Riki-Oh é um OVA oitentista que adapta um mangá oitentista e tem todo o jeitão oitentista que faz a cabeça de muitos otakus por aí. Okay, escrevi oitentista demais, mas é que o anime é tão ruim e isso parece ser tanto pela época em que a obra foi criada que não consigo deixar de frisar isso.

Mas não é como se o anime não tivesse “méritos” e a época na qual o protagonista praticante de artes marciais, Riki Oh, passa na prisão rendeu uma adaptação de pouco menos de uma hora com um certo charme, além da possibilidade de refletir sobre o quão ruim pode ser a vida na prisão – e um anime oitentista.

Riki Oh, o punho da justiça.

Riki Oh é um cara musculoso, forte e de cara fechada que fala pouco, mas calado é um poeta. Eu não sei se ele joga futebol, mas brincadeiras à parte, esse OVA que adapta o arco da prisão de um mangá que tem 12 volumes não dá uma introdução decente sobre o protagonista, apesar de apresentar um arco que claramente não é o início do mangá.

Então isso significa que não é possível sacar o que está acontecendo? De forma alguma. Se tem uma coisa boa em obra oitentista é a simplicidade dos plots.

Ao longo da “belíssima narrativa” fica claro que Riki Oh perdeu a namorada e a culpa foi de um chefe do crime. O que um protagonista maromba faz em uma ocasião dessas? Se vinga destroçando a cara, o carro e tudo mais que tem direito, do meliante.

Até aí tudo okay, Riki Oh é preso e vai passar férias na prisão de segurança máxima administrada pela iniciativa privada na qual se produz ópio de forma ilegal. Riki Oh é alguém que faz os bandidos encontrarem seu karma e não seria diferente nesse caso.

Digo “férias” porque nada consegue parar o protagonista e a cada luta que ele vence sem dar muitos golpes fica claro o quanto ele é forte, tendo até poder sobrenatural que também não é explicado. Se é assim, por que assistir um OVA feito para os leitores do mangá?

Porque Riki Oh é tão mal dirigido e “cru” que acaba divertindo justamente pelo fato do protagonista ter poucas falas – e quando abrir a boca soltar um bando de frases feitas –, pelos outros personagens serem caricatos e as situações tão forçadas que a “trama” se aproxima mais do trash que da história adulta que se podia esperar tendo uma prisão como pano de fundo.

Aparecem presos fortões que humilham outros presos e Riki oh vai quebrando a cara deles porque não tolera a injustiça dos desalmados, chegando até ao ponto de que ele vira um alvo até mesmo de quem manda na prisão. Uma empresa privada administrar uma prisão eu não acho ridículo – isso ocorre na vida real, né –, mas não haver qualquer fiscalização decente é o problema.

Gostei do garotinho ter aprendido o lance da folha com ele, mas…

Contudo, esse tipo de anime não é para ser coerente, realista e muito menos verossímil, o que importa é haver algumas lutas e o herói fazer uma “boa ação” derrotando vilões. Aliás, esse é um detalhe legal da obra, o fato de que a produção ilegal de ópio é motivada pela guerra e é algo que em sua essência expõe graves problemas do sistema. Seja o carcerário ou o governamental.

Porém, claro que isso não é mais explorado, sequer há tempo, o que importa é o mocinho dar aos vilões o fim que eles merecem. No final Riki Oh vai embora da prisão quando quer, pois, nada poderia pará-lo, nem as armas dos guardas, a lei ou um roteiro bem-feito que o OVA não tem.

As lutas não são grande coisa e nenhum dos personagens secundários – sejam antagonistas ou não – se destaca, então, no geral não há muito o que salve o anime além da comicidade advinda de sua ruindade. O anime pode “suscitar” uma reflexão apenas se você se esforçar um pouco para isso.

Não que a produção não pareça querer deixar uma mensagem, mas a forma de transmissão questionável dificultou a possível “assimilação”, ou apenas trabalharam com uma mensagem que não é nada de novo para um telespectador que 30 anos depois está vendo o OVA.

Então, assista Riki Oh por sua conta e risco e apenas se tiver interesse no material da década de 80 ou se quiser ver uma obra que tem uma prisão como pano de fundo e é bem condescendente com uma história que pede pouco dos seus neurônios e mais das duas risadas.

Não que não se precise do cérebro para rir, mas se é um OVA como esse de Riki Oh eu acho que não.

Pessoal… Adeus a todos!

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