Respondendo ao título: não era para menos, o anime é uma porcaria, e eu assisti, eu gosto de sofrer… O mangá lançado pela JBC deve ser tão ruim quanto, com sorte um pouco menos ruim.

Aliás, esse filme até é melhor que o anime em uns pontos, em outros é pior, mas acho que isso se deve mais ao formato cinematográfico do que a história.  Ainda assim vale a pena ler sobre Ousama Game? Eu acho que sim?

Diferente do anime, o “herói”, Nobuaki Kanazawa, só ganha relevância do meio da trama para a frente.

Quanto menos Nobuaki melhor, então posso afirmar que gostei dessa mudança, apesar que de toda forma ele tem menos tempo para ser um “personagem” e o modo como a direção conduz as ações praticamente impossibilita que qualquer um tenha muito tempo de tela.

É um filme relativamente curto, só tem pouco mais de uma hora, e a produção é das mais amadoras. Enfim, antes de comentar algo da parte técnica acho melhor focar nas diferenças da história em comparação ao anime de 2017.

Primeiro que ele só adapta a história do Nobuaki com a Chiemi, que no anime é exibida apenas por meio de flashbacks, segundo que há um detalhe esclarecido que facilita para o público engolir o que acontece, quem é vítima do jogo tem sua existência apagada, só os colegas de classe se lembram da pessoa.

Me lembro que no anime ignoraram essa informação (espero não estar equivocado, faz tempo que vi, né) e só ela já me faz aceitar que aquela situação está acontecendo. No anime eu só “aceitava”…

Outro detalhe que gostei é que diferente do anime o filme explora menos as situações de cunho erótico que são ordenadas pelo Rei. Não lembro se o anime tinha ecchi, mas tenho quase certeza de que não era pesado, e o filme apenas joga as situações ali sem apelar para extremos.

Há beijo, há sexo, mas em off, e não há a situação ridícula da garota que o protagonista gosta transar com o amigo dele. Eu queria ter visto ele transar com o amigo, não obrigar outra pessoa a fazer isso em uma clara imposição machista.

Na verdade, não queria ter visto nada, mas se ele estava louco para salvar o amigo faria sentido, né. Enfim, dito tudo isso, ainda assim o filme tem um momentinho bem machista que me incomodou, é quando um garoto bate na namorada por ter transado com outro para sobreviver.

É sério que mais importante para o cara era a namorada permanecer fiel de corpo e alma a ele que sequer sobreviver? Ele até é repreendido, mas ainda foi pouco. A garota deveria ter terminado com um sujeito desses.

Infelizmente, sei que não posso esperar muito de uma franquia japonesa ruim, então afirmo que gostei dessa menor exposição, apesar da ressalva e de entender que foi assim mais por falta de tempo. Aliás, se ainda não assistiu o anime veja o filme antes, tomará menos do seu tempo.

Tocando o barco, a trama se desenvolve daquela forma tosca que a gente pode esperar de Ousama Game, e com direito a enquadramentos idiotas de câmera, poucos cenários, poucos personagens além dos alunos e praticamente nenhum background dado aos personagens. Tirando a Chiemi e o Nobuaki.

Sei que esse último ponto não se trata de um detalhe técnico, mas organização do tempo é e achei ruim a forma como o tempo foi aproveitado. A situação escala muito rápido e nenhum personagem além dos protagonistas mostra qualquer sinal de desenvolvimento. Aliás, nem eles.

Para não dizer que nem tentaram, a garota metida a esperta aparece mais, só que não fica claro o quanto ela sabia, como e muito menos o que a levou a chegar as conclusões que chegou. A personagem não foi desenvolvida.

Não que fosse adiantar muito mesmo se ela fosse. O forte de Ousama Game não são os personagens, nem o protagonista, o que a obra tenta vender é o horror advindo da situação que se desenvolve, que eu já acho idiota por mensagem de celular, imagina por cartas.

Mas não é como se o autor pensasse nos vários detalhes que complicariam essa forma arcaica de jogar. O autor só quer causar e até nisso…

Ele é ruim, Ousama Game é ruim, esse filme então, faz jus a todas as críticas feitas a qualquer outra versão anterior.

Apesar de que, repito, tem pontos dissonantes dignos de algum elogio em comparação ao anime, mas que também me parecem, assim como os defeitos piorados, mais um reflexo do formato live-action que uma mudança notável na história. O cerne é o mesmo, é horrível igualzinho…

Por fim, só posso comentar o desfecho da situação. O Nobuaki é usado como bote expiatório para tirar a atenção do verdadeiro Rei, apenas o fantoche de uma maldição felizmente não explicada, e me pergunto se isso era mesmo necessário.

Não importou o que fizessem, o Rei não se machucou, “morreu” e “renasceu” para participar de outro jogo e a mensagem que ficou é que você perdeu tempo acompanhando uma história mal escrita, mal produzida e mal “vendida” para quê? Para pensar que a vida é uma grande porcaria e no final nada vai dar certo, vai ser tudo em vão.

Aliás, essa talvez seja a maior (ou seria única) qualidade de Ousama Game, afinal, isso o torna conceitualmente muito bom. Eu não consigo me sentir impactado pelo final “triste”, mas de alguma forma saio desagradado por ter visto esse filme.

Não tem como você sair indiferente e você só sai feliz se for masoquista mesmo. Desculpa se você se ofendeu, mas é o que eu acho. Aliás, se leu até aqui saiba que tem meu respeito!

Até a próxima!

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