Referência demais pode significar falta de conteúdo e foi exatamente isso que senti nesse episódio. Isso é uma pena, pois se há alguém autêntico na história do rock este é, ou no caso foi, Kurt Cobain, o líder da clássica banda de grunge, Nirvana, e bola da vez. Se ler um pouco sobre a vida dele concordará comigo. Ao menos um capitão deve estar orgulhoso de mim! Será?

Foi impressão minha ou teve uma breve cena em que bustos de compositores de música clássica tinham pinturas em seus rostos iguais ou semelhantes as de integrantes da banda Kiss? Alguém no Nirvana curtia o som dos caras? Não duvido, mas sendo o caso ou não esse foi só um exemplo das muitas referências do episódio. Essa nem incomoda, na verdade, nenhuma delas exatamente, mas…

O problema não é pegar nomes emprestados e muito menos forçar frases ligando o homenageado a trama, o problema é não dar o algo a mais, ainda que esse algo a mais nem seja assim tão profundo, para que o público reconheça a história dos novos personagens como uma criação autêntica, em um bom nível independente, que faça sentido sem levar em conta suas “influências.”

Não foi o caso da fofa Nir (uma óbvia abreviação do nome Nirvana), nem do cínico Hole (outra referência, dessa vez a banda de Courtney Love, viúva de Kurt), pois não foi problema entender que a garota não se encaixava na escola, difícil foi entender poque a sua vida chegou aquele ponto sem a mínima exposição de seu passado e, se não isso, contexto no presente.

O casal do episódio anterior passava por uma crise que traçava um paralelo com a relação da Mu e do Echo, dessa vez os protagonistas se separaram, só interagiram com os novos personagens e seguiram sua jornada após o clímax do episódio. No máximo agregou a trama saber que o Prince (melhor, a cópia dele) era amigo do Jimi, pois de resto não vi nada…

Nada que fizesse o relacionamento deles avançar ao menos um pouquinho. Sei que não é como se tivesse que haver uma evolução digna de nota todo episódio, mas a falta de “substância” dos secundarios pedia no mínimo por isso. Enfim, pelo menos a Nir acabou não se suicidando como o Kurt, pois toda a caracterizão dela lembrou muito o rockeiro para quem o conhece.

Conhece o que contam dele; seja em documentários, depoimentos de pessoas com as quais ele conviveu ou boatos espalhados no mundo da música (e, claro, suas canções). Nir não é exatamente pior e nem melhor que os personagens que apareceram até aqui no anime, ela só deu o azar de fazer parte de um episódio narrativamente pobre.

Aliás, outra informação válida foi a possibilidade de um Player se conectar a um amp que não é o seu, o que já prepara o público para uma diversidade maior de situações, coisa que já rolou nesse episódio. Não duvido que uma hora o VOX AC30 acaba destruído e isso estremeça a relação dos heroís, com a possibilidade da Mu se conectar ao amp do Jimi. Por que não?

Enfim, notei que as faixas instrumentais foram criadas para simular a pegada do grunge, som que consagrou bandas como o próprio Nirvana, e admito que gostei, caiu bem no episódio. Só questiono se precisava disso para “adornar” a coisa, se não foi uma opção que induziu o telespectador a “viver” a história de Kurt e não algo que deveria ter sido criado pensando nos personagens.

Por fim, Kurt Cobain trocou de sexo, mas manteve os problemas de quando era uma estrela do rock, menos mal que sua nova versão não acabou morrendo, seguindo seu legado de contestação e incompreensão. O Kurt que eu conheci e aprendi a admirar com a música se fez presente por meio da personagem Nir e estaria mentindo se dissesse que não curti um pouco ela…

Quanto ao Hole, sou indiferente, e é mais ou menos o que eu sinto pela banda. Entretanto, deixo para você, caro(a) leitor(a), uma música que praticamente é um símbolo da relação conturbada que Kurt tinha com a esposa, por muitos até hoje considerada mais nociva que edificante para o cantor. Você tem todo direito de curtir a obra, só indico não ignorar os erros dela por isso…

Até a próxima!

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