Um episódio mais tenso que se aproveitou bem de algumas qualidades da história e da adaptação, mas também expôs alguns defeitos. Se nem tudo são flores para nós que assistimos um anime do MAPPA, imagina para o Yuuji e seus blue caps. É hora de Jujutsu Kaisen no Anime21!

O contexto da missão foi exposto no trecho anterior a abertura e ali deu para entender como o universo dos feiticeiros é precário, mas mais que isso, quem cuida das coisas é bem louco, porque não tinha como enviar garotos para a missão do feto amaldiçoado e não dar ruim.

Corria mais a chance de alguém morrer que qualquer outra coisa. Aliás, alguém vai morrer, mas você já deve ter se tocado do que vai rolar e de como isso não vai impactar tanto na história e nem teria como. É um battle shounen, no máximo figurante morre tão no começo assim.

E figurante morreu, dificilmente não morreria com o tempo que se passou e a perspectiva de metamorfose da maldição. Inclusive, outras maldições apareceram, provavelmente atraídas pelo dedo, e nada do que rola no reformatório deve ter sido por acaso (não lembro do mangá).

Mas antes de comentar os pontos importantes. Deu para entender bem o que é a cortina e o que é o domínio, né? A cortina é uma barreira para separar um espaço do resto do mundo e sua manifestação varia muito de usuário para usuário e finalidade (específica ou geral).

Já o expansão de domínio é uma técnica que usa energia amaldiçoada para criar um espaço no qual o usuário de jujutsu ou uma maldição podem usar suas técnicas em sua melhor forma. É como um time que fica mais forte dentro de casa. Analogia zoada, mas válida vai.

O primeiro ponto interessante desse episódio foi o contraste entre os trechos mais cômicos e o encontro com a morte, quando o bicho pegou para valer. Diferente do que a Marvel faz no cinema, a comédia teve seu momento e motivação bem definidas, mas mesmo assim dá para não gostar.

Eu não desgostei, mas confesso que não gostei também. As cenas terem ocorrido antes da maldição de nível especial aparecer se justifica com a falta de noção que eles tinham da gravidade da situação (por mais que tenham sido alertados) e a confiança com a qual estavam.

Porque mesmo encurralados e assustados em um primeiro momento, eles até lidaram bem com a situação. O que pega é que mesmo que tenha justificativa, ainda assim, dá para achar meio estranho. Eu vejo como um equilíbrio que não precisa ser sempre buscado.

Dá para ter episódios mais sérios e ponto, ainda que seja apenas o quarto episódio do anime. Por outro lado, já é o quarto episódio do anime e apesar de ter tido algumas coisas legais e gerado algum hype para o seguinte, não entregou tanto assim, eu esperava mais.

Inclusive, o trecho em que o Fushiguro, tenta emplacar uma lógica meio furada com o Yuuji não funciona muito bem, acho que não foram usadas as palavras certas, dava para justificar deixar o corpo ali sem apelar para “merecimento” ou não de cuidados de uma vítima.

Porque, independentemente do que ele fez, o detento foi uma vítima da situação. Não acho que o usuário de jujutsu seja tal qual um médico que precise seguir um juramento de tratar todos igualmente (até porque a coisa é mais complexa), mas fazer distinção por ser criminoso tudo bem?

Ele poderia ter dito que não era seguro carregar um corpo, que eles precisavam averiguar melhor a situação antes de fazer qualquer coisa, e melhor, ele poderia ter dito que nem todos terão a chance de ter uma morte digna por mais que o Yuuji se esforce.

Essa frustração era inevitável e o Yuuji começou a prová-la nesse episodio. Dar a ideia de que vidas têm valores diferentes pode até ser realista, e incomum para um herói de battle shounen, mas nem por isso devo achar cool se não há um argumento bem construído por trás.

Enfim, a separação da Nobara foi uma conveniência para manejar a situação. Pelo menos a maldição que a atacou a encurralou, porque de outra forma ficaria tudo meio estranho. Nenhum ali tinha nível para lidar com o nível especial, ainda mais só contra muitos.

Não que a maldição que a atacou seja de nível especial, afinal, o Fushiguro deu um jeito na situação após os esforços dela, mas não é estranho que eles peguem uma missão além de suas capacidades, repito, o estranho é que parece conveniente para dar um “baque”.

Isso mesmo sabendo o quão com as calças curtas estão os feiticeiros. Caí na conta das conveniências para avançar a trama? É, pode cair, mas mais importante que isso são outras coisas que ocorrem após a entrada da maldição e a tensão que vem com ela.

O Sukuna é um monstro com o qual você pode até se divertir, diria até que deve, e simpatizar como vilão, mas espero que ele nunca tenha uma “redenção” como acontece com alguns vilões de mangá e anime, porque ele é um ser horrível; um assassino, estuprador, etc.

