Um episódio sem assassinato. Mas agora não é mais uma daquelas histórias sobre o passado de alguém. Na verdade, uma personagem icônica é apresentada. Irene Adler, a mulher que é capaz de desafiar Sherlock Holmes.

Confesso, esse episódio me ganhou. A Irene Adler não me lembra muito sua original, mas ainda assim conseguiram manter o essencial para esse episódio. O material original foi bem adaptado, pois o anime continua com suas estranhezas. Além disso, algumas coisas foram completamente combinadas, como por exemplo a presença do Mycroft Holmes. Mas no geral o episódio teve um foco muito claro.

Vamos falar um pouco sobre o Mycroft. Espero que esse personagem apareça mais futuramente.  Logo de cara, dando uma de clarividente, ele trouxe exatamente aquilo que o Holmes queria. Foi praticamente um estímulo para que este se dedicasse. Ainda que Holmes logo no princípio já tenha mandado o pobre Watson pegar o caso em seu lugar.

O Holmes ter usado o Watson para pegar o cartão de memória foi um tiro de sorte, já que ele dificilmente conseguiria entrar na casa. Foi graças a incompetência daquele cara dos óculos, que por sinal também tem habilidades de disfarce, que o nosso querido médico conseguiu entrar lá. Ele ter sido convidado para entrar dentro da sala onde estavam as bonecas (e o cartão) também foi outro imprevisto. Sherlock provavelmente fizera seu plano sem cogitar essa possibilidade, ainda que a tenha utilizado ao seu favor.

O Dr. John Watson, ou “Johnwa Kobayashi”, acabou conseguindo o cartão de memória com o auxílio de Holmes. Mas de volta ao começo, temos o Kobayashi vendo sobre as bonecas na televisão. Ah, Kobayashi, não esperava isso de você. E o final do episódio foi bem claro quanto aos usos indevidos de tais “entretenimentos”.

O marido da Irene e toda aquelas coisas com as bonecas foi muito a cara desse anime. Vamos lembrar que entre aquelas bonecas e suas versões para diversas nacionalidades, estava uma capaz de falar o idioma português. Confesso que aquele “Te amo” me surpreendeu. Enfim, vamos esperar que isso um dia aconteça. Futuro!

Brincadeiras à parte, fato é que o Sherlock estava todo aquele tempo por perto. E bem em nossa frente! Mas, ainda assim ele acabou sendo enganado. Isso demonstra a perspicácia de Irene Adler, ela é muito mais que uma carinha bonita. Sim, ela é muito bonita aqui, mas é muito diferente de como eu imagino e como em geral as adaptações buscam representar. Eu disse em geral.

E finalmente, até que enfim nós tivemos uma dedução de verdade! Ah, como foi bom. Não foi nada muito incrível, e não era algo que o espectador pudesse realmente deduzir, mesmo que o próprio Holmes tenha dito que não era uma dedução. Sim, aquilo não foi uma dedução. Mas a forma que ele apresentou seus pensamentos e sua lógica é a mesma das deduções, então, é um bom meio termo.

Esse episódio foi inspirado no conto Um Escândalo na Boêmia. Na história, é o rei da Boêmia quem pede o trabalho para Sherlock. Ele tinha tido um caso com Irene Adler, que mantinha consiga uma fotografia comprometedora, e como agora ele estava para casar esse era um momento delicado. Um momento perigoso. E no final, Sherlock falha e Irene foge com a fotografia. Essa é a primeira história em que Sherlock Holmes perde em um caso. E depois disso, ele mesmo que era descrente quanto as mulheres, sempre lembrara de Irene Adler como “A Mulher”.

Se no original temos um rei, aqui foi o modesto Mycroft Holmes mesmo. Aliás, nada modesto, pois no original suas habilidades são ditas como superiores às do próprio Sherlock, ainda que Mycroft não tenha a dedicação necessária para se concentrar e investigar um caso.  É preciso também dizer que Mycroft faz sua primeira aparição no conto O Intérprete Grego. Ou seja, ele foi encaixado aqui, e isso foi bem legal.

Por mais episódios como este!

Mas sobre o episódio agora. Nem o conto original é um mistério no sentido investigativo, pois ele tem suas próprias ambições. E veja só, elas foram muito bem captadas pelo episódio.

Ainda que uma das coisas que tenha faltado para esse episódio foi justamente um final. Na verdade, não entendi se Irene vai ter mais alguma participação ou o quê. Eu achava que ela iria sumir e não aparecer mais, enfim, talvez ela apareça no próximo episódio. Mas provavelmente ela terá no máximo mais uma ou outra aparição por aqui ou ali.

Enfim, esse foi um bom episódio. Teve muita coisa rolando, muitos personagens, mas todos tendo o seu papel. Diria que o Watson desse episódio é um dos mais interessantes até aqui. Ele é em geral um personagem bem mediano, mas até que teve sua participação nesse. Irene e Mycroft também foram interessantes, além do próprio Holmes.

Toda a narrativa passou de maneira agradável. Quanto aos elementos únicos e bizarros desse anime eu já me acostumei. De modo que posso dizer que esse episódio valeu a pena.

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