A conhecida frase do livro “O Pequeno Príncipe”, se encaixa bem na situação atual da Arte e seu trabalho em Veneza. Como tutora da Katarina, a moça encontrou oportunidades e delas fez o seu melhor trabalho, um que transcende os limites da relação servo/senhor e a sua função como pintora de quadros.

Em sua missão ela transformou o mundo da pequena nobre, sua mãe e mesmo o da Daphne – que simpatizou com o jeito despachado e alegre dela. Como consequência a sua bondade e empatia diante dos problemas da família, nada mais natural que ela se tornar um elemento importante e querido para os Falier – exceto o pai, mas até esse saiu no lucro com as ações da protagonista.

Katarina vê na Arte uma grande amiga – talvez até irmã – que lhe ensinou coisas importantes, mas que acima de tudo lhe deu carinho e amizade, então se interessa por tudo que concerne a garota e seus interesses. O problema é que como uma artista em ascensão, a Arte também quer focar o seu tempo na evolução das suas habilidades, porque precisa aprender mais e tem sede disso.

Essa dissonância entre as duas, faz com a que menor sinta sua falta e queira se inserir mais no seu dia a dia, o que culminou na sua ida a uma oficina. Achei curioso que a menina estava de fato interessada em tudo o que acontecia ali, se comunicando com todos e observando atentamente o quanto um profissional de verdade se dedicava.

Ainda que estivesse concentrada no serviço alheio, isso não a impediu de estar alerta ao seu arredor e notar as pequenas alterações que sua tutora estava começando a ter. A aprendiz finalmente chegou em um lugar onde não era rechaçada por ser uma mulher, mas além de ser bem tratada, também estava diante de uma pessoa que invejava os privilégios que ela tinha e que até então sempre foram sua maior fonte de conflito.

A intenção do Matei não era ofender, mas a forma como seu discurso soou, indicando que para ela era natural a vida ser fácil e tranquila, gerou uma confusão interna que ela preferiu resolver se provando ainda mais.

O homem estava trabalhando duro provavelmente há muito mais tempo e sem o mesmo reconhecimento, mas embora tivessem diferenças entre eles, o seu objetivo não era ser grosseiro ou diminuir a posição dela, mas sim fazer a personagem enxergar como ela teve sorte e foi feliz nas suas tentativas, por ser alguém que é uma raridade naquele cenário.

Observar os calos que ele tinha, se lembrar da sua história como artesã em Florença e agora comparando a nova fase que vive em Veneza – repleta de benefícios -, fizeram ela notar coisas que como uma profissional, a deixaram incomodada e todas essas dúvidas preencheram a mente sua mente, levando ela ao limite das suas forças ao tentar entender o seu papel dentro das diferentes realidades que estava vivenciando.

Como é alguém que gosta de lutar com as próprias pernas, a artesã se mantem firme e sem dar sinais, mas sem contar com a colaboração do seu corpo que acaba se rendendo. A Katarina estava ligada ao que acontecia perto dela, então sabia que algo a incomodava, mas esperou a abertura da moça para lhe contar o óbvio.

Gostei da intervenção do Yuri nessa cena, porque apesar da firmeza dele em repreender a Arte ter assustado um pouco, ali ele a ensinou a importância do profissionalismo, como ainda deixou claro que sua maior prioridade era a sobrinha, acima de qualquer um.

A postura da protagonista era compreensível, afinal todos tem o seu momento de “limbo”, mas ao focar somente em si, ela esqueceu o ponto chave do seu trabalho: agradar o cliente. De que servia ela ser a melhor pintora e tutora, se naquele momento ela apenas estava causando dor e incômodo aos seus patronos?

Felizmente ela aprendeu a sua lição e se corrigiu em tempo, entrando num estado de paz com sua consciência e se corrigindo perante a pessoa que mais prezava pelo seu bem estar ali. Como uma vitória paralela, a Katarina também decide se focar nos próprios estudos, pois ainda que queira aproveitar a companhia da amiga, se dedicar aos seus objetivos é igualmente importante se ela quiser ser alguém que faz o seu próprio destino.

Do outro lado da história, vimos um Leo meio fragilizado que sentia a falta de sua parceira de trabalho, mas insistia em não admitir. Foi até engraçado ver o modo como os outros atacavam a sua mente, trazendo a sua lembrança a existência da Arte e as mudanças que ela também causou na sua vida.

Ele sabe que é importante que ela cresça e por isso não atrapalha o seu desenvolvimento, mas também sabe lá no fundo que a presença dela na sua vida é indispensável, afinal se ela conseguiu quebrar a resistência que ele construiu durante anos em ter um aprendiz, um significado especial ela deve ter.

Agora o anime cria um dilema entre qual lado a artista deve escolher, pois o Yuri já lançou as suas melhores cartas para prender a artesã e na mente dela circula tanto a satisfação de trabalhar em Florença, quanto a oportunidade única de se alavancar em Veneza.

Será que o Leo vai se mover para “resgatar” sua pupila? Será que a Arte vai ficar ao lado da Katarina, ou vai voltar para os seus amigos da outra cidade? Enfim, todas essas são perguntas que apenas o último episódio vai poder nos responder.

Agradeço a quem leu até o final e nos vemos no próximo artigo!

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