O ideal é que segundas temporadas sejam melhores que primeiras, afinal, se aproveitam de tudo o que fora trabalhado anteriormente. São continuações, né.

Bokuben chegou ao ápice nesse episódio cercado por drama, mas um drama que não me soou lá muito melodramático, pelo contrário, até conseguiu fazer com que eu entendesse melhor o pai e visse com mais simpatia o desfecho da situação.

Uma estrela brilhou nesse episódio e até eu, um urukista convicto, tenho que admitir, Fumino está na frente de todas as outras naquele tópico, se é que você me entende. É hora de Bokuben no Anime21!

Me incomoda menos o clichê da garota que quer ser prendada, quando este é usado para a comédia, do que quando essa situação tipicamente machista, de representar a boa esposa como se fosse uma empregada, é levada a sério na trama. Mas ok, é romcom, dá mesmo para esperar outra coisa? Sejamos realistas, não.

Claramente aproveitaram o trecho inicial do episódio para entregar muitas das cenas “românticas” que a situação deu abertura para que acontecessem. Até aí nenhum problema, pelo contrário, pois nesse episódio a Fumino e o Nariyuki se aproximaram ainda mais…

Mais sentimentalmente que fisicamente, digo, a “aproximação” física acabou sendo até consequência, o que naquele momento passava pela frustração e repulsa dela pela ideia de se reconciliar com o pai.

Me refiro à cena dela esfregando as costas do Nariyuki. Aliás, tenho para mim que posso ser ainda mais brando com meu incômodo, pois antes de mais nada a Fumino sentia que estava dando trabalho na casa de outra pessoa, então treinar para ser uma boa esposa provavelmente era só uma desculpa para ajudar.

É… pensando bem, deve ter sido esse o caso. De toda forma, a crítica que fiz a ideia errada de boa esposa continua sendo válida. A esposa não é boa porque sabe cozinhar, limpar, lavar, passar etc. Seguindo…

Se a gente dividir esse tipo de episódio, em que um conflito entre duas pessoas precisa ser resolvido, em três ou quatro atos, o primeiro sempre vai ser do fundo do poço, sempre vai passar a ideia de que não há solução; o segundo vai inspirar uma das partes a agir; e o terceiro vai ser a ação consumada.

O quarto ato aqui foi o “pós-créditos”, momento também reservado para solidificar o que comentei no início do artigo, que a Fumino parece bem mais a frente que as outras no que tece ao romance de fato.

Enfim, ela caiu no sono e foi excelente a conversa que teve com o Nariyuki a luz do luar e das estrelas…

Até na cena em que era pra ter fanservice o que tivemos foi feels

Mais uma vez o garoto mostrou a ela o quanto se importava, o quanto se interessava, o quanto queria apoiá-la, mas sem jamais agir por ela. E é isso que um bom professor, e também um bom amigo, faz. Não dá o peixe, mas ensina a pescar.

Conversar ali com ela, naquele clima, e incentivá-la a mudar a situação foi algo que teve um papel importante na jornada dela em prol de realizar seu sonho. Se um amigo acredita nela, se ela o motivou a acreditar, por que não poderia convencer ao pai que, por mais cabeça dura que fosse, ainda era seu pai? Para tanto ela precisava levá-lo a reconhecer sua convicção, mas também a perceber que a vida não é tão pragmática como imaginava, que o sentimento que ele admirava na esposa não era amor a matemática.

A pasta no notebook deixada pela mãe caiu como uma luva? Demais. Parece forçado a mãe ser bastante parecida com a filha, e não me refiro a aparência, mas na história de vida (ainda que a Fumino seja motivada pelo amor a mãe, não a um garoto). Em compensação, ela estava morrendo, então, o que mais ela poderia ter deixado para os entes queridos senão aquilo? Dane-se a tal tese, tinha coisa muito mais importante em jogo para aquela mãe.

