ID:Invaded terminou falando muito em deus, fé e o número 7, além de ter chafurdado em um status quo questionável. O episódio final foi bem legal, mas aponta problemas que se não nos pedem fé para serem “engolidos,” exigem sim de nossa boa vontade enquanto telespectadores. Eu tive, o máximo que pude, e você? É hora de ID:Invaded no Anime21!

A primeira parte do episódio foi bem legal, questiono, porém, a opção de não terem aprofundado um pouco mais o chefe, um policial obcecado pela ideia de se tornar um deus. Isso ficou um pouco jogado, apesar de fazer certo sentido, ele não teria como ser deus de nada não fosse dentro do Mizunohame, então criou todo esse show para isso. Tudo em detalhes.

Mas foi desmascarado pelos brilhantes detetives, concluindo assim a parte “detetivesca” da trama. Só faltou maior contextualização, maior aprofundamento, para entender o John Walker, até porque, qual era a garantia que ele tinha de que o Momoki não atiraria na K/K (Kaeru/Kiki) e assim acabaria com aquele mundo? E nele, o que ele faria exatamente?

Apenas sentaria em cima da trama que construiu ao longo de anos e muitas mortes nas costas? Parece condizente com o homem com complexo de deus, mas um tanto sonhador em comparação ao que o anime vinha apresentando. No final, o vilão nem foi tão relevante, foi usado mais como um artifício de roteiro que qualquer outra coisa. E para quê?

Para causar um rebuliço e depois retornar ao status quo? Porque foi o que aconteceu. Em seu impasse Momoki não foi capaz de libertar K/K, fosse a dando um lugar para viver ou uma sentença de morte, então ela seguiu “congelada” no tempo, passando a sensação de que nada mudou. Okay, não existe mais um lunático manipulando assassinos em série, mas só?

Entre a “vingança” do Narihisago e um desfecho para a K/K confesso me importar mais com o segundo. E olha que o episódio reservou uma metade para cada, então o tempo não foi problema e sim a covardia do roteiro em dar o próximo passo. Em uma trama mais séria como a que ID apresentou eu espera por finais mais “viscerais” para os plot points da história.

O Narihisago mesmo seguiu a vida como antes, trabalhando na divisão sem gastarem uma cena sequer com ele pensando em tudo que aconteceu, eu imaginava que deter o John Walker fosse ser um momento divisor de águas em sua sofrida vida, mas não pareceu, exceto se supormos (não fica claro) que a Hondomachi o ajudou a querer seguir vivendo.

Suponho que ele ficou para cumprir o resto da pena, seguir com os mergulhos e pensar em como reconstruir a vida quando saísse da prisão, o que me incomoda é que ele aparentava ter sofrido demais para fazer isso sem muita dificuldade. Talvez ter passado um tempo com a família na simulação fez com que ele se reestruturasse emocionalmente? Só isso explica…

Mas o anime não explicou, então ponho na conta da manutenção do status quo. Com a K/K é pior porque ela seguiu confinada “trabalhando” em regime de escravidão (em circunstâncias bem bizarras, vale frisar) com a desculpa de que não tinha como evitar, não ainda. Aliás, se tem uma coisa em que o anime foi bom é em mostrar como os adultos são uns cretinos, né?

Primeiro, foi o velho asqueroso que raptou a garota e a confinou no próprio local de trabalho. Então, veio o tira que a procurou (ao menos é o que ele diz) só que não achou o que estava bem debaixo de seu nariz. Por fim, na hora em que ela já não aguentava mais sofrer a pedem para seguir sendo assassinada nos sonhos a espera de um “resgate” incerto.

Foi cruel demais com a garota e talvez por esse aspecto a obra tenha sido realista sim, mas nada ter mudado deve deixar o telespectador com um baita sentimento de incompletude (ao menos eu fiquei assim e acredito que muitos tenham ficado também), como se gastar tempo vendo o anime não tivesse preenchido as expectativas geradas ao longo da narrativa.

Pelo menos não as que o anime me passou a impressão que poderia corresponder… Enfim, esse final me decepcionou sim, mas tentei ver o lado positivo do episódio e, sendo assim, dá até para achá-lo bom, divertido. Entretanto, aquém, até carente da boa fé do público sobre coisas que não foram exploradas como poderiam. Ainda assim, achei o anime bom, se serve de alento.

Até a próxima!

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