Desde que começou a sua carreira como artesã, a Arte vem em uma crescente constante de aprendizados e conexões, com esses completando de formas diferentes os pontos que ela precisa desenvolver. Esse episódio veio para mostrar um dos lados desconhecidos da sua profissão e não é que a menina me mostrou que tem jogo de cintura e esperteza para sobreviver ao mundo dos negócios?

O Leo tem um patrono de longa data e como ele mesmo diz, os dois estão amarrados por aquilo que entitula o artigo: um laço inevitável – na verdade é evitável, mas nenhum dos dois quer se largar, essa é a verdade. Achei que a participação do negociante veio a calhar, por mostrar mais camadas da personalidade do artesão, para além do cara sisudo e de poucas palavras.

Ele e Ubertino tem uma relação de proteção mútua encubada, que fica escondida atrás das grosserias e alfinetadas que direcionam um ao outro. No meio de toda essa resenha entre eles, vimos um protagonista bem reativo, opinioso e até mais sorridente – ele é uma figura com aquelas caras e bocas de preguiça e desinteresse.

Com o impasse a Arte decidiu intervir, exercitando suas habilidades como comerciante e adianto que o episódio fez isso muito bem, usando todo o arsenal que ela tinha em mãos, para fazer sua negociação realisticamente bem sucedida.

A participação da Veronica nessa vitória profissional me agradou, não só por poder vê-la novamente, como pelo fato de ela ser alguém com preparo intelectual e psicológico para lidar com todo o tipo de gente.

A cortesã era exatamente o que a aprendiz precisava naquele momento, aí eu volto a bater na tecla da importância que a personagem tem – como uma irmã mais velha -, para ensinar a sua amiga os “mistérios da vida” e outras coisas que a mais nova não sabe e nem o Leo poderia instruir.

Entre alguns dos tópicos levantados durante o episódio, eu destaco a lição central que Ubertino e Veronica trabalham na mente da protagonista, sobre a questão dos outros valores que a arte possui, mostrando o lado B de algo que apenas teria valor cultural e sentimental.

A Arte tinha um conceito muito “limitado” sobre o papel da arte – gente, é tão difícil escrever esses dois nomes sem parecer um trocadilho – e mesmo sobre ser artesã, não que estivesse errada, mas nós sabemos que nessa vida tudo é mais do que parece e ela começa a entender a ideia.

Acho que talvez o que eu mais tenha gostado nessas cenas é a forma crua e direta como eles tentam arrancar a ingenuidade dela. Uma ressalta o pensar grande e o outro dialoga com ela para explicar que ter algo não quer dizer gostar ou se importar, porém pode significar um “é útil”.

O fato de Ubertino não apreciar as suas próprias pinturas não denotavam um homem de menor valor ou insensível – até porque o resto do episódio deixa isso claro -, isso apenas demonstrava que as pessoas enxergavam e usavam de modos diferentes um mesmo produto. No caso dele isso ainda era mais comum, porque naquela época muita coisa girava em torno da troca de favores e das alianças – ainda gira, mas enfim.

Penso que no começo a menina ficou chocada com a revelação, só que com a sua política de valorizar a independência e o esforço individual, ela acabou entendendo o princípio da coisa, uma prova da maturidade que ela está ganhando conforme trabalha com diferentes personalidades.

Fora o trecho mais sério da coisa, confesso que ri um pouco com as loucuras da Arte e o velhote, porque ele é naturalmente rabugento e ao mesmo tempo gentil, se tornando palhaço como boa parte dos velhos animados – a dublagem dele também merece créditos.

A relação entre mestre, aprendiz e cliente foi outro elemento legal da história, pois mostra o vínculo forte entre essas três diferentes figuras que vieram igualmente do limbo. Pela semelhança física, achei que por um instante o Ubertino fosse irmão do mestre – daí “assumir” o rapaz -, mas acabou que eram melhores amigos mesmo o cabelo ondulado e a barba me enganaram.

No final os dois tsunderes só causaram por gostarem um do outro, assim como a protagonista percebeu e o caso se resolve. Por sinal, o próximo episódio parece que vai trazer a Arte disfarçada de menino novamente – talvez o Angelo apareça também – para realizar alguma missão, o que será que a aprendiz de artesã vai inventar dessa vez?

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

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