Para a mãe da Fumino o mais importante era a felicidade das duas pessoas que mais amava e, com ela, com esse apego aos sentimentos que nos tornam humanos, veio a revelação de que ela não era um gênio coisa nenhuma, mas alguém que decidiu superar suas limitações por causa daquilo que a fazia feliz, que era ser elogiada e admirada pelo garoto que gostava. Um motivo que parece bobo, mas nem é, se pensarmos que foi o suficiente para fazê-la se dedicar e compartilhar ainda mais coisas com quem amava. Como não achar que ela foi feliz e que valeu a pena, que ela morreu realizada? Como não achar que pode acontecer o mesmo com a Fumino, que o desejo infantil dela pode contentá-la e trazer felicidade para sua vida? No fim, as duas mães se parecem ainda mais pelos caminhos que tomaram na vida e até isso não é exatamente uma forçação de barra, afinal, os genes são os mesmos. Só.

Tem os genes do pai também, né, que, aliás, teve uma grande surpresa com as revelações feitas pela esposa no vídeo, e em conexão a isso a direção também foi pontual na maneira como deixou transparecer o distanciamento de pai e filha, seu estopim (a agressão), como isso atormentava o pai e a dificuldade que ele tinha de se entender com ela.

Oi mãe da Fumino com suas revelações chocantes! Foi bom te conhecer!

Foi um choque as suas convicções. O que a esposa expôs e quando a redoma foi quebrada ele foi capaz de expandir sua visão e assim perceber que a filha o amava, não à toa pensou em dar o nome do pai a uma nova estrela mas, deixando isso de lado, tinha condições de seguir pelo caminho que escolheu para si.

O argumento de desperdiçar um talento não é ruim, longe disso, mas ele por si só não pode limitar o que a pessoa deseja fazer. Talvez uma pessoa medíocre em certo aspecto, mas extremamente esforçada em tudo que se refere a ele, é mais plena, e consequentemente útil para a sociedade, que um gênio.

Não se pode colocar os outros em primeiro lugar se a felicidade quem vai sentir é você, né, e é pensando nisso que as super dotadas buscam concretizar objetivos que são muito difíceis, mas não impossíveis!

Após a cena excelente da mãe se explicando em vídeo para a família (não disse que seria algo do tipo?) é que entra o Nariyuki, aquele que apoiou a Fumino e, sejamos honestos, tem muito para ser a pessoa especial que a mãe da garota cita. O autor vai ter que se esforçar dobrado se não for ele o par romântico.

Os dois se aproximaram ainda mais depois de toda essa confusão e a Fumino passou a ter ainda mais certeza de que ele é alguém com quem ela pode contar, o que, para mim, é a chave para um romance.

Até eu já tô me rendendo a prodígio da área de humanas…

É claro que a paixão não costuma andar de mãos dadas com o quanto uma pessoa é útil para você, mas a relação dos dois já passou e muito dessa “primeira camada” e chegou ao ponto de cumplicidade mesmo. Para dar certo você também não acha que ter essa cumplicidade é imprescindível?

Como o Nariyuki ainda não desenvolveu algo tão intenso com nenhuma outra das garotas, ao menos eu não percebi isso, acho coerente considerar que até essa altura a Fumino está na frente, bem à frente, na corrida pelo coração do protagonista, a qual, honestamente, nem me importa tanto após ter assistido um episódio tão bonito e bem feitinho como esse foi. Mas acho que você se importa, então opino.

Cito mais para ilustrar como achei esse mini arco bem feito, pois ao mesmo tempo que o anime flertou razoavelmente bem com um drama mais pesado, conseguiu aprofundar a heroína, a relação do protagonista com ela e entregar muitos dos clichês de um romcom sem se desprender do tema.

Até o pai se redimiu (agora o acho tosco devido a falta de jeito, o que é menos pior que escroto), a mãe do Nariyuki como sempre foi muito legal e o que posso escrever mais? Que amei demais esse episódio?

Até a próxima!

Você me diz que seus pais não lhe entendem, nas você não entende seus pais…

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