Gal to Kyouryuu – Cagando e andando nas ideias – Primeiras impressões
Vim comentar essa peça bizarra e me faltam palavras para descrever com precisão o que assisti, porque estou confuso até agora. Sinceramente não entendi o propósito da abordagem feita pelos autores, mas acho que o termo do título – e que apareceu várias vezes em cena – representa bem a bagunça feita aqui.
O enredo central do anime se resume a mostrar o cotidiano de uma “gal” e um dinossauro que se encontraram aleatoriamente e começaram a viver juntos. Ainda que pareça uma versão evoluída do Blu (Mansão Foster para Amigos Imaginários), o bicho não fala e se comunica com a Kaede apenas por gestos e seu olhar expressivo.
Dentro disso, a forma como o episódio se dividiu me causou um certo incômodo e acredito que alongou e preencheu a obra de forma equivocada. O que poderia se fechar em 12 minutos acabou ficando com o dobro, através da mistura entre momentos 2D, sequências em stop motion e para fechar com chave de ouro, cenas em live action – que me lembraram o terror de Dimension High School.
A primeira metade do anime tem uma vibe mais fofinha – o que acredito que vai perdurar aqui -, usando de uma comédia sutil e que não te faz passar mal de rir, mas te leva a simpatizar com o quão desajeitados os dois protagonistas são juntos.
A Kaede me parece ser uma garota legal e descolada, que segue levando aquela vidinha simples e sem surpresas. Na verdade é até estranho a forma como ela ignora o fato de um dinossauro desconhecido estar dentro da sua casa, convivendo com ela diariamente como se fosse um pet – mal que não parece ser exclusivo dela, vide os vizinhos.
O dinossauro se mostra engraçadinho, porque ele realmente é muito pacífico e até bobão, mas como eu disse, expressivo. Diferente de sua companheira ele é muito reativo, se surpreendendo ou assustando com muito pouco, momentos esses que o fazem parecer mais divertido, mesmo não falando.
Apesar de ter gostado da dupla e achado bonitinho uma parte, não posso dizer o mesmo das esquetes curtinhas em stop motion. Nossa que coisa arrastada e sem graça, me dava vontade de pular, mas eu deixava porque enfim, uma hora ia acabar mesmo.
A segunda metade por sua vez é um live action que mostra a interação entre o Dino e o Mieharu, um homem velho que sabe se lá por que, tomou o lugar da garota na história. Essa parte definitivamente foi a mais sem noção e inútil, sendo ao meu ver a maior responsável pelo resultado mediano do episódio.
Para não ser tão injusto, acho que a atuação do senhor que fez o Mieharu é boa e a esquete dele não é exatamente ruim, ela apenas não faz sentido no conjunto. Primeiro pela quebra que a troca de protagonistas e o formato real causam, sendo essa última escolha tão estranha quanto o CG na animação. Por fim, o fato de ele repetir praticamente tudo o que a Kaede fez na sua esquete, salvo a cena da árvore de Natal – que teve um gancho ainda mais bizarro.
Bom, confesso que depois que soube que o responsável pelo projeto era o Jun Aoki, entendi o porque da insanidade vista, mesmo a obra tendo uma estrutura muito linear e simples. Esse diretor fez aquela coisa singular chamada Pop Team Epic – que muitos adoram, menos eu -, então já era de se esperar que ele fosse fazer alguma loucura do tipo aqui.
Julgando a parte técnica no que é possível, a arte é bem simples e pobrinha, mas casa certo com a proposta do anime, que também não exige quase nada da animação, ficando tudo ok. A abertura é uma mistureba doida de todos os estilos que comentei e o encerramento em stop motion é uma gracinha usando uma ideia bem interessante, já que joga a protagonista na era dos dinossauros, inserindo ela agora no mundo do Dino.
Resumindo, o anime parece bom, mas poderia melhorar se enxugasse o que não tá acrescentando a história – ou seja, metade dela. Como sei que o live action vai continuar, só me resta torcer para que ele não se resuma a repetir o que acontece no 2D. No caso dos curtinhas, não sei, deixo a cargo da criatividade do diretor, vai que ele surpreende.
Agradeço a quem leu e até a próxima!