Enquanto na coluna A Semana é Curta tive a chance de comentar sobre um anime que me surpreendeu (Midara na Ao-chan wa Benkyou ga Dekinai), por outro lado também cobri um que me decepcionou. Sim, estou falando do anime desta resenha: Nobunaga-sensei no Osanazuma. Entre todas as adaptações que já foram lançadas sobre Oda Nobunaga, provavelmente essa é a pior.

A história acompanha Nobunaga, um professor que sonha algum dia ter uma garota se declarando para ele quem sabe uma de suas alunas. Um dia, Kichou aparece dizendo que é sua esposa e quer ter um filho com ele. Ela na verdade veio da Era Sengoku e acredita que Nobunaga é Oda Nobunaga. Até aí tudo bem, se não fosse o fato dela ter 14 anos. Com o tempo, nosso protagonista descobre que quando toca em algo que pertencia ao Nobunaga original, alguma pessoa daquela época aparecia, e é aí que começam os problemas do anime.

Desde o início eu sabia que Nobunaga-sensei no Osanazuma era um harém com ecchi, mas o que realmente me incomoda nele é a total falta de compromisso com qualquer tipo de lógica. No começo descobrimos que Nobunaga toca em algum objeto e aparece uma pessoa da Era Sengoku. Porém, com o tempo isso se estende até para pessoas que assumem o corpo de outras. O motivo para isso acontecer é apenas pela conveniência para aumentar o harém do protagonista. Vamos a ele:

Kichou é a principal protagonista feminina e traz alguns pontos interessantes ao anime no início, que geram diversos tipos de choque de cultura. Por exemplo, na época dela as mulheres não podiam estudar e sua única função era procriar. Por isso, ela acha estranho as estudantes colegiais da nossa Era, e tem como objetivo se casar e ter um filho com Nobunaga. Porém, com o tempo ela perde o protagonismo e vira uma mera coadjuvante no meio a tantas garotas. Claramente o anime não soube dividir o tempo de tela de cada uma.

Kitsuno era uma amante do Nobunaga original e por isso agora quer se casar com ele. Ela conta com a mesma dinâmica de Kichou, inclusive tendo uma idade parecida, podendo ser facilmente retirada da trama por ter características tão semelhantes.

Ainda temos a professora Hoshigaoka, que cumpre a cota de personagem com peito grande, já que as outras são lolis. Essa é ainda mais bizarra que as anteriores, pois quem assume seu corpo é a ama de leite do Nobunaga original, então você já deve imaginar qual seu objetivo com o protagonista. Pelo menos, esta é uma das poucas que ganha uma personalidade, muitas das vezes se negando a participar dessa loucura que virou sua vida.

O mundo precisa de mais personagens sádicas

Outra personagem que se uniu ao harém foi Biwajima, uma aluna de Nobunaga que na verdade é apaixonada pelo professor. E, finalmente, temos Ranmaru, um garoto que gosta de se fantasiar de garota e também quer se casar com Nobunaga. Já sabe onde isso vai dar, né?

O maior problema do anime é o fato dele ter muitas coadjuvantes. Ele foi apenas apresentando uma a uma, mas não desenvolveu as personagens, fazendo com que todas se tornem descartáveis e desinteressantes. Até mesmo uma possível rivalidade entre as garotas é sugerido, mas rapidamente deixado de lado. Assim fica difícil torcer para alguém ou até mesmo sentir interesse pelo anime. O mais curioso disso tudo é que ele não resolve nada no final e termina ainda mais bagunçado do que começou. Inclusive, existe o gancho de que mais uma garota será adicionada em uma possível próxima temporada. E pior que eu fiquei interessado.

Outra questão que me incomodou bastante no anime é a falta de consequência aos atos dos personagens. Nobunaga faz tanta coisa errada como professor, desde se envolver com menores de idade, incluindo uma de suas alunas, até fazer coisas obscenas em público. Parece que a trama se passa em uma realidade onde tudo é permitido e ninguém acha essas coisas estranhas. Portanto, apesar do anime não ter dito isso, não seja esse cara.

Alô, é da polícia? Tem um professor aqui chamado Nobunaga.

Os episódios de Nobunaga-sensei duram por volta de 7 minutos, o que é um tempo bem reduzido, mas não acredito que seja o problema aqui. A história não trabalha suas personagens e, se o anime fosse mais longo, apenas ficaria mais cansativo. Ok, talvez eu esteja querendo muito de um ecchi com harém, porém, existem outros casos que fizeram um trabalho melhor. Apresentar menos personagens nessa primeira temporada e trabalhá-las melhor já seria um começo.

Mesmo com tantas críticas, não poderia deixar de elogiar o trabalho do anime em buscar pessoas reais da vida de Oda Nobunaga para representá-las no anime. Fiquei impressionado com o compromisso com a veracidade ao compor o elenco, trazendo histórias que realmente aconteceram. Isso significa que Nobunaga-sensei no Osanazuma é uma ótima fonte para você conhecer mais sobre Oda Nobunaga? Claro que não. Existem muitas outras obras além dessa com a mesma temática, e que provavelmente fizeram isso melhor.

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