ID:Invaded – ep 6 – Andando em círculos
Você já sentiu que sua vida está andando em círculos? Acomodação, medo; o que levou você a tal ponto? Já saiu dele ou só entrou em um novo ciclo que se repete de novo e de novo? É hora de ID:Invaded no Anime21!
Para ser honesto, neste exato momento da minha vida estou tentando parar de andar em círculos. Estou conseguindo? Há perspectiva de um futuro diferente para mim? Não sei, o máximo que posso garantir é que a experiência que me levou a esse estado delicado é bem diferente da experiência que a apreciadora de snuff viveu. Aliás, chega a ser engraçado como ela veio a apreciar isso depois do que aconteceu com ela… Engraçado…
Enfim, Kazuta e Inami foram “vencidos”, mas não antes de uma boa luta, um momento que foi a chave para o ponto de vista apresentado no final sobre a personagem Handomachi, que a destrinchou de uma forma que eu não havia imaginado. É, pelo visto não tenho talento para ser um brilhante detetive, mas se tem algo em que me viro é divagar um pouco sobre o que eu assisto.
Handomachi tem um senso de justiça um tanto quanto questionável, para ela matar assassinos em série pode ser fonte de satisfação, não à toa a reação dela após agir em legítima defesa, mas de forma praticamente premeditada, foi se aproveitar da situação para obter a ultima fonte de dados sobre o caso. Um ato legítimo? Não sei ao certo, mas acho que não. Baseado em um impulso? Certamente. Respaldado pela razão? Também.
Aliás, a cena final inverteu minha impressão inicial da moça. Ela não é nada boba como eu imaginava, pelo contrário, o que faz mais sentido visto sua notável capacidade de dedução e frieza ao lidar com uma situação de risco de vida. Ela manipulou as ações de um assassino para matá-lo e assim destrinchar o caso por completo. É esse o preço que ela está disposta a pagar? Arriscar vidas humanas alem da dela e até matar se for preciso?
Foi o que pareceu, aliás, foi o que aconteceu. Alguém assim é perigoso de se trabalhar junto, então entendo o que o Matsuoka fez. Não foi nada pessoal, mas se ele sabe que ela tem potencial para os mergulhos, e assim potencial para se tornar uma assassina em série (potencial é uma palavra meio dura, vamos dizer que ela não tem medo de matar), a resposta a conclusão que chegou sobre ela me pareceu a melhor possível.
Não senti pena da Handomachi, nem acho que deveria, e com certeza gostei da experiência que foi ver a personagem ser construída até esse ponto, o momento em que é exposto quem ela realmente é. E já estava tudo lá para quem conseguisse pegar, nos mínimos detalhes. Fui incapaz, me desculpe a incompetência, mas talvez tenha sido melhor assim. Se tivesse sacado tudo antes será que minha experiência teria sido prejudicada?
Enfim, sem ter percebido me deixei levar e gostei muito do que vi, mas não só no que se refere a garota detetive assassina (talvez a futura protagonista do anime?), como também sobre a explicação mais clara dada quanto ao que é o John Walker e a própria experiência da Inami. Você também achou bizarro ela manter um relacionamento fisicamente distante de quem amava enquanto pedia para ele matar pessoas para ela ver?
Isso aconteceu porque a vida dela acabou ali, naquele trem, depois que a mãe se matou. Talvez por que no fundo ela a odiasse que seu gosto por snuff se desenvolveu? Não sei, mas isso me remete aos casos de pessoas que desenvolvem uma certa atração pelo ato da traição depois que são traídas. Isso acontece, talvez mais do que você ou eu imaginemos. Por quê? Não sei, mas isso não significa que as pessoas estagnaram, né…
Enfim, ó que quis dizer é que acontece de experiências traumáticas se tornarem fonte de prazer após um processo de assimilação confuso, principalmente se a pessoa não recebe nenhum acompanhamento psicológico ou não consegue ser ajudada com ele. Isso não necessariamente significa parar no tempo, mas nesse caso específico a analogia visual foi forte demais, tanto que ficou impossível não chegar a conclusão de que foi isso.
É como se a Inami tivesse estagnado no momento em que a viu a mãe morta e talvez repetir o contato com esse momento seja a forma distorcida que ela encontrou para não se despedir da mãe. Aliás, a Inami até se manteve como era naquela época no que tece aos seus relacionamentos (ao menos o que pareceu ser o mais importante para ela), já que a distância física do Kazuta parecia a mesma da adolescência para a idade adulta.
Ela não conseguia se libertar daquilo, quebrar essa volta em círculos, então acabou nessa situação extremamente bizarra, a qual culminou com a morte de quem ela amava e seu momentâneo desejo de matar. Este depois deu lugar a serenidade de sempre. E por que isso? Porque ela continua na mesma, ainda não conseguiu se libertar dos “fantasmas” que a perseguem, os quais, é claro, estão dentro de sua própria (sub)consciência.
Sei que é difícil apontá-la como vítima aqui e quase impossível apontar isso sobre ele, e também não é como se a Handomachi saísse ilesa dessa história, pelo contrário, mas não tinha escrito anteriormente que aqueles que passaram por experiências desse tipo, que são vítimas de assassinos em série, podem vir a desenvolver transtornos diversos? Como não dizer que, de certa forma, o Kazuta e a Handomachi não são vítimas “disso”?
Da experiência ruim que tiveram, o que dissocio do que eles fizeram com ela, até porque antes de ganhar um buraco na testa a agente já dava abertura a seu conceito questionável de justiça e quanto a ele, se o Kazuta amava a Inami bem antes de ter ganho seu buraco, não tem como achar que tudo de ruim só rolou por causa da experiência com o perfurador. Kazuta, Handomachi e também Inami, todos carregam suas próprias culpas.
A Inami também foi vítima de uma tragédia, e uma “particular”. Perder a mãe como ela perdeu dá margem a qualquer tipo de reação, infelizmente (ou felizmente para a trama), foi uma reação das piores possíveis… Antes de finalizar, não posso esquecer de comentar que nada de novo tenho a comentar sobre o Narihisago, mas, em compensação, foi ótima a conversa entre os agentes sobre o assassino que está por trás do John Walker.
E não só isso, também foi interessante a já esperada ligação que há entre ele e quem matou a esposa e a filha do protagonista, o tal “Desafiante”. Seriam eles a mesma pessoa? Ou trabalham em conjunto? Qual é o fio que conecta as peças desse caso? O criador por trás do Mizuhanome está envolvido? Ele está desaparecido, né, então há uma possibilidade de que sim, não só os dois, mas os três sejam a mesma pessoa. Mas por quê?
Por que matar a família do Narihisago? O que foi ganho com isso? Não que assassinos em série precisem de um ganho lógico além do prazer, mas será que o assassinato da família dele não foi pensado a fim de envolvê-lo em tudo o que compete ao Mizuhanome? Claro, isso só seria possível se a pessoa que matou tivesse uma forte ideia de como ele iria reagir, então sim, eu sei que não é tão simples de se chegar a essa explicação.
Mas depois da “volta” que deram com a Handomachi já não duvido de mais nada. Na verdade, espero por resoluções ainda mais intrincadas para os mistérios que permeiam a obra. De outra forma ID:Invaded acabaria como uma experiência frustrante para mim, coisa que não foi até agora. Acho que já escrevi demais, né? Já está na hora de me despedir. Antes só gostaria de fazer mais dois adendos.
Primeiro, haverá um mergulho em que o Narihisago conseguirá salvar a Kaeru? A cada semana fico mais convencido de que salvá-la não será possível e um final infeliz para o verdadeiro eu do brilhante detetive é só uma questão de tempo. Um final infeliz para ele, contudo, isso não significa um final ruim para o anime. Acho até que são duas coisas inversamente proporcionais, até agora nada apontou um paralelo entre elas. Nada mesmo.
Segundo, gostei de como a conversa dos agentes começou com bobagens e depois partiu para divagações mais perigosas e ao mesmo tempo mais palpáveis. De idiotas eles não parecem ter nada, né. Quanto ao John Walker em si, o lance da roupa dele me parece bobo, mas por se tratar do subconsciente me nego a criticar de antemão, prefiro esperar por explicações mais concretas sobre a forma como o enxergam e porquê.
Mas uma coisa é certa, alguma das suposições levantadas na conversa deve ser a certa. O anime é tão condescendente com o público que o dá todas as cartas para matar a jogada, até mesmo a explicando no final (como o que rolou nesse episódio). Você considera isso um defeito, mastigar demais para entregar ao público? Eu acho que ao menos nesse caso não, ID:Invaded faz um trabalho decente de aprofundar e esmiuçar as coisas…
Não à toa eu dei outro 10 para o anime, achei o episódio espetacular. No final ele até foi preenchido com um tom de melancolia condizente com o desfecho, sobre o qual não havia praticamente nada a se comemorar, do caso. Talvez só que a musa inspiradora do assassino foi presa e não poderá mais inspirar ninguém? Talvez só isso, porque comemorar a morte de alguém, mesmo que seja de um assassino em série, eu não comemoro não. Okay, só de vez em quando.
Até a próxima!