Nami yo Kiitekure – ep 8 – Nas ondas da rádio, aquela que faz os outros rirem tirando sarro de si
Mais outro episódio divertido (e nem tão sem noção, por incrível que pareça) da melhor comédia da temporada. E não é que a luta com o urso foi o terceiro programa? De agora em diante é só programa inédito, vamos ver o que o anime vai entregar, mas antes de pensar no futuro quero comentar o quanto o episódio foi bom e o quanto é importante tirar sarro de si mesmo. Eu sou cearense e se tem algo que sei fazer é mangar de mim!
A Makie ganhar tempo de tela e desenvolvimento pode não atrapalhar nem ajudar a desenvolver a protagonista, mas isso não é problema, aliás, acho até que torna a história mais realista e contribui para a comédia, e posso até considerar que a busca de independência dela dialoga um pouco com a aparente jornada da Minare contra os relacionamentos tóxicos e a favor de sua própria liberdade. Pode ser só exagero meu, mas faz sentido, né?
Enfim, independentemente da Minare foi legal ver a Makie desafiando as vontades do irmão e mostrando convicção para continuar assim. A cena dele atacando o coitado do Nakahara diverte, mas só comprovou tudo que a moça havia dito, então até me retrato por tê-la julgado mal (assim como fiz com o Nakahara), fui inocente, ainda não fazia ideia do subplot meio exagerado dela, mas nem por isso desprezível, afinal, ela criou asas e está voando!
O próximo episódio, em que o ex aparentemente 171 da Minare vai aparecer, deve ser um bom teste de fogo para o que venho comentando até agora no anime, que me parece muito uma jornada de autoafirmação de uma mulher de personalidade forte, mas sem nenhum objetivo bem definido na vida (ao menos não até fazer rádio). Wave tem muita piada e um roteiro bem criativo, mas também acho que a trama “fala” coisas sem dizer diretamente.
Essa, inclusive, é uma qualidade do anime (a qual se afirmará a depender do episódio seguinte), a capacidade de suscitar um desenvolvimento de personagem que flui por meio do seu dia a dia, das experiências que vive, tudo isso sem perder de vista a sua personalidade. A Minare não vai mudar seu jeito de ser porque faz rádio, mas é ao definir um objetivo para sua vida que ela vai deixar de perder tempo com coisas que pouco agregam.
Pouco ou nada mesmo, não engoli que o tal do Mitsuo não é um sacana só porque veio devolver a grana, devo esperar o episódio para entender o mal-entendido ou confirmar o probabilíssimo. Enfim, acabei pouco falando da Makie no final, para você ver como a Minare faz minha cabeça, mas o que posso frisar é que acho boa a forma como sua situação tem se desenrolado, favorece os momentos cômicos, mas também uma abordagem séria.
Como cereja desse bolo falta só saber exatamente o que ela fará a seguir, como definitivamente vai se livrar das garras do irmão e seguir com a vida. Ela entrou na trama fazendo cara de personagem de história de terror e é provável que termine o anime aprendendo a sorrir e caminhar com as próprias pernas. É um anime de comédia, mas não podemos perder de vista que é um bom exemplo, ainda que a intenção nem seja exatamente dar um.
Enfim, quanto a Minare, não foi de todo mal jogar o programa do urso para esse ponto da trama, não quando esse tempo foi usado com a Makie e a própria Minare em uma tentativa falha de gravação (faz sentido que algo assim ocorra pensando em sua situação e na pessoa que ela é) que realmente não deu liga, mas corroborou muito bem com a ideia do episódio, explicar o nome da heroína. Tendo o pai que tem dá para entender seu nome.
O velho é uma figuraça que faz você questionar o que dá para levar a sério no que ele fala, não à toa não engoli a história bizarra (a das três amantes) que contou ao explicar o nome da Minare, mas também duvido que seja como na explicação do trecho pré-cena final. Aliás, é impressão minha ou aquele era o Matou na juventude e a radialista que ele admira e o influenciou a apostar na Minare? Será que ele se interessou foi pelo nome dela?
É claro, o nome é a coincidência, mas nada sairia do campo da vontade se ela não tivesse tino para a coisa. Fazer as pessoas rirem é um talento, certamente é, não é todo mundo que consegue, ainda mais ao fazer piada com você e primariamente você, coisa que, inclusive, o pai dela fez com maestria. Ela puxou a tagarelice dele, é até por isso que duvido tanto da história, mas se for verdade não vou estranhar, é feitio do anime ter essas “estranhezas”.
Estranhezas essas que casam bem com a comédia pretendida e alcançada. Perceba que a Minare pode tacar o pau em x ou y, mas é sempre por algo que deriva de uma crítica a si, a comédia que ela emplaca diz ao seu púbico muito mais a respeito dela do que o que ela vê de cômico (ou que pode tratar dessa forma) ao seu redor, o que é uma forma legítima de fazer as pessoas rirem e nem é necessariamente politicamente correta.
A abordagem só é diferente do mais comum. Comento com conhecimento de causa que o humor tipicamente cearense é um que transita bem entre os dois casos; entre a tiração de sarro com os outros, sejam estes minorias ou não, e a tiração de sarro consigo mesmo, quem está na chuva é para se molhar. Por isso que me divirto tanto com a Minare, ela não é exatamente humorista, mas esse carisma transborda ao fazer suas palhaçadas.
Um carisma que ela carrega consigo desde a inusitada primeira cena do anime (uma pena que não passaram todo o programa de novo) e me dá a certeza de que ela cumpre bem o papel de divertir e emocionar quem a ouve. A personagem criada personifica uma mulher com talento e coragem para o trabalho, alguém que se dá muito bem no segmento peculiar em que aposta justamente por ser quem ela é. Sem mais, nem menos.
Acredito que a Minare saberá lidar com quem for que tentar lhe passar a perna e que ela vai usar os percalços da vida como inspiração para seus programas, ainda mais quando o velho dos roteiros está para sair da rádio. Sua jornada só está começando mais já vai bem, quem sabe ela até não ajuda a Mizuho a se entender com o Komoto (se ele gostar mesmo dela, porque o cara é meio estranho) e usa isso como base para um programa?
Até a próxima!