Koisuru Asteroid – Uma promessa feita sob o céu estrelado – Primeiras impressões
O título deste artigo poderia se encaixar bem num contexto romântico, não é? A escolha desse título não é por acaso, pois a parte inicial desse anime, propositalmente, remete a romances (ou comédias românticas).
Promessas costumam ser o ponto de partida em diversos tipos histórias, incluindo romances, claro. Quantas histórias de amor (ou de amizade) não sugiram por causa de uma promessa? Tal recurso narrativo serve de motivação para quaisquer personagens alcançarem seus objetivos.
Um acampamento de Verão é um cenário perfeito para que determinados sentimentos possam florescer. Com toda a certeza, o encontro, que se deu por acaso, entre Mira e Ao marcou a infância delas. Tão tal que os sentimentos florescidos foram regados com muito afeto por ambos durante anos.
Até aqui tudo leva a crer, caso não tenha visto Koisuru Asteroid (Asteroid in Love) ainda, que estou me referindo a um anime do gênero romance, mas, sinto muito em desapontar qualquer espectador desavisado, que essa obra, apesar da premissa muito similar a romances (quer seja drama ou comédia), vai para um caminho bem distinto. Caso você já tenha visto o anime, todo meu esforço para criar um “plot twist” terá sido em vão.
A revelação de que o Ao é na verdade uma menina não é surpreendente, afinal, tal informação está na própria sinopse, se não me falha a minha fraca memória.
É interessante que toda uma introdução sugestivamente romântica não passou de uma “isca” para os fãs de yuri/shoujo ai. Esse foi o “bait yuri” mais bem elaborado que já vi até agora. Toda essa história de promessa na infância serve para insinuar uma hipotética relação amorosa entre a Mira e a Ao. Uma curiosidade que chama atenção é que o próprio título do anime, que é o mesmo do mangá em que essa obra é inspirada, é um “bait yuri”, afinal, em tradução livre, Koisuru Asteroid significa “asteroide apaixonado”.
A revelação em si não estragaria um possível romance entre as garotas segundo as pessoas mais progressistas em relação aos costumes, mas para os mais conservadores, o fato da Mira e da Ao serem do mesmo sexo seria motivo mais do que o suficiente para que a ideia de relação amorosa entre elas fosse por água a baixo.
Todavia, não é uma mera questão ideológica que impede as garotas supracitadas de viverem um lindo romance, mas sim, a própria estrutura narrativa do anime que prioriza as insinuações e a subjetividade, criando um terreno fértil na mente dos espectadores onde as mais diversas possibilidades existem.
A “amizade romântica”, que é um tipo de relação que duas amigas nutrem uma admiração tão forte uma pela outra, chegando a assemelhar-se ou confundir-se com paixão, é um tipo de recurso muito comum para criar insinuações que na grande maioria das vezes (para não dizer todas) não chega a lugar nenhum na história, mas que nas fecundas mentes dos espectadores vão longe.
Mudando de assunto, mas ainda mantendo uma coerência textual, insinuações a relações entre garotas são comuns em animes de “garotas fofinhas fazendo coisas fofas”, que normalmente traz os mais variados temas para que suas fofas personagens possam apresentá-los ao público de maneira fofa. Os temas da vez são astronomia e geologia.
Não espero uma apresentação rigorosamente didática sobre tais temas, mas espero aprender um pouco sobre essas duas fascinantes áreas. No episódio de estreia, tanto a astronomia quanto a geologia foram deixadas de lado para dar lugar a uma outra coisa importante: a interação entre as personagens. Mais do que os temas abordados, se faz necessário um bom elenco que faça com que o público se importe tanto com as mesmas quanto a(s) temática(s) apresentada(s). No quesito elenco, Koisuru Asteroid não parece deixar a desejar, mesmo com personagens dentro dos clichês típicos desse tipo de anime, mas que são simpáticas e que possuem boas interações.
Com um ritmo vagaroso, esse anime possui uma pegada mais contemplativa, em que observar as interações dos membros do clube de “geociências” (ou astrogeologia, se preferirem) é tão agradável e fascinante quanto observar estrelas.
Um outro fato a ser ressaltado é a dificuldade, mostrada de maneira natural, de integração entre os grupos de astronomia e geologia. A rivalidade saudável vinda, especialmente, da presidente do grupo de geologia, que é a vice-presidente do clube de geociências, também é um ponto interessante. O fato do clube não ter muita verba e precisar reestruturar-se também serve como desafios para esse recém-formado clube.
Se Mira e Ao vão cumprir a promessa que fizeram no passado de encontrarem um asteroide e batizá-lo de “Ao”, talvez nunca saberemos, mas o que importa nesse anime não é o fim, mas o meio. “Meio” este que podemos de forma singela chamar de “fatia de vida” ou “slice of life”.
Obrigado a todos que leram este artigo, e até a próxima!