Tem algo melhor que uma digievolução? E antes de você responder com sabe-se lá o quê, podemos apenas nos lembrar das velhas aulas de matemática e multiplicar logo por dois. Aí a resposta fica fácil. Melhor que uma digievolução são duas digievoluções.

Uma das coisas clássicas do Digimon antigo era sua previsibilidade, em especial nas digievoluções. Quero dizer, cada episódio certos digimons iriam digievoluir, inclusive em uma determinada ordem, de modo que você sempre conseguia saber quando era o momento e de quem era o momento da vez.

A princípio pode parecer um ponto negativo. E acho que de fato, dependendo da forma como isso é feito pode se tornar na realidade anticlimático, ou apenas sem graça. Mas eu não considero o fato disso ser previsível algo negativo, na realidade isto é uma das coisas que dá graça ao anime.

Tipo, quando se escuta um conto de fada, logo após o “era uma vez” do início já se espera por um final feliz e quando ele vem se torna ainda melhor por já ser esperado. Esta é a natureza desse tipo de história, e esta é justamente sua graça.

Digimon é uma obra que já tem um final decidido, pois toda a história não passa da repetição de algo que já aconteceu como esse último episódio nos mostra. As crianças foram escolhidas, a sua história está traçada, seu destino está selado, é como se tudo acontecesse nas palmas da mão de algo chamado destino. E é mesmo.

Mas claro, é muito importante você conseguir combinar aquele destino traçado e completamente esperado com um bocado de complicações inesperadas. É dessa briga que sai uma boa aventura. E isso é algo que o antigo tem, e que o reboot ainda está achando seu caminho. E esses dois episódios me deixaram bem confiante de que ele é capaz de achar esse caminho.

Pude até imaginar a cena…

Mas ainda assim eu tenho que destaca algo que me incomodou, e muito. Que é o fato de que todas essas crianças são muito corajosas. Isso pode parecer banal, mas na minha visão é um grande problema. Uma das coisas que mais lembro do anime antigo é em como os digiescolhidos se sentem apavorados logo de início.

Todos esses problemas, essas tenções, todo o medo que sentem e ainda assim seguirem em frente com a sua jornada é algo importantíssimo da obra antiga. Aliás, por serem crianças ainda conseguem esquecer dos perigos e até mesmo se divertirem em alguns momentos. Esses contrastes também eram um ponto muito bonito do anime antigo.

Claro, alguns deles eram mais corajosos do que outros, a exemplo do Tai. Mas até isso era algo que destacava ele, e até agora o que nós estamos vendo é um bando de crianças que vão parar em um novo e misterioso mundo cheio de dinossauros e monstros e levam tudo na calma e na tranquilidade, como se aquilo não passasse de um piquenique.

E pior, não tem como mudar isso depois. Se agora eles estão tranquilos, vai ser muito difícil fazer eles se amedrontarem mais para a frente de uma forma que seja coerente. A não ser claro, medos mais objetivos como por certos digimons, mas não é sobre isso que estou falando.

Outra coisa, as duas digievoluções desses episódios foram banais. Ambas por ocasiões genéricas de defender os digiescolhidos e a si mesmos. Claro, nem todas as digievoluções do antigo eram bem colocadas, mas quando se decide alterar algo não tem como não ser cobrado depois.

Ainda assim, tenho que destacar que as duas duplas estão me agradando. A Sora e a Piyomon já são a minha dupla preferida outra vez, mostrando para o aspirante a tiranossauro rex quem é que manda. Resposta: é quem tem asas. Nada mais útil que um Digimon que sabe voar, é um excelente meio de transporte e ainda é de graça.

E sabe quem mais também voa? Kabuterimon, e aqui quero deixar claro o que é um grande acerto desse reboot. Sinceramente eu nunca liguei muito para o Izzy (Koushirou Izumi). Sempre foi um dos que eu nunca gostei muito, junto com o T.K (Takeru). Mas desde o primeiro episódio o Izzy vem sendo bem trabalhado.

Ainda que a cena da digievolução do Tentomon tenha sido deslocada da ação real, ela ao menos aconteceu com um personagem que já havia aparecido e mostrado sua identidade. O Koushirou parece um personagem muito mais importante e interessante do que no anterior, e olha que só tivemos cinco episódios. Ponto para o reboot.

Não tem como não comparar os dois animes, vou sempre fazer isso. Mas é preciso lembrar que a história dessas crianças ainda não começou, esse último episódio pareceu ser o ponta pé inicial, mas eu diria que talvez a jornada só deva de fato começar quando todos eles se encontrarem.

Espero que não tarde, mas com ou sem críticas fato é que essa história está bem interessante. Só tenho curiosidades quanto ao seu rumo.

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