Ao longo de sua aventura dentro do jogo, Makino tem sido um personagem cujas características mais marcantes são o seu poder de atração e a sonolência excessiva, que inclusive já o salvou em outras oportunidades – quem diria que dormir podia ser um feito tão útil.

O garoto também tem o seu lado observador, um lado que se importa com a dor do outro e se preocupa, em detalhes que só o seu olhar afiado capta. Apesar de nunca ter nada a dizer sobre si mesmo, ele sempre carregou dentro de si mágoas, mas é com os seus novos companheiros que ele aprende sobre quem é e o que vive.

A frase do título tem um sentido bem mais amplo do que sugere inicialmente. A aceitação de que falo, aqui se aplica de forma tal que ela tem uma ação dupla, porém a sua origem precisa ser uma só.

O “soneca” é um adolescente cujo passado o assombra constantemente, o impedindo de ir adiante e se tornar alguém mais aberto, porém o que ele busca não é algo que apenas as pessoas podem oferecê-lo, é algo que ele precisa entender e se dar, ainda que nem sempre os resultados dessa doação sejam como esperado.

As habilidades românticas que o personagem possui nunca foram algo exclusivo e um dom nascido, mas foi algo que ele acabou desenvolvendo por conta própria, advindo de seus sentimentos por uma amiga e a sua tentativa de exteriorizá-los. Makino estava em um ambiente familiar hostil e de pais que se enfrentavam constantemente, apenas esquecendo que eles tinham um bem comum e que precisava de seu carinho.

A presença da Sumire, que era sua antiga vizinha, funcionava como um alento ao rapaz, que cada vez se afundava mais em solidão. Ao perceber o que ele vivia, ela decidiu “abraçar” o pequeno amigo e dar a ele ao menos alguns poucos momentos de paz e calor humano. No entanto, esses curtos instantes foram o suficiente para que Makino desenvolvesse um amor inocente pela moça.

Algo que sempre achei curioso é a questão de como cada um decidiu entrar nesse jogo, pois cada um mostrou o seu eu, suas convicções e problemas, o que foi justificando aos poucos a necessidade que levou cada um a sua participação. Alguns aparentemente apenas foram por curiosidade (Iride), outros porque foram atrás de alguém (Yuzu e Zakuro), e o terceiro grupo é composto pelos que tinham problemas familiares (Himiko, Anya e Onigasaki).

No meio desse bolo os que chamam atenção são Makino e Karin – sendo essa última ainda uma incógnita -, justamente por se mostrarem pouco. Acredito que o garoto ainda pudesse se inserir nos que tem problemas familiares pois sua situação é grave, mas sua ferida é bem maior que só os pais briguentos.

O fato de Sumire não amar o amigo como ele esperava, criou dentro dele um buraco maior que a falta de amor dos pais. Partindo daquela experiência, ele entendia que ninguém era capaz de amá-lo e com isso, não sabia o que fazer para ganhar dos outros um amor que correspondesse aos sentimentos que tem por cada um.

Achei bem interessante a construção do desafio da semana, justamente por dar oportunidade para que esse problema fosse sanado e o rapaz alcançasse paz interna. Os mini clones dos protagonistas feitos com a base dos mimicrys – olha eles de novo, mas sem a violência – eram muito fofos e simulavam a essência de seus originais, precisando ser amados para salvarem os mesmos de seu “sono eterno”.

Entre os quatro, os que mais se destacaram foram Onigasaki, que tem ou tinha seu lado inocente e gentil, enquanto Makino ressaltou por permanecer isolado e sem dar chance a amizade dos demais. O estágio proveu uma oportunidade valiosíssima também no quesito Iride, que pode revelar um pouco mais da sua vida pessoal ao novo amigo na tentativa de salvar ele de si mesmo.

O dorminhoco assumia uma postura simples: ele desejava ser amado, mas para que se abrir, havendo a possibilidade de ser descartado ou ignorado novamente? É curioso ver que mesmo com toda a atenção que o grupo dispensa a ele, o menino apenas acompanha. Aqui entra Iride, que dialoga sobre suas memórias e a força que adquiriu quando aprendeu a aceitar as coisas.

Ele ensina sobre a importância de guardar o sentimento e crescer com ele, sem esperar retornos grandiosos, aprendendo a se contentar com aquilo que as pessoas podem oferecer, e se tornando forte com esse processo – o que sugere que talvez ele tenha vivido exatamente isso com sua família adotiva, que certamente tem suas limitações.

Makino podia não ser tão amado pelos pais, nem ser o amor romântico da Sumire – que ainda assim o ama do seu jeito -, mas assim como ela, existem outras pessoas que tem um sentimento verdadeiro e estavam dispostas a cuidar do seu coração mergulhado em sombras. Para que ele pudesse mudar e que seu desejo acontecesse, era necessário apenas de um único gesto: a aceitação.

Ele precisava aceitar a si mesmo, aos sentimentos alheios e a realidade da vida, entendendo que nem sempre tudo será como esperamos, porém ciente de que cada sentimento tem sua proporção e circunstância. Coube a Zakuro dar o golpe de misericórdia, demonstrando então sua sinceridade ao pedir para ser amigo dele. Com isso a equipe consegue a vitória, que para Makino certamente foi absoluta, pois ele ganhou mais do que qualquer um.

Paca deixa um momento de tensão no último segundo do episódio, ao observar misteriosamente Iride e citar que a hora boa vai começar. Ainda tem muitos mistérios a serem desvendados e infelizmente o anime não conseguirá resolver todos, mas acredito que até aqui, o que era necessário foi feito.

O anime adapta aqui do capítulo 25 ao 28, omitindo alguns pequenos extras do mangá que envolvem a Sumire e sua relação com o Makino, a família adotiva do Iride e por fim outros eventos mais importantes, mas que não poderiam ser mostrados, devido a falta de alguns acontecimentos que estão amarrados a eles – o que não faria sentido jogar de qualquer maneira, apenas para ter.

De modo geral gostei bastante do episódio e sua aura balanceada, o Makino finalmente foi desconstruído, os pequeninos foram demais – já estou sentindo falta deles – e tudo fluiu, agora é aguardar o desfecho desse game curioso. Agradeço a quem leu e até a próxima fase!

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