Sempre que assistimos a um anime, tem aqueles com um final ruim, outros medianos e aqueles com um final que não só é bom, como ainda traz a tona o significado de toda aquela jornada. Arte se encerra aplicando o último caso a sua bela trajetória, mostrando os resultados de um aprendizado, o que foi ensinado e os que aprenderam com as experiências vividas. Todos gostaram? Não faço ideia, mas eu me senti recompensado com o que me entregaram aqui.

Com o final de seu trabalho como tutora e pintora, apenas restava a protagonista resolver o dilema sobre a sua permanência em Veneza ou o retorno a Florença. Sendo honesto eu achei que como se tratava de uma história de crescimento pessoal, o anime fosse manter um dos clichês e ela pudesse optar por continuar descobrindo as novidades mundo afora, pois em muitos casos é isso que acontece, a pessoa segue voando.

Para minha alegria ficamos com o clichê número dois e a Arte escolheu o retorno a suas origens. Vamos ser práticos, por mais legal que o núcleo da Katarina tenha se tornado, eles nunca vão ter o mesmo peso que a turma de Florença, tanto no lado artístico como no pessoal – eu gosto mais deles sim, não me julguem.

Apesar de Veneza ter lhe trazido muito conhecimento e algumas lições de vida importantes, eu vejo que o papel da personagem ali era realmente entender a fundo a sua própria situação, para assim elevar o nível do seu trabalho e encontrar um rumo certo, um objetivo para ele e si mesma – o que consegue no final.

No diálogo que ela tem com o Matei, isso se reforça, pois uma vez que ela entendeu o propósito do discurso dele, ela percebeu que não era o lugar que faria a diferença, mas o olhar que ela tinha sobre as coisas e como pretendia trabalhar com isso para seguir seu caminho.

Achei também legal da parte dele ter se desculpado com ela, mesmo não tendo a intenção de machucá-la, porque ainda que suas palavras não tenham incomodado, isso provou a sinceridade do homem e lhe deu uma oportunidade de se renovar, bem como fez a Arte reafirmar o seu propósito.

A despedida entre ela e a Katarina foi breve, mas não deixou de ter o seu impacto emocional, por conta do pedido que a aprendiz faz a sua amiga. O pedido de amizade e o agradecimento, simbolizavam o quanto uma era importante na vida da outra, com as mudanças que causaram entre si e o amadurecimento a que chegaram.

Em contrapartida no seu retorno, não posso dizer que o Ângelo e a Darcia tenham tido a mesma importância sentimental – ou mesmo a Verônica -, embora ambos sejam parte dessa trajetória. A Darcia é um caso interessante porque a forma como age, indica como ela e a Arte são próximas, o quanto admira o trabalho duro da amiga, porém em momento nenhum tivemos a oportunidade de entender como elas se uniram e como essa parceria caminha.

O Ângelo por sua vez é aquele amigão e companheiro de profissão, que aparece para dividir com ela as curiosidades do trabalho, mas ele também teve o seu papel de ir moldando o caráter da protagonista no começo de tudo. Fiquei satisfeito que o encerramento ao menos nos últimos segundos, deu um pouco mais de tempo a eles e um papel fundamental para o último grande ato dessa obra.

O Leo pouco apareceu por estar debilitado, no entanto o espaço que ele deixou foi mais do que o suficiente para dar a Arte o seu grand finale e a sua maior oportunidade até então. O painel da igreja me chamou atenção logo de cara, por ter desenhado na sua estrutura todos os que passaram pela vida deles dois.

A sacada do anime foi muito boa, porque representa bem a ideia da jornada, como eu falei no começo, porém tem um detalhe que não entendi. A própria Arte explica que ela pintou as pessoas que passaram pela vida dela, só que quem desenhou todos eles foi o Leo, então como ele sabia quem era a Katarina, a Sofia e o restante dos venezianos? – foi uma coincidência bizarra cujo resultado eu gostei.

Assim como os desenhos familiares, a Arte ter o apoio de seus companheiros pintores foi algo bem bacana, que confirma o quanto todos ali cresceram graças a coragem dela e a gratidão que possuem, pelo que puderam aprender e ganhar com essa vivência.

A chave de ouro veio com a participação da mãe da garota, mostrando que uma mãe de verdade nunca abandona um filho e que sempre é possível mudar, reconhecendo seus próprios erros e dando chance a essa transformação. Espero que numa eventual continuação possamos ver o que mudará nessa nova relação de mãe e filha.

Enfim, a artesã está de volta ao lar, o Leo ganhou de volta sua melhor aprendiz e todos em Florença a melhor amiga. O anime se conclui muito bem, redondinho, mas me deixando com aquele gostinho de quero mais.

Arte fez o seu papel e trouxe uma história coesa, personagens carismáticos e uma boa ambientação, encarando com decência o tema que propôs, ainda que não tenha sido tão profundo e denso quanto muitos gostariam. Acredito que de um modo geral – salve pequenos deslizes como o da Darcia – o rumo que a obra tomou ao longo do tempo foi o adequado e a experiência muito válida para quem aprecia animes desse gênero.

Agradeço a quem leu esse artigo e até a próxima!

  1. Nao gostei do encerramento do anime. Como é que Arte luta contra preconceitos, machismo e tudo mais e no final acaba se submetendo a Leo cmo se nada tivesse mudado mesm apos a viagem a Veneza? Ele ainda dá a entender que ira respeitar ela como pintora e ve la como aliada e na cena seguinte nada acontece. Detestei.
    Esta questao do Leo ter pintado todos os personagens e Arte falar aquilo foi puramente clichê.
    Enfim terminou um anime q estava gostando muito e q versava sovre o empoderamento e igualdade de direitos feminios mas no final decepcionou e tanto. Triste…

    • Angela, eu acho uma pena que não tenha gostado do final, mas eu entendi ele da seguinte maneira… As experiências e pessoas que a Arte conheceu, mostraram para ela a sorte que ela tinha e ao mesmo tempo reforçavam a necessidade de ela buscar o aperfeiçoamento pessoal para assim correr atrás do seu sonho – porque não era algo fácil. Voltar para o Leo não diminui o que ela é e nem a sua luta, mas demonstra humildade e maturidade da parte dela, se colocando como a aprendiz que ela ainda é, pois a Arte ainda não é uma profissional formada, ela apenas tem talento natural e dedicação.
      A cena final deles para mim só quis dizer que os dois estavam voltando a “rotina feliz” de sempre na oficina, não vi como um retrocesso, até porque não se desenvolveu mais nada, apenas ficou a brincadeira enquanto eles trabalhavam.
      Enfim, pessoalmente eu acho que o anime foi bem do começo ao fim e soube trabalhar a sua mensagem positiva.

      Obrigado pela visita e volte sempre!

Comentários