O passado não some da vida de ninguém e infelizmente em algumas situações a sua lembrança é bem dolorosa, mas é possível aceitá-lo e com isso criar um novo futuro. A Hozuki agora mostra que entende muito bem essa realidade e começa uma nova trilha, rumo ao avanço que já tinha iniciado quando decidiu abrir seu coração para o clube e o koto.

O pessoal agora possui novas metas e tem planos a seguir, de modo que depois dos últimos eventos, as relações pessoais estão encontrando seu ponto de equilíbrio e todos estão conseguindo se manter no lugar, para correrem atrás do sonho coletivo indo ao nacional. Kurusu parece finalmente ter achado uma forma de lidar com a sua nova paixão, assim como sua amiga encontrou seu foco.

O episódio em si é bem interessante porque esclarece mais detalhes do problema inicial entre a Hozuki e sua mãe, ainda acrescentando elementos que podem ter bastante impacto mais a frente.

A mãe da garota carrega um fardo tenso dentro de sua família e a grande pressão a fez mudar como já sabemos. No dia em que ouviu a música que ela tocava, suas palavras ressoaram negativamente no ouvido de sua filha e sua decisão a transtornou por completo – resultando nesses pesadelos que ela tem até hoje. Parei para pensar também no significado da frase “…seu koto é como uma arma…”, mas vou deixar as observações mais abaixo porque tem é coisa até chegar lá.

Takinami fez a sua escolha pelo solo dela, e entendo que isso se deva justamente porque ele capta a mensagem por trás da melodia, diferente da jovem que acha não ser capaz de alcançar ninguém – numa hipótese mais distante, talvez até a fez com a intenção de mudar o sentimento que estava preso ali, quem sabe.

O professor continua mostrando que se importa com o grupo e a dedicação dele é louvável, inclusive quando ele faz com que os alunos precebam que apesar de não terem talento, eles tocam com aquilo que faltam em muitos músicos: sentimento. Eles precisam melhorar? Precisam e isso é fato, mas ao menos com um poder eles podem contar e seu instrutor os mostra isso, trazendo junto a nova música com esse objetivo de mostrar ao mundo o melhor que eles tem a dar.

Sendo um instrumentista assim como os protagonistas, digo que é comum pessoas por aí tocarem no “automático”, assim como outros o fazem sem um sentimento claro ou específico. Nisso muitas vezes aquele indivíduo que está fazendo algo simples e sem muita técnica, apenas pondo o coração, atinge mais profundamente quem ouve, do que um outro repleto de conhecimento e talento – e isso não é discurso de obra shounen, é vivência.

A Hozuki nesse sentido me parece tão mais completa, que até o Chika percebe o quanto ela apenas cresce, conforme treina, entra em acordo com seu interior e externaliza isso. Uma parte que também gosto bastante no episódio é quando o rapaz se aproxima dela para conversar, porque ele esclarece exatamente a impressão que eu tinha e o que imagino que todos tenham sentido, incluindo a mãe da Hozuki.

Quando ele explica que seu som tem uma tensão, soando como um grito, vejo que foi exatamente por se parecer assim, que esse sentimento acabou machucando sua mãe – explicando a frase eterna dela.

Notem que durante o encontro necessário – por causa do clube e do desejo pessoal de reconciliação – entre ela e a chefe da família, a mãe dela se mostrou rude e implacável, mas ainda assim deixou evidente que não era monstruosa, somente amarga pelos dissabores que enfrentou sozinha ao longo dos anos.

Interpreto sua ação passada como a de alguém que sabia o mal que tinha feito a filha, vendo no seu “grito de desespero” uma lembrança desse mal, sem saber como se posicionar enquanto mãe e por estar sofrendo tanto quanto ela com sua situação atual enquanto pessoa. Talvez eu esteja bem errado, porém para mim ela obviamente não odeia a filha, mas entende que ficar perto dela seja um calvário para ambas de diferentes maneiras.

Falando em problema, aquela velha asquerosa que apareceu na mansão tem meu ódio a primeira vista – quiçá eterno -, já dando para notar que a presença dela é mais do que tóxica no meio daquele clã musical. Me pergunto se aquela infeliz tem alguma influência pessoal por ali ou vive apenas a sombra da filha igualmente pesada.

A Akira tem um olhar e voz sombrios, já me preocupando com o tipo de caos que pode trazer. Ela também transmite um misto de inveja e ressentimento fraternal em relação a Hozuki – mesmo não fazendo parte da família principal -, e sinceramente não sei se existe alguma proximidade entre elas, mas pelo visto a mãe da moça não foi a única atingida pela sua “arma” poderosa.

Torço para que no meio dos percalços o anime me dê a honra de ver o elo entre mãe e filha ser restaurado ainda nessa temporada – a última infelizmente.

Enfim, já deu para perceber que as novatas na história vieram prejudicar, mas a Hozuki cresceu e também não está mais sozinha, contando com amigos que sabem da sua dor e estão dispostos a lutar com ela. A garota agora persegue algo maior, estando no final a sua determinação acima de qualquer humilhação ou obstáculo.

Aguardo ansioso pelo episódio seguinte, agradeço a quem leu até o fim e nos vemos no próximo artigo!

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