras. Botan gosta de Keitarou e isso não muda, apenas fica uma situação estranha por tudo o que aconteceu. Já com Aoi acaba sendo bem melhor que o imaginado pois ela tem ciência de que seria necessário esclarecer a situação antes de algum tipo de conclusão.

Eu realmente gosto dessa imagem

Ao final da obra Keitarou acaba tendo que fazer uma escolha: ficar com Aoi, seu amor inicial e uma pessoa que aparentemente gosta dele (apesar de que talvez a aparência feminina seja “melhor”) ou Botan, aquela que se confessou para ele. Obviamente eu não irei revelar a escolha mas posso informar que fiquei extremamente satisfeito com ela. E um ponto interessante disso é que a princípio eu achava que era necessário mais capítulos para desenvolver decentemente essa parte mas no final das contas ficou bom da maneira que foi feita.

No fim de tudo eu espero que você, caro(a) leitor(a), se divirta lendo essa obra assim como eu. É um romance sobre adolescentes que possuem seus próprios problemas e se ajudam a superá-los, por linhas bem tortas. A arte da obra combina e muito com a história, tendo uma pegada mais “fofa” e redondinha. E sim, é uma comédia romântica que explora muito bem o tema que se propõe e consegue usá-lo para fazer a parte cômica da história. Enfim, leia esse mangá curto de apenas 32 capítulos (e mais 3 especiais) e confira também as outras obras do autor “namo” ou simplesmente olhe as ilustrações dele no pixiv.

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