Logo no começo de Hataage! Kemono Michi nós temos uma excelente não apresentação ao mundo. Pois não há necessidade de explicações, aquele é um mundo padrão de Isekai. Mas claro, para Genzou Shibata, o protagonista, aquilo é mais que algo “padrão”, aquilo é o paraíso. Uma terra cheia de animais e criaturas antropomorfizadas (vulgo furry). A partir daí já dá para saber que esse não vai ser um anime lá muito normal.

 

Não mesmo…

 

Genzou parece preferir animais, mas seres com características de animais também são de seu agrado. É por esse mesmo motivo que Shigure e Hanako conseguem com tanta facilidade a sua simpatia. E é por isso mesmo que ele teve tão pouco interesse na missão sobre os orcs, por serem de acordo com Genzou “basicamente humanos”.

Aliás, esse é outro ponto interessante, Genzou faz parte de uma guilda de caçadores. E aqui temos a comédia de Hataage! em ação também. Na verdade Genzou vive atacando todos seus parceiros de guilda, inclusive personalidades importantes da guilda pelo simples fato de o chamarem de “assassino de bestas demoníacas”. Título que convenhamos é realmente injusto. E ainda, a aventura clássica dos isekais aqui é completamente desconstruída.

 

 

Não existe aquela coisa da aventura, aqui é tudo tomado como comédia. Genzou tem um amor pelos animais, e isso é usado como uma piada em diversos momentos da obra. Na verdade, essa própria ideia é uma grande piada. Pois o próprio Genzou foi invocado para combater as criaturas que decidiu se tornar amigo e mestre.

E aí é que entra o grande objetivo do personagem, abrir um pet shop. Aliás, objetivo é algo que essa obra carece. Uma hora ele quer só missões com animais, outra hora ele pega qualquer uma pelo dinheiro (pensando nos animais, mas dá na mesma). Uma hora é o objetivo de abrir o pet shop, outra fazer torneios de luta livre. Ainda que haja relação entre um e outro, narrativamente a obra não parece ir para lugar algum.

 

 

Infelizmente é muito difícil comentar a comédia e “analisá-la”. Eu diria que esse é um anime bem engraçado. Mas eu quero dividir essa “análise” em dois pontos: as piadas de personagens e os arcos principais.

Até certo ponto cada personagem tem piadas bem definidas. Quem já viu “Kono Subarashii” sabe que a obra também segue esse estilo. Aliás, uma coisa que atraiu muitas pessoas foi justamente o fato dessa obra ser do mesmo autor de Konosuba. Mas aqui as piadas não funcionam tão bem. Pelo menos não em tantos episódios.

Genzou é um fanático por animais, Shigure só pensa em dinheiro, Hanako é comilona, e Carmilla é fascinada por Hanako. Além da vampira estar constantemente bêbada e sempre a discutir com Genzou. Na verdade, os personagens tem vários tipos de cenas padrões próprias, e suas piadas conseguem fazer alguns episódios interessantes. Mas é bem limitada.

 

 

A história também segue diversos arcos e objetivos do Genzou. Um exemplo é que o começo segue um clima de aventura, mas não é aventura. É somente comédia para todos os lados. E boa comédia. Depois aparecem inimigos e acontece um torneio. Um dos episódios é dedicado ao vilão, Mao. Sim, o nome do cara é Mao. Sem comentários.

E aliás, esse é um episódio bem chato. E já no final, temos uma sequência de episódios monótonos até que os vilões apareçam novamente e aconteça um torneio. Exato, é a mesma sequência acontecendo novamente. Só que agora os inimigos são participantes desse novo torneio.

 

 

A história tem várias cenas de ação, mas tirando a cena da Hanako (que não aparece luta alguma), e mais uma ou outra exceção, todas elas são usadas simplesmente como comédia. E ainda tem as cenas do final também. Foi uma tentativa de criar um final agitado, o que foi alcançado, mas esse nunca foi o objetivo da obra. Então, até que foi uma sequência de cenas interessantes, e que embora nunca tenham abandonado a comédia, também não a privilegiaram tanto.

Minha conclusão é que as piadas de personagens não foram suficientes, nem de perto. E os arcos não deram tom algum à obra. A comédia é mais encontrada em cenas e episódios específicos que em arcos ou padrões repetitivos. Ou seja, a comédia é boa, mas não tem constância.

Hataage! teve uma produção e uma direção de qualidade. Em geral, nada lá muito excepcional, mas para a ideia do anime está de bom tamanho. E sim, a direção conseguiu trazer um tom cômico sempre que necessário. Por isso não estou destacando erros, mas sim dizendo que simplesmente nunca se sobressaiu. E digo mais, isso também vale para os personagens, os arcos, as tramas e o anime como um todo. Ele nunca se destacou, nem mesmo como comédia.

 

 

Claro, ele consegue ser um anime “diferente”, mas acho que já tem tantos animes estranhos, inclusive alguns muito mais estranhos, de modo que Hataage! não se destaca nem mesmo como anime estranho.

A média é a posição em que (para mim) esse anime pertence. Não digo que foi ruim, pois tem vários personagens diferentes. Acho até mais possível o classificar como acima do que abaixo da média. Mas ao meu ver, é lá que ele pertence.

Não preciso lembrar que é impossível julgar uma comédia com termos subjetivos como o quão engraçado eu achei. Só se pode julgar analisando características que o faz engraçado de algum modo. Logo, essa análise ainda é em grande parte subjetiva. E é justamente nesses casos que cabe ao curioso e interessado leitor assistir um, dois ou três episódios e chegar a sua própria conclusão.

 

Comentários