Não dá para romantizar essas coisas ou atenuá-las com um passado triste, por mais triste que possa ser. Não que isso vá rolar em Jujutsu, duvido, só queria deixar clara minha posição antes de mais nada. De toda forma, ele é um vilão bem horrível no sentido divertido da palavra também.

Então a situação obviamente seria aproveitada por ele para ter alguma liberdade e maltratar o Yuuji. Eu gosto como sempre que pode ele ameaça e critica, deixando claro o quão detestável é, mas ao mesmo tempo também não parece mal apenas porque sim.

Digo, ele não demonstra uma predileção pelo mal e nem um grande objetivo nesse sentido. É apenas um humano que fez muitas crueldades em vida, deve ter uma baita história triste, e virou uma maldição poderosa, mas incapaz de se sobrepor a um moleque.

Tanto é que o Yuuji só sobreviveu a toda essa situação devido a essa capacidade e foi ela que o deu uma luz no fim do túnel em meio ao desespero de topar com um adversário contra o qual não tinha chance alguma. Ele até dá uma fraquejada, mas aguenta o tranco.

E é normal que hesite, fraqueje, beire o arrependimento. O Yuuji é muito jovem e foi jogado em um mundo perturbador de maneira abrupta, então é difícil processar as coisas, aceitá-las ao ponto de não se deixar abalar em sua convicção. Isso é até óbvio.

Aliás, Jujutsu não se livra dos clichês, diria até que nesse episódio alguns deles ficaram mais evidentes e isso não ajudou no decorrer do episódio, mas ao mesmo tempo também não atrapalhou tanto. São quase ritos de passagem para todo battle shounen.

O importante é o que sairá deles, se o peso de suas ações, de seus méritos e fracassos, de suas escolhas fará o protagonista mudar, amadurecer. É um processo, denota tempo, assim como momentos chave, quer sejam construídos com criatividade ou não.

Enfim, focando no trecho final do episódio, algumas coisas ficaram bem claras para o público: mesmo com apenas dois dedos o Sukuna já brinca com uma maldição com um (a quantidade de poder contida em um dedo é enorme), o Yuuji apagou e o Fushiguro tem uma carta na manga.

As duas primeiras ficaram claras, a terceira não, mas por que friso isso? Porque só assim para ele achar que pode dar um jeito na situação. O mais “estranho” é que ele tem esse trunfo, mas estava tão apavorado quanto o Yuuji e foi até menos útil no primeiro episódio.

Acredito que isso se deva a ele ainda não ser assim tão experiente, ainda que seja talentoso e tenha seu passado, que seja bem mais do que o anime mostrou até aqui. Sendo assim, não acho exatamente estranho que haja essa saída, ainda que não ache o melhor recurso narrativo.

Outra coisa que não achei péssima, mas desgostei bastante, foi o domínio do Sukuna. Não por conta dele, parece que vai ficar bonitão, mas custava darem um zoom? Talvez não tenha sido animado a tempo, o que é uma pena, pois ficou sem graça a cena em que ele o manifesta.

Sequer dá para vermos o que há de tão incrível nele e como o Sukuna demonstrou enorme desprezo e despreocupação com a maldição especial a ação não empolgou, a tensão se esvaiu (um pouco também pela capacidade dele de regenerar membros) e o final não foi pungente.

O Yuuji deu uma sumida, okay, mas a gente sabe que ele vai recobrar a consciência alguma hora, é só questão de tempo, então não tem nada com o que se surpreender com o clímax desse episódio, ele empolgou mais com a entrada da maldição, o feto que tomou whey e se achou o tal.

Algo que para mim deu uma prejudicada nesse clima do episódio foi a esquete de comédia que pode até divertir, não foi muito bem o meu caso dessa vez, mas não faz sentido existir em episódios mais tensos. Esse ficou no meio termo, então vou dar um desconto.

Não lembro se nesse arco ainda rola algo mais sinistro, mas certamente no seguinte ou no posterior não vai dar para ter uma esquete cômica dessas no final, ainda mais pelo tempo que ela toma de trama séria. Mesmo com 24 episódios uma hora esse tempo vai ser necessário.

Por fim, acho que os episódios anteriores se valeram bem de uma zona de conforto inicial, mas esse não conseguiu aproveitar o máximo possível dessa virada, porque, ainda que não seja tão grande, o tom da história mudou um pouco com esse episódio mais sério.

Acho que faltou um pouco mais de perspicácia a direção para tornar o episódio mais interessante. Não que tenha sido ruim, pelo contrário, ainda o achei bom, só que poderia ter sido melhor. Uma melhora na cena do atrito entre os heróis e na cena do domínio do Sukuna ajudaria.

Mas como é bem comum em Jujutsu, o arco continua. Esse não vai ser longo, mas o próximo (acho que ele) é realmente muito bom no mangá, vamos ver se a adaptação faz jus ao material original, né. Entre mortos e feridos o MAPPA tem dado conta do recado razoavelmente bem.

Até a próxima!

Comentários