Que episódio bacana, ele retoma um pouco do foco na Chiyuki trazendo uma nova perspectiva para a personagem, enquanto expõe algumas ligações bem curiosas com as garotas desse núcleo. Aqui a história mais uma vez volta o dilema do talento e a obrigatoriedade de se fazer aquilo para o que “nasceu”, provando que todo caminho sempre tem duas vertentes e também depende muito daquele que o trilha.

Como suspeitei, a curiosidade da Igarashi na última vez não era algo bem intencionado e sinceramente fiquei sem entender o propósito de convidar a protagonista, apenas para humilhar a moça. Ao se buscar uma modelo, imagino que automaticamente toda a equipe da agência tenha acesso aos dados da profissional, então realmente ninguém se incomodou com a altura dela a ponto de mudar a garota?

Acho interessante que durante toda experiência que vai vivenciando, Chiyuki tem flashbacks daquilo que Shizuku lhe ensina, usando a sabedoria da agente para driblar seu medo e a hostilidade do mundo que escolheu. Infelizmente ela não se poupa, mesmo estando “calçada” contra qualquer novidade – e considerando que ela quer vencer, nem teria como.

Do outro lado fora dos holofotes, a Kokoro demonstra ser apenas uma casca vazia e sem vontade, itens esses que são um prato cheio para as concorrentes – que vão com tudo abalar o psicológico da modelo principal. No entanto, apesar do ar melancólico, existe dentro dela uma aura natural que simplesmente se adequa a beleza da personagem, mostrando toda a imponência que o mundo da moda deseja.

Para a Chiyuki ver alguém tão incrível é um choque, mas ao mesmo tempo o brilho da rival a fez entender bem o que precisaria passar, caso quisesse saltar ao próximo nível da sua carreira. A aura tinha a ver com o físico? Também, mas como a própria Shizuku disse, também estava em outras fontes que superavam a aparência.

O momento da discussão com a Igarashi é importante para a “gigante”, porque faz ela perceber que só irá adiante se ela se impuser e mostrar que leva a sério o que quer fazer. A Chiyuki se sentiu afrontada porque ela resiste, insiste e do seu jeito, tenta se manter de pé para conquistar respeito, mas e a Kokoro, o que está fazendo para que seu desejo seja respeitado?

Se bem lembrarmos até do festival ela ia desistir, se não fosse o apoio do Ikuto que por sinal salvou ela de novo no atelier do Yanagida – fator clichê, mas ainda funcional dentro do que está acontecendo. Pois bem, até então ela tem se mantido numa condição de submissão muito grande, se impedindo de apresentar quaisquer resultados que provem sua capacidade ou confirmem sua vontade de ser uma desginer.

Ao menos no final fiquei satisfeito que ela conseguiu se impulsionar e insistir em algo, tentando se desprender da sua covardia. Acho que assim como foi com o Ikuto, ela aos poucos vai acabar aprendendo que precisa ser mais agressiva e firme, se quiser sobreviver na vida.

Do outro lado, ainda que tenha uma superfície dura e implacável, a Igarashi começa a ser construída como alguém que sofreu por conta das escolhas que fez, fato esse que a faz ficar em cima da Kokoro. A agente sabe o que o futuro pode reservar por conta de uma obstinação e apenas tenta de um jeito torto defender sua menina.

Analisando esse pensamento dela, só consigo imaginar que ela fez aquilo tudo com a Chiyuki no começo, apenas para que ela acordasse para a realidade – um modo sacana, mas compreensível dentro do que a mulher acredita.

Foi bem legal descobrir que ela e a Shizuku já se conhecem e são da mesma geração de modelos, assim como a protagonista e a Kokoro também são. Curiosamente penso que a vida tratou de inverter os papéis para ambas, já que a situação de cada uma das meninas exige uma mentora diferente.

Shizuku é como Kokoro, a talentosa que decidiu tomar outros caminhos, tendo a experiência e a sensibilidade necessárias para guiar a forte e determinada baixinha. Igarashi por sua vez assume o papel da insistente sem talento, como a Chiyuki, sendo rígida e pé no chão para ensinar a frágil grandona como se superar.

Digo isso também assumindo que as jovens modelos tem o dever de ensinar as mesmas, coisas que elas esqueceram em função da dureza da vida – como acreditar que tudo é possível. A Shizuku ao menos já parece ter recuperado parte do seu espírito jovem vendo a luta da sua discípula, mas e a Igarashi como e quando vai ceder?

O anime deixou um gancho bem tenso para o próximo episódio porque é agora que os desafios começam. Ayano já começa a trabalhar com Ikuto e é interessante o seu diálogo com ele, porque destaca um possível problema na bondade e “coleguismo” do rapaz com seus rivais.

Todo o grupo principal está nas finais e a Kokoro finalmente deu o pontapé inicial, também avançando rápido – o que já mostra a que capacidade ela tem -, mas a saúde da mãe do Ikuto pode acabar virando um obstáculo ainda maior, o que ele fará com essas mudanças?

Runway de Waratte vem mantendo uma crescente boa de acontecimentos e que torna a história cada vez mais divertida de acompanhar, só posso esperar que o próximo episódio continue correspondendo a excelência do que tem sido entregue. Enfim, agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